Cariri: Exposição e peça sobre Frei Tito de Alencar

O terror e o drama da Ditadura Militar no Brasil é exposto de forma aberta e com debates que trazem à tona uma realidade pouco levada às salas de aula. E a entrada para conhecer essa realidade está nos municípios do Cariri, passando por Juazeiro do Norte e Barbalha, com a exposição "Sala Escura da Tortura", em cartaz no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBN - Cariri), até o dia 18. De 22 de maio a 8 de junho, na Biblioteca Pública de Barbalha, no histórico Casarão Hotel.

A peça tratando da temática será encenada no teatro Neroly Filgueira, durante o final de semana, com debate sobre o tema. O projeto trata de um personagem que se tornou símbolo internacional, Frei Tito de Alencar, preso e torturado pela ditadura.

Segundo a coordenadora do projeto "A Estética da Denúncia: o Encontro do Teatro com a Pintura", Lúcia Alencar, a exposição faz parte de um trabalho maior, o "Marcas da Memória", da comissão de Anistia do Ministério da Justiça, em parceria com o Instituto Frei Tito de Alencar.

Exílio
Na ´Sala Escura´ estão à mostra sete telas pintadas a óleo, inspiradas nos relatos de Frei Tito, durante o seu exílio da França, onde se expõe de modo realista a forma que os presos políticos eram torturados no Brasil.

A exposição está aberta à visitação gratuita na Galeria de Exposição do 4º Andar do (CCBNB Cariri), desde o último dia 9 de maio. Também já passou por Sobral. Segundo a coordenadora, esse ano, o projeto passa por várias cidades do interior, principalmente do Ceará, além de Sousa, na Paraíba.

Mas esteve também em capitais como Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e no Distrito Federal, em Brasília, além das cidades cariocas, Niterói e Petrópolis. Também passará por Sousa, na Paraíba. A mostra faz parte dos vários eventos comemorativos por conta do 7º aniversário do Centro Cultural Banco do Nordeste - Cariri, e reúne as telas do acervo do Instituto Frei Tito de Alencar, pintados a óleo pelos artistas Julio Le Parc, Gontran Guanaes Netto, Alejandro Marcos e José Gamarra.

Apresentada originalmente em 1973 no Museu de Arte Moderna de Paris, a exposição denuncia a tortura.

Peça
A peça que expõe a temática será exibida no teatro de Barbalha, nos dias 17, 18 e 19, para estudantes e público em geral, para pessoas acima de 12 anos, e a exposição 16 anos.

O projeto das apresentações na cidade tem o apoio da Secretaria de Cultura. Depois da peça, haverá um debate na sexta-feira, às 15 horas, e a apresentação estará voltada para estudantes. O público poderá participar dos debates, no sábado e domingo, às 20 horas.

De acordo com Lúcia Alencar, a intenção da peça é promover um diálogo relacionado principalmente a esse momento, da justiça de transição, que vem depois da ditadura, e da atual discussão sobre a instalação da Comissão da Verdade. Ela destaca a oportunidade de poder possibilitar a reflexão sobre o tema aos estudantes, nesse momento, de um passado recente da história do Brasil. "Nós vivemos um Holocausto no Brasil. Isso não aconteceu só em outros países", afirma.

O projeto, conforme a coordenadora, potencializa a discussão sobre o tema, principalmente por trazer o assunto de forma muito forte. Para Lúcia Alencar, o que aconteceu com Frei Tito não foi uma exceção, mas uma regra, em que muitas pessoas no Brasil passaram por torturas. "Essa é uma maneira que encontramos pela arte de abordar a questão e tem surtido efeito. As pessoas não sabiam que isso acontecia no Brasil e não se vê isso na escola", destacou.

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste



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