Juazeiro do Norte (CE): Raimundão nega protestos contra ele no município

Após ficar, por quase sete horas, encurralado dentro de uma agência do Banco do Brasil, na última terça-feira, o prefeito de Juazeiro do Norte, Raimundo Macêdo (PMDB), afirmou desconhecer que o teor dos protestos no município, distante 493,4 quilômetros de Fortaleza, seja de descontentamento com a atual gestão e peçam a saída dele do cargo. Na manhã de ontem, o prefeito já estava em Brasília, para reunião com ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco.

O protesto, intitulado “Fora, Raimundão”, reuniu professores, estudantes e outros apoiadores do movimento descontentes com a administração do prefeito. Reforçado pelas manifestações que têm acontecido em diversas partes do Brasil, centenas de pessoas tomaram as ruas da cidade na tarde da terça-feira, 18. Segundo o prefeito, ele estava saindo do banco quando viu a movimentação e afirmou ter ficado lá para evitar exposição.

“Eu estava saindo do banco e eles iam passando. (A manifestação) não foi programada diretamente para mim. Havia um movimento geral, eles iam descendo para a Câmara Municipal”, afirmou o prefeito. Questionado se tomaria alguma providência diante dos protestos em Juazeiro, Raimundão, como é conhecido, disse que “quem tem de tomar providência é a Presidente da República”, pois os protestos estão ligados a questões nacionais.

O prefeito voltou a negar que houve redução no salário dos professores do município e que o pagamento adiantado do dia 28 para o dia 21 deste mês será a prova de que não haverá desconto. O encontro em Brasília, juntamente com o secretário de desenvolvimento econômico e turístico do município, José Roberto Celestino, deve tratar das obras no aeroporto de Juazeiro do Norte.

Saída conturbada
A retirada do prefeito do banco contou com a ajuda de um carro da Polícia e terminou em conflito entre manifestantes e policiais. Raimundão disse desconhecer conflitos durante a saída do banco. No entanto, na página do Facebook do protesto, diversas pessoas postaram mensagens de repúdio à ação da Polícia.

O estudante de Engenharia Ambiental do Instituto Federal do Ceará (IFCE), em Juazeiro, Marcos Vinícus, afirmou que, enquanto acontecia uma assembleia para decidir os manifestantes que entrariam para conversar com o prefeito, agentes da Guarda Municipal começaram a jogar spray de pimenta na multidão. No momento, alguns manifestantes reagiram, jogando latas e tintas. “Tentamos fazer um cordão para impedir a passagem do carro, mas a segurança, com truculência e xingamentos, empurrava os manifestantes”, afirmou.

Raimundo Macêdo deixou o banco quase à meia-noite, escoltado por policiais. O cerco impossibilitou o prefeito de estar presente na abertura do festival junino Juáforró, que teve início na noite da terça-feira com a presença da banda Aviões do Forró. O evento é uma das críticas dos manifestantes devido à verba milionária destinada para a realização.

A notícia do cerco ao prefeito dentro da agência bancária foi destaque no noticiário nacional e internacional. Jornais como o The New York Times, dos Estados Unidos, e Le Monde, na França, destacaram o protesto no Interior do Ceará.

Apesar da situação em que foi colocado pelos manifestantes, o prefeito afirmou estar “com a consciência tranquila”.

Jéssica Welma

Foto: Normando Sóracles / Ag. Miséria

Fonte: O Povo



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