Morada Nova (CE): Município vai produzir forragem para a pecuária

Representantes da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Agência do Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), irrigantes e representantes de municípios vizinhos, reuniram-se na manhã de ontem, no auditório do perímetro irrigado deste município, para discutir a implantação do projeto de segurança alimentar para o rebanho, proposto pela Faec.

O projeto prevê, diante da urgência em obter alimento para o rebanho em todo o Estado e diante do desempenho positivo que o perímetro irrigado do Jaguaribe Apodi vem obtendo desde o ano passado, estimular a produção de forragem para alimentação animal. A ideia é produzir o alimento em áreas ociosas de perímetros irrigados.

Atualmente o Perímetro Irrigado de Morada Nova possui seis mil hectares em produtividade, com as mais diversas culturas como o milho, feijão, sorgo e, principalmente, o arroz, que é considerado pelos produtores como "carro chefe" da produção total. Além dessa área, o perímetro possui um mil hectares ociosos, sem desenvolver nenhuma cultura. "O intuito é entrar em consenso com os irrigantes para ver quem se interessa em produzir a forragem para alimentação do gado", afirma o presidente da Faec, Flavio Saboya.

Porém, ele explica que a reunião não é tão somente para definir quem irá produzir a forragem, mas fazer um vínculo entre produtores e compradores. Por isso foi importante a representação das prefeitas onde os agricultores estão tendo dificuldades de encontrar alimentação para o gado. Os municípios de Quixeramobim, Quixadá, Jaguaretama, Limoeiro do Norte e Morada Nova enviaram representantes das prefeituras e associação de produtores e criadores, que se interessaram pelo projeto.

"O projeto é respaldado pela iniciativa privada, considerando a produção em áreas já ocupadas. Esta é uma forma do setor primário dar sua contribuição diante da crise que a agropecuária vem sofrendo em todo o Ceará. A produção vai garantir o alimento para dar suporte ao governo nesse momento critico", explica o líder classista.

Flávio conta ainda que sensibilizar os produtores para voltar suas produções para alimentação animal é somente uma parte do projeto como um todo. A intenção é levar a proposta para o Governo do Estado.

De acordo com o diretor de Agronegócio da Adece, Reginaldo Lobo, a partir de números mais concretos e resultados obtidos após a implantação do projeto em alguns perímetros, a intenção é levar uma proposta para ser, de alguma forma, fomentada pelo Estado.

"A partir dos primeiros resultados da produção de forragem teremos números mais concretos para apresentar ao governador e vermos uma possibilidade de fomento, seja na compra de parte da produção para ser distribuída pelos pequenos agricultores, seja na parte de pagar o transporte para levar a forragem às comunidades mais distantes. Iremos levar os resultados para que o governo analise e se posiciona de forma a ajudar os produtores diante da crise", explica.

De acordo com dados da Faec, o Ceará possui atualmente um rebanho de 2,7 milhões cabeças de gado. Os prejuízos já apontam para cerca de 100 mil cabeças que morreram por falta de água e comida em decorrência da seca no Nordeste. A produção de forragem nas áreas irrigadas se mostrou como alternativa mais viável, diante da estrutura com água e energia que os perímetros possuem, e diante da resposta ser rápida, levando-se em conta que dentro de 70 dias já pode ser feita a primeira colheita. A Faec fez um levantamento de 10 mil hectares de terra que podem ser utilizadas para implantação do projeto. Os próximos perímetros que serão visitados são Tabuleiro de Russas, Perímetro Irrigado de Icó, Perímetro do Baixo Acaraú e o Jaguaribe Apodi, este último de modo a organizar a produção.

"Se começarmos a fazer um processo de forma desorganizada, não vamos atingir os objetivo que pretendemos. Precisamos assessorar e organizar a produção nos primeiros meses e depois deixar que a iniciativa empresarial faça o equilíbrio das vendas", reforça Lobo.

Atualmente 950 irrigantes atuam em seis mil hectares no perímetro de Morada Nova. O arroz é o principal produto, mas diante da grande demanda hídrica necessária para a cultura e o problema da falta de chuvas esta sendo inviável produzir o grão.

Ao final da reunião, considerada positiva pelos organizadores, os primeiros encaminhamentos serão cadastrar os interessados em se agregar ao processo de produção de forragem e os que têm interesse em comprar. Após estabelecer as relações de negócio entre os diversos interessados, estima-se que a produção tenha início ainda este mês.

Mais informações
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec)
Telefone: (85) 3535.8023
Fortaleza-CE

HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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