Crato (CE): Bonequeiro roda a América do Sul

Rodar toda a América do Sul em uma bicicleta. Essa é a aventura do bonequeiro colombiano, Juan Carlos Guzmán Vélez, que agora está no Brasil, mais especificamente na região do Cariri. Em sua pequena bagagem, além dos poucos objetos pessoais, o artista leva apenas o desejo de proporcionar momentos de alegria e descontração às crianças e observar sociologicamente o cotidiano de cada localidade. Há mais de 15 anos, o artista aprendeu a arte de manipular fantoches e com isso, por onde passa apresenta o espetáculo de bonecos "O espantalho".

No Crato, a peça pôde ser vista até ontem, por aproximadamente 200 crianças que foram ao auditório do Largo da Reffsa. Mas, ainda haverá uma outra apresentação já no próximo sábado, desta vez na sede da Companhia de Teatro Brincante. Os ingressos poderão ser adquiridos no local.

O enredo de "O espantalho" aborda temas e questões sociológicas através de uma estória para o público infantil que acontece no milharal, onde o pequeno espantalho faz muito bem seu trabalho, porém, fica sozinho no momento de ter que enfrentar ao seu terrível inimigo.

Então, descobre que precisa dos outros para salvar sua vida e com ajuda da plateia e de alguns outros bichinhos da roça tenta afastar o fogo. A obra é baseada em um conto argentino, do escritor Ricardo Lista.

Lúdico
O espetáculo tenta extrair elementos teóricos de expansão de um objetivo puramente educativo do projeto, aplicados aos processos de construção do aprendizado e compreensão dos conceitos da cidadania e amizade.

Para Juan Carlos, arte lúdica contribui para o desenvolvimento cognitivo e é capaz de sensibilizar as crianças e possibilitar outras formas de leitura do mundo. "A magia dos bonecos é o que chama a atenção das crianças. Acredito que eles estão mais próximos do mundo imaginário infantil e com isso, a gente consegue estimular os sentimentos e o aprendizado, que são as características principais do trabalho", revela o artista.

Com a técnica teatral, além de propiciar momentos de cultura e descontração para comunidades distintas, o profissional que estuda Sociologia consegue conhecer novas realidades e entender as problemáticas de cada região dos países por onde passa.

Assim, conforme diz, vai acrescentando pontos específicos na estória de "O espantalho", onde as cenas mesclam o encanto pelas marionetes com o drama vivido pelo personagem central da trama.

Através da interação com a história, as crianças vibram a cada ato e os bonecos debatem os temas que elas podem vivenciar no cotidiano, como o meio ambiente, a solidariedade, os valores da vida e até a escassez de comida no planeta.

Experiência
O projeto de viajar o mundo levando a arte surgiu após Juan Carlos vivenciar uma experiência em um grupo do Movimento Sem Terras, no Estado de São Paulo. Diante das dificuldades em traduzir a luta dos adultos para o entendimento das crianças, ele criou um método próprio para se comunicar com os pequenos. Por acreditar que, de forma lúdica, os bonecos poderiam passar mensagens construtivas, apostou na montagem do teatro de fantoches.

Mas, viajar de bicicleta acompanhado de uma carrocinha e em cada parada produzir arte não é uma tarefa simples. Geralmente, o artista precisa contar com a parceria de entidades, pessoas e órgãos públicos que trabalham em favor do desenvolvimento das artes e da cultura.

Ele dribla as limitações cênicas encontradas em cada cidade, com seu próprio equipamento de palco, som e iluminação que pode ser montado em qualquer ambiente. Apesar de não ter uma data definida, o teatro móvel ainda poderá será montado em outras cidades do Ceará, como Nova Olinda, Tauá, Crateús e Ipueiras. Isso dependerá apenas dos contatos das Secretarias de Cultura dos municípios.

Mais informações
Companhia de Teatro Brincante
Rua Nelson Alencar, 420
Centro - Crato
Cariri
Telefone:(88) 8801.0897

YAÇANÃ NEPONUCENA
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste



AddThis