Dívidas nas prefeituras são maior problema no Cariri

Prefeitos do Cariri ainda sentem a necessidade de sanar problemas relacionados às administrações anteriores, principalmente no tocante às dívidas "herdadas", conforme os gestores. Para isso, têm aderido a alternativas como o corte de cargos e atividades em vários setores da administração. Em alguns casos, as tentativas de adequações das novas administrações têm levado alguns gestores a enfrentarem a insatisfação dos servidores. Para conter gastos, foram realizados vários cortes nos primeiros dias de governo.

No caso de Juazeiro do Norte, professores ameaçaram, no começo da administração, de entrar em greve, por conta de cortes nos pagamentos. O problema se arrasta até hoje e o oxigênio fornecido ao Hospital São Lucas, esteve na iminência de faltar, para a UTI Neonatal.

Somente as dívidas com oxigênio chegam a mais de R$ 600 mil, sem licitação, conforme Raimundo Macedo. "Houve ameaça de suspensão do abastecimento e tivemos que entrar na Justiça, para não ficar sem o oxigênio", diz o prefeito.

Setores como educação, saúde e até a merenda escolar já foram sacrificados em algumas administrações. Em Crato, as escolas voltam a ser reabastecidas, com o fim do processo licitatório. As economias feitas pelo prefeito local, Ronaldo Sampaio Gomes de Mattos, são utilizadas para a realização de serviços imediatos. Nos dois maiores municípios da região, que chegaram a decretar estado de emergência, as diversas alternativas fizeram com que houvesse corte na folha do funcionalismo.

Corte de custos
Em Crato, por exemplo, segundo o prefeito, foram reduzidos no quadro de pessoal 900 funcionários. De 4.600 para 3.700. Ele ainda destaca que priorizará a valorização do quadro efetivo, e, no máximo, contratará 300 comissionados. Uma das recomendações do Ministério Público, em Crato, foi o impedimento de novas contratações.

O prefeito, para possibilitar melhores serviços, decidiu inserir dois expedientes para o funcionalismo, ao invés de um corrido. Em Juazeiro, o prefeito Raimundo Macedo afirmou que existe um desarranjo administrativo sem precedentes. No início de sua administração foi divulgado um balancete das dívidas herdadas segundo ele, pela administração, de cerca de R$ 71 milhões, com folha de pagamento atual de mais de R$ 12 milhões.

Em Crato, o prefeito afirma que as dívidas chegaram a R$ 35,6 milhões, fora outros setores, como a Sociedade Anônima de Água e Esgotos (Saaec), onde estavam sendo realizados levantamentos das dívidas.

Antecessores negam
Em ambos os municípios, os gestores anteriores negam a realidade divulgada pelos atuais prefeitos. No caso do Crato, Samuel Araripe disse que entregou a administração da cidade com R$ 9 milhões em projetos, alguns deles, as parcelas estavam sendo repassadas ao município.

Raimundo Macedo disse que chegou a dispensar cargos de subsecretários, subprefeituras, além de reduzir os salários dos secretários, do prefeito e do vice-prefeito e reduzir secretarias. O seu, segundo ele, foi reduzido de R$ 25 mil para R$ 15 mil.

Para Macedo, a alternativa é o parcelamento de dívidas. Ele tem negociado prazos com fornecedores, além de acompanhar os gastos. O prefeito do Crato contou que uma das principais preocupações foi começar o ano, pagando os salários de dezembro dos servidores.

Solução
"A alternativa tem sido parcelar as dívidas como a da Previdência Social, de R$ 35 milhões, e mais R$ 12 milhões do Pasep"

Raimundo Macedo
Prefeito de Juazeiro do Norte

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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