Tomate é o vilão da cesta básica no Cariri

O custo da cesta básica na Região Metropolitana do Cariri (RMC), composta por nove municípios, calculada em março deste ano, chegou a R$ 269,64. Foi menor do que o custo registrado em Fortaleza, de R$ 280,69. Dos municípios pesquisados no Cariri, o maior valor foi registrado em Crato, de R$ 275,97. Já o menor, na cidade de Jardim, que ficou em R$ 241,73. Segundo o coordenador das pesquisas, professor Aydano Ribeiro Leite, o que tem influenciado a alta dos preços nas cidades pesquisadas ainda tem sido o insuficiente regime de chuvas, mesmo com o aumento da pluviometria neste mês, além da alta do tomate, que continua sendo o vilão dos preços dos alimentos.

A pesquisa é resultado do trabalho desenvolvido por meio do curso de Economia da Universidade Regional do Cariri (Urca), sobre o cálculo do índice do custo de vida e da cesta básica na RMC, realizada com a participação de 40 alunos. A metodologia utilizada para cálculo dos gêneros alimentícios é a aplicada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o mesmo realizado nas regiões metropolitanas do Brasil. Uma das condições que se observa, segundo a coordenação da pesquisa, é que o Cariri segue no mesmo ritmo de oscilações de preços observado nas capitais brasileiras.

O valor da cesta básica que incide sobre 12 produtos da mesa do consumidor de baixa renda, foi pesquisado em cerca de 50 estabelecimentos comerciais, das nove cidades da região. Antes, esses preços eram avaliados nas cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. Agora, além desses municípios, são avaliadas as oscilações nos valores dos produtos nas cidades de Jardim, Missão Velha, Santana do Cariri, Nova Olinda, Caririaçu e Farias Brito. Nesta cidade, o custo para aquisição da cesta básica foi de R$ 259,55. Em Missão Velha, R$ 274,35. Na maior cidade de RMC, Juazeiro do Norte, o curso chegou a R$ 274,53; Caririaçu, R$ 271,30; Barbalha, R$ 273,11. Já em Santana do Cariri, foi R$ 270,33 e em Nova Olinda, o valor chegou a R$ 256,72.

De modo geral, conforme Aydano, Juazeiro e Crato têm apresentado os maiores valores, o que é compatível com renda média mais elevada nestes dois municípios, que também influencia na determinação do preço por expandir a demanda de consumo. Com relação ao preço do tomate, este tem sido um fenômeno nacional, em função também de variações climáticas nas regiões o Brasil que tem afetado a sua produtividade. "Aqui, a escassez de chuvas, e no Centro-Sul do País, em decorrência do excesso de chuvas", explica o coordenador.

A pesquisa também estima o tempo de trabalho necessário para aquisição da cesta básica e o salário mínimo necessário, que é aquele capaz de atender às necessidades de moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.

Esta pesquisa vem sendo realizada de forma voluntária pelos estudantes do Curso de Economia da Urca, conforme o professor e coordenador responsável pelo projeto, Aydano Ribeiro Leite. Ele afirma que, no mês de março, os preços dos gêneros alimentícios essenciais continuaram em alta e subiram em 16 das 18 capitais onde o Dieese realiza, mensalmente, a Pesquisa Nacional da Cesta Básica. As maiores elevações foram apuradas em Vitória (6,01%), Manaus (4,55%), e Salvador (4,08%).

O aumento do valor da cesta básica entre fevereiro e março foi de 1,62%, portanto, inferior à variação entre dezembro e janeiro, que foi de aproximadamente 2,62%, o que sinaliza que os preços aumentaram menos. "Isto pode ser um indicativo de que, possivelmente, pelo menos neste primeiro semestre, os preços poderão cair", constata. No segundo semestre talvez não seja possível, já que o regime de chuvas está abaixo da média.

Por outro lado, avalia o economista, as medidas do governo de redução de impostos sobre os produtos da cesta básica, como esperado, não surtiu os efeitos esperados. A inflação tem aumentado, sobretudo, em função da expansão dos preços dos alimentos o que é ruim principalmente para as famílias mais pobres ou de baixa renda.

Reajuste
1,62 ponto percentual foi o valor calculado do aumento dos produtos da cesta básica entre fevereiro e março, menor que o período de dezembro e janeiro.

Mais informações
Curso de Economia
Universidade Regional do Cariri
Campus do Pimenta
Crato
Região do Cariri
Telefone:
(88) 3102.1212

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste



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