Missão Velha (CE): Município tem cesta básica mais cara do Cariri

A estiagem continua a provocar alta nos preços da cesta básica na Região Metropolitana do Cariri (RMC). Em janeiro, o aumento foi de 8,6% em relação a dezembro. A inflação no período foi a maior nos últimos dez anos, de 0,85%. De janeiro a fevereiro, o preço médio da cesta ficou maior em 2,9%. O resultado faz parte do impacto das primeiras chuvas de janeiro, fato não verificado no mês anterior. Em 2012, a alta chegou a ser praticamente constante, por conta da seca. Dos municípios pesquisados no Cariri, em fevereiro, o maior gasto para aquisição da cesta básica foi registrado em Missão Velha, de R$ 245,01, e o menor, em Jardim, de R$ 208,46.

A pesquisa é resultado do trabalho de extensão, feito desde 2009, sobre o cálculo do índice do custo de vida e da cesta básica na RMC, realizada por 40 alunos do curso de Economia da Universidade Regional do Cariri (Urca). A metodologia utilizada para cálculo dos gêneros alimentícios é a mesma aplicada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeco-nômicos (Dieese), para levantamentos em 17 Regiões Metropolitanas. Uma das condições observadas pelos pesquisadores é que o Cariri segue no mesmo ritmo de oscilações de preços das capitais brasileiras.

O valor da cesta básica, que incide sobre 12 produtos da mesa do consumidor de baixa renda, foi pesquisado em cerca de 50 estabelecimentos comerciais, das nove cidades da região. Antes, esses preços eram avaliados nas cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. Agora, além desses municípios, são avaliadas as oscilações nos valores dos produtos nas cidades de Jardim, Missão Velha, Santana do Cariri, Nova Olinda, Caririaçu e Farias Brito.

Segundo professor e economista Aydano Ribeiro Leite, coordenador da pesquisa, mesmo com a redução dos impostos relacionados aos produtos da cesta básica, pelo Governo Federal, o impacto será, basicamente, "mais político" no bolso do consumidor. "Será mínimo", diz. Essa avaliação preliminar, segundo ele, parte de vários economistas, mas os primeiros efeitos poderão ser avaliados pela equipe que coordena, nos próximos 15 dias. Até porque é maior o número de produtos inseridos pelo governo, a exemplo do peixe e papel higiênico. "O que, na verdade, puxa os preços na nossa região é a estiagem", afirma.

Tendência é piorar
Considerando as previsões já realizadas em relação ao inverno deste ano, incipiente em relação à média normal de chuvas, o professor ressalta que essa realidade já tem um efeito negativo sobre os preços, que serão crescentes. No segundo semestre, segundo ele, a tendência é que os reajustes sejam ainda maiores.

O coordenador Aydano lembra das primeiras chuvas do ano, mesmo sazonais, produzindo efeito na queda de preços de alguns produtos da cesta básica.

O impacto em relação à redução dos impostos da cesta básica será acompanhado ao longo do ano pela equipe. Esse valor, segundo Aydano, pode chegar a apenas 0,12%. "Se vai chegar no prato das famílias, não temos como mensurar por enquanto".

Feijão e tomate são vilões
O professor Aydano afirma que os dois produtos que mais puxam os preços são o feijão e, principalmente, o tomate. De acordo com ele, quando o Dieese realiza o cálculo, percebe que o valor da RMC tem acompanhado os preços das cestas em geral, em relação às outras regiões. Quando há aumento, também sobe na região, e quando tem a queda, o resultado é o mesmo.

Os produtos avaliados pela pesquisa da Urca são a carne, leite, feijão, arroz, farinha, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo e a manteiga. "É o que está na cesta de consumo das pessoas com menor poder aquisitivo", explica Aydano.

Conforme o economista, a inflação é calculada de uma forma mais ampla, por envolver produtos como vestuários e bens duráveis. "Tem que diferenciar cesta básica e inflação, que é mais geral", afirma.

Na Região Metropolitana do Cariri foi registrado um aumento de 0,8% no custo da cesta básica em novembro em relação ao mês de outubro de 2012. O custo da cesta básica na RMC, naquele mês (R$ 225,95), foi menor do que o custo da cesta básica registrado em Fortaleza, que chegou a R$ 244,55.

Além dos preços para aquisição da cesta básica nas cidades de Missão Velha e Jardim, foram fornecidos pela pesquisa, referente a fevereiro, resultados em Farias Brito, com R$ 229,29; Crato, R$ 234,67; Juazeiro do Norte, R$ 223,89; Caririaçu, R$ 219,30; Barbalha, R$ 229,36; Santana do Cariri, R$ 235,47; e Nova Olinda, R$ 216,96.

De acordo com a pesquisa, o preço dos gêneros alimentícios essenciais diminuiu em 13 das 17 capitais onde o Dieese atua. Esses dados são mensais, conforme a Pesquisa Nacional da Cesta Básica. As maiores quedas foram verificadas no Rio de Janeiro (-7,88%), Porto Alegre (-6,18%) e Goiânia (-5,26%).

As altas no mês foram mais moderadas e registraram-se em João Pessoa (1,02%), Belém (0,61%), Vitória (0,50%) e Florianópolis (0,31%). São Paulo foi a Capital onde se apurou o maior valor para a cesta básica (R$ 299,26). Depois aparecem Vitória (R$ 295,31) e Porto Alegre (R$ 286,83). Os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 205,63), Salvador (R$ 220,49) e João Pessoa (R$ 235,35).

A pesquisa também estima o tempo de trabalho necessário para aquisição da cesta básica e o salário mínimo necessário, que é aquele capaz de atender às necessidades de moradia, alimentação, educação, saúde, lazer e outras necessidades essenciais. Na RMC, em novembro de 2012, o assalariado mínimo precisou trabalhar 80 horas e 32 minutos, 1horas e 5 minutos a menos do tempo estimado para Outubro que foi de 79 horas e 27 minutos.

Mais informações
Universidade Regional do Cariri Curso de Economia
Campus do Pimenta
Crato - Cariri
Telefone: (88) 3102.1212

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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