Cultivo do feijão no Cariri está comprometido

Na região do Cariri, os agricultores que plantaram feijão em áreas de baixio já estão colhendo grãos. Os que semearam entre os meses de janeiro e fevereiro obtiveram produção suficiente para a subsistência de suas famílias. Entretanto, o preço da leguminosa ainda permanece alto. Atualmente, a saca pode chegar à R$ 380 e nas feiras livres, o valor do quilo é superior à R$ 8. A escassez de chuvas, que não foram suficientes para germinar as plantações maiores, prejudicou grande parte dos homens do campo.

No Crato, as propriedades onde há investimentos significativos de plantação são as de Monte Alverne, Santa Rosa e Dom Quintino. Mas, nesses locais, os produtores temem perder a primeira safra.

Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Emartece), no campo, a situação é complicada e as colheitas que estão ocorrendo são isoladas e insignificantes. O órgão reuniu técnicos de assistência ao campo para avaliar como estão os plantios e acompanhar os processos germinativos das plantas. O agricultor José Sebastião Agostinho perdeu as esperanças e diz que este ano não haverá safras abundantes. "Já é março e ainda estamos no período da criação do grão. Se não chover rápido iremos perder a primeira safra. Ainda vou plantar para tentar colher algumas coisa", conta.

Apenas em Aurora, Brejo Santo, Barro, Milagres, Jati, Pena Forte e Porteiras estava previsto o plantio de 15 mil hectares de feijão. Destes, uma média de 35% já foi plantado. Mas de toda a área, aproximadamente 60% não germinou, devido à estiagem. A Ematerce estima que do total, em 0,05% está havendo colheita, porém, o cultivo foi complementado com irrigação. Já na cultura do milho, nas mesmas localidades, estava previsto plantio em 45 mil hectares. Entretanto, só houve a atividade em 14 mil hectares. Mesmo assim, 60% já estão perdidos. Ao todo, no Cariri Leste foram distribuídas 570 toneladas de sementes de feijão, milho e sorgo, através do programa Hora de Plantar.

Em razão da grande seca, considerada a pior dos últimos 40 anos, no Ceará, ainda em agosto de 2012, o Governo decretou estado de emergência. No ano passado, as perdas das colheitas de feijão, milho, arroz, mandioca e algodão, foram superiores à 50%. Os agricultores de base familiar ainda estão recebendo as parcelas do Seguro Garantia Safra. O programa garante uma renda mínima para as famílias que tiveram grandes comprometimentos das plantações. De acordo com o engenheiro agrônomo e assessor regional de crédito rural da Ematerce, José Ladislau de Sousa, novamente, os veranicos estão provocando perdas, principalmente, nas culturas de milho e feijão. "O homem do campo está esperando chuvas para este mês. Se não chover, as perdas serão altas. Estamos na esperança que a situação melhore", revela.

Colheita
Geralmente, as culturas de sequeiro concedem produções suficientes quando existem chuvas bem distribuídas. O engenheiro agrônomo explica que para esse tipo de plantação não há necessidade de grande volumes de água. Contudo, afirma que neste ano ainda não há como mencionar qual será a quantidade de grãos a ser colhida. "Tudo vai depender das chuvas de março e abril. Se elas forem bem difundidas, poderemos ter uma boa colheita ", pontua.

Na região do Cariri, na avaliação dos técnicos, se a soma das chuvas dos meses de fevereiro, março e abril for de cerca de 800 milímetros ainda haverá colheita de grãos.

Mais informações
Escritório Regional da Ematerce - Crato
Praça Filemon Teles- S/N
Bairro do Recreio
Telefone:(88) 3521-2835

YACANÃ NEPONUCENA
COLABORADORA

Fonte: Diário do Nordeste



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