Crato (CE): Greve dos professores continua

Em greve desde o último dia 8, os professores da rede municipal de ensino do Crato estão reivindicando melhores condições de trabalho. O principal objetivo da luta dos profissionais é relativo a implantação de um terço da carga horária destinada a estudos e planejamento das atividades de sala de aula, o que é estabelecido pela Lei do Piso Nacional.

Ainda durante do mês de março, o atual prefeito do município, Ronaldo Gomes de Mattos, instituiu um reajuste linear de 8% dos salários de trabalhadores que atuam em todos os níveis.

Porém, o Sindicato dos Servidores Municipais e a categoria não ficaram satisfeitos e solicitam o reajuste de 10%, para quem exerce funções no nível referente do 3º ano pedagógico, 15% para os que são graduados, além de 20% para os especialistas e 25% para os que detêm título de mestres.

Sem acordo
Até agora, já houve diversas reuniões entre os sindicalistas e o executivo local. Contudo, não existiu consenso. Organizados, os professores querem a criação de uma comissão de negociação, composta por três vereadores, três representantes do executivo local e três servidores.

A equipe terá o função de analisar especificamente a viabilidade do novo reajuste proposto, para que os valores possam satisfazer a categoria. Atualmente, o Município conta com um Plano de Cargos e Carreiras Salários (PCCS), entretanto, os servidores públicos afirmam que ele está defasado e solicitam a reformulação do mesmo. No momento, ao todo, mais de 15 mil estudantes estão sem aulas e aproximadamente 1.000 professores estão com as atividades paralisadas. Os prejuízos são significativos, tanto para os profissionais como para a comunidade acadêmica. Entre as principais perdas estão o atraso e acúmulo do conteúdo programático e, consequentemente, do ano letivo e possível suspensão das férias estudantis.

Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Crato, Junior Matos, a categoria grevista está aberta a negociações. "Estamos aguardando que o gestor apresente uma contraproposta digna dos professores, a qual o Sindicato já solicitou", pontua. Ele informa que, após o término da greve, os professores irão elaborar um calendário para repor a carga horária dos estudantes, onde todo o conteúdo será cumprido.

Na última semana, após uma reunião com o prefeito, os professores, junto aos vereadores e secretários municipais realizaram uma assembleia para discutir os planos propostos pelo gestor, que eram de realizar um estudo sobre o reajuste salarial indicado pelo Sindicato. Através de ofício ficou estabelecido que o prazo para a ação seria de 60 dias úteis. Mas, os servidores não concordaram e reivindicaram a redução do período para no máximo 30 dias. Eles permanecem esperando uma resposta relativa à documentação e já adiantam que a paralisação das aulas é por tempo indeterminado.

Ponto crítico
Nas gestões anteriores, os reajustes salariais dos professores ocorriam de acordo com os níveis de graduação e qualificação dos profissionais. Para a categoria, hoje, com o reajuste linear está acontecendo "achatamento" dos salários, já que todos os níveis estão equiparados. Os professores com títulos estão sentindo-se injustiçados com a situação e querem um cronograma de prazo para o pagamento da diferença dos valores.

De acordo com o procurador do município, George Érico de Alencar Braga Borges, o gestor vai acatar a apresentação do relatório no prazo de 30 dias. "Estamos criando essa comissão para analisar se o Município tem condições de dar esses reajustes que a categoria solicita. Vamos fazer um laudo financeiro para saber se teremos como fornecer outros reajustes além dos já fornecidos", afirma.

YAÇANÃ NEPONUCENA
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste



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