Barbalha (CE): O santo Pau da Bandeira

Os festejos populares ligados a religiosidade são, ainda hoje, uma das marcas mais expressivas da nossa cultura, fonte inesgotável de estudo sobre as raízes e influências que atravessam a construção do povo cearense. O Caderno 3 de hoje mergulha na inebriante Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio, em Barbalha, para revelar um pouco desta tradição e dos personagens que driblam regras da Igreja e, em um misto de rituais sagrados e profanos, homenageiam o santo padroeiro da cidade.

Nasceram aí figuras originais como o capitão do Pau da Bandeira, coordenador do cortejo; os carregadores do Pau, "guerreiros" que arriscam a vida para levar troncos de mais de duas toneladas da encosta da Chapada do Araripe até o largo em frente à Igreja Matriz; o doador da árvore, proprietário de terra que cede ao sacrifício uma de suas arvores centenárias; os manipuladores da máquina que ajuda a hastear o tronco. Também, aproveitando a fama casamenteira do padroeiro, permeia o imaginário do município a figura da solteirona, com seus chás e simpatias distribuídos nas quermesses aos que buscam encontrar sua alma gêmea; os grupos de tradição que desfilam ao longo da Rua do Vidéo, mostrando a força e exuberância cultural da região; a banda de música que anima cortejos e procissões; a carroça com a "Cachaça do Vigário", que serve de anestésico e encorajador aos carregadores do pau; as famílias que recebem a imagem do santo em casa, revezando sua guarda a cada noite.

Até mesmo o responsável pela queima de fogos ou por prender o santo ao andor é importante. São empresários, comerciantes, donas de casa, agricultores, motoristas, médicos, cidadãos comuns, que abandonam seus afazeres cotidianos para, por alguns dias no ano, assumir um lugar no ritual.

Para prestar tributo em devoção ao santo, tido como caridoso e rápido em suas intervenções, que atente pelo popular nome de Antônio.

Fonte: Diário do Nordeste



AddThis