Cariri debate violência contra a mulher

Tentando conscientizar a população sobre a atual situação regional relativa ao aumento do número de casos de mulheres assassinadas na região do Cariri, os órgãos de defesa da mulher das cidades de Crato e Juazeiro do Norte estão realizando uma intensa programação alusiva ao Dia Internacional da Mulher, mundialmente comemorado na data de hoje.

Desde o inicio da semana, várias entidades estão engajadas na causa e organizaram caminhadas, seminários, atendimentos públicos de saúde, prestação de serviços gratuitos e ações de cidadania. Todos os atos discutem sobre as políticas públicas destinadas ao gênero.

Números
De acordo com dados do Conselho Municipal da Mulher Cratense(CMMC), na região do Cariri, apenas durante o ano passado, 18 mulheres foram brutalmente assassinadas. Nos últimos dez anos, a soma é de 220 vítimas. As agressões mais frequentes são as verbais, físicas, psicológicas, moral, sexual e patrimonial.

Devido aos índices alarmantes de violência contra a mulher, no Crato, na tarde de hoje, às 14 horas, o Conselho Municipal da Mulher Cratense vai organizar um ato reivindicativo à efetivação dos direitos constituídos das mulheres.

A manifestação deverá reunir aproximadamente duas mil pessoas, na Praça Siqueira Campos. A proposta de todas as programações é refletir sobre o papel da mulher na sociedade e demonstrar os fatos de sua trajetória de lutas e conquistas.

Ações
Para tentar conter as estatísticas, no Crato e em Juazeiro do Norte, entidades como a Defensoria Pública, Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade Regional do Cariri (Urca), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-Mulher), Juizado da Mulher, Ministério e Defensoria Publica estiveram em audiência pública planejando a formação de uma rede de atenção às mulheres vítimas de violência.

O pedido mais urgente da classe feminina é por medidas protetivas eficazes. Para atender as demandas existentes, ainda faltam a instalação de casas de apoio e mais assistência na formação profissional das agredidas, para que elas possam ter autonomia financeira e, assim, possam sair da dependência dos companheiros.

De acordo com a presidente do Conselho Municipal da Mulher Cratense, Laura Vieira de Andrade, os mecanismos de defesa ainda são incipientes. "Estamos precisando de políticas públicas especificas para as mulheres. A nossa maior dificuldade é quanto às medidas protetivas, que não estão chegando no tempo determinado para que elas consigam a proteção que necessitam", revela.

Demanda
Em Juazeiro do Norte, atualmente, o Centro de Referência Regional da Mulher (CRRM) recebe uma grande demanda de casos de mulheres em situação de violência. No momento, 200 vítimas estão recebendo atendimentos. Na cidade, diferente do Crato, há uma rede socioassistencial formada por uma equipe multidisciplinar, que é composta por advogados, psicólogos e assistentes sociais. Eles ofertam a proteção e acompanhamento das vítimas e suas famílias.

Lei Maria da Penha
De acordo com Mauro Feitosa, juiz do Juizado da Mulher de Juazeiro do Norte, o cenário regional de defesa à mulher vem sendo modificado nos últimos seis anos, após a implantação da Lei Maria da Penha.

Segundo ele, os números da violência ainda são considerados altos, mas refletem a realidade nacional. "A nossa região é violenta como é toda e qualquer região brasileira. Isso deve-se a uma cultura paternalista de falsa dominância do homem sobre a mulher", afirma.

Para o juiz, os órgãos que compõem a rede ainda tem muito por desenvolverem-se. Entretanto, todos tem atuado no sentido de minimizar essa chaga social.

Assassinatos
200 mulheres foram assassinadas na região do Cariri. Essa estatística corresponde ao número de casos que ocorreram desde 2003, ou seja, nos últimos dez anos.

YAÇANÃ NEPONUCENA
COLABORADORA

Fonte: Diário do Nordeste



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