Barbalha (CE): Produtores propõem cooperativa

Se o governo do Estado ainda tem dúvidas sobre o que fazer com a usina de açúcar e álcool Manuel Costa Filho, em Barbalha, que pretende arrematar em leilão público, na manhã desta sexta-feira, produtores rurais de cana-de-açúcar do Nordeste têm uma proposta pronta. A União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida) está sugerindo transformar o futuro empreendimento em uma cooperativa, a partir do apoio e estímulo do governo estadual na União dos Produtores de Cana do Cariri.

Adquirida a usina, explica o presidente da Unida, Alexandre Andrade Lima, o governo do Estado estimularia, por meio de uma Parceria Público Privada (PPP), a aquisição do empreendimento pelos cooperados, concedendo-lhes empréstimos de longo prazo e demais incentivos privados previstos em lei. Essa PPP, acrescenta Lima, pode ser formalizada também com a Petrobras ou com empresas privadas.

A vantagem da cooperativa, explica o presidente da Unida, é o estímulo que se daria aos produtores de cana de açúcar, sobretudo aos pequenos, para produzirem para uma usina que lhes pertence. "Eles produzem a cana, fornecem à usina e recebem o pagamento com valor agregado, já que a cana será processada e transformada em álcool ou açúcar, produtos de maior valor", explicou Lima.

Ele citou como exemplo a Usina Cooperativa Pindorama de Alagoas, que reúne 1.200 produtores e produz, sozinha, um milhão de toneladas por ano de cana-de-açúcar. "O problema é a gestão, que tem que ser profissional", reconhece.

Para o presidente da Unida, porém, o cooperativismo seria o modelo mais democrático e que, mais facilmente, estimularia o retorno da cultura da cana no Cariri. "O atual arranjo produtivo da cana para abastecer engenhos de rapadura e de cachaça está falido", opina.

Histórico
Segundo Alexandre Lima, a proposta de transformação da Usina Manoel Costa em uma cooperativa já foi apresentada ao governo do Estado, há dois anos, durante a Exposição do Crato. À época, lembra, ainda se vivia o dilema do que se poderia fazer com o "empreendimento".

As atividades da usina foram paralisadas desde 2004, com R$ 126,54 milhões em dívidas, sendo R$ 3,39 milhões com empresas de energia e bancos; R$3,66 milhões, com a Sefaz-CE, R$ 14 milhões com a Fazenda Nacional, R$ 16,6 milhões com o INSS e R$ 2,34 milhões com o FGTS, além de R$ 23,5 milhões, de dívidas trabalhistas. Encaminhá-la a leilão, explicou Lima, foi uma forma encontrada pela Justiça, para tentar atrair compradores ao empreendimento, avaliado em cerca de R$ 25 milhões.

Após dois leilões desertos, a usina volta a ser leiloada, podendo ser arrematada hoje, pelo lance mínimo de R$ 15,48 milhões, conforme já sinalizou o governo do Estado. Se isso ocorrer, os dois sócios atuais, os irmãos Carlos Henrique Maranhão e Fernando Maranhão, perderão o imóvel e ainda terão que arcar com a dívida restante.

Dados da Unida revelam que a usina já respondeu por 4% do PIB do Estado e chegou a adquirir, na década de 1990, até 358 mil toneladas de cana de açúcar, reuniu 1.100 pequenos fornecedores de cana e empregou1.600 trabalhadores.

Em 2012, o Estado do Ceará produziu 2,21 milhões de toneladas de cana de açúcar, volume que deve recuar este ano para R$ 1,82 milhão de toneladas, conforme estimativa de safra do IBGE. O Nordeste produziu no ano passado, R$ 52 milhões de toneladas. A reportagem buscou a Adece para avaliar a proposta da Unida, mas não houve retorno.

CARLOS EUGÊNIO
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste



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