Preço do feijão no Cariri tem aumento de 50%

Dispara o preço do feijão no Cariri. O aumento do produto chega a até 50%, contabilizando as altas sucessivas desde o início do ano. A principal causa é a escassez de chuvas. Ano passado, praticamente não houve produtividade e os pequenos agricultores chegaram a perder de 80% a 100% do cultivo. A esperança é que venha chuva nos próximos dias, para amenizar a situação. Os agricultores do Cariri continuam indo pegar as sementes do Programa Hora de Plantar, e a orientação é de iniciar o cultivo o quanto antes.

Somente esta semana, o feijão chegou às feiras livres do Cariri com aumento de 10%, em relação à semana passada. Muitos feirantes, para evitar que o valor total da alta não seja repassado ao consumidor final, estão preferindo diminuir o lucro no saco de 60 quilos.

Expectativa
O produto está sendo adquirido para a região de estados como a Bahia e Minas Gerais. Com a alta de gasolina, a tendência é que o aumento para os próximos dias seja maior ainda. E o consumidor da região passa a comprar menos. A seca é a principal vilã nesse momento.

Depois do ano de 2012 com grandes prejuízos, janeiro passa a contar com poucas precipitações e se torna um agravante maior para a escassez dos produtos, como milho e feijão.

Os animais continuam morrendo em alguns municípios, com sede e fome. Segundo o comerciante Francisco Nunes Viana, que há 40 anos comercializa feijão na feira livre do Crato, o aumento dos preços nos últimos meses tem sido contínuo e, praticamente, em toda semana. Os fornecedores, mesmo vendendo feijão provindo de irrigação, também têm atravessado dificuldades com a redução dos reservatórios, conforme o comerciante.

Ele adquire saco de feijão tipo manteiga, que é o de corda com melhor qualidade, por até R$ 800, 00, o saco de 60 quilos. A média de preços para repasse ao consumidor chega a R$ 8,00, por quilo. A fava, até o ano de 2009, tinha o saco de 60 quilos comercializado a R$ 30,00. Hoje, se encontrar no mercado, o produto chega a até R$ 1 mil.

A farinha de mandioca está por R$ 4,00, o quilo. Ano passado, chegou a ser comercializada por Francisco Nunes por até R$ 1,00. Edson Pereira, vendedor da feira livre do Crato, afirma que o consumidor tem se afastado um pouco das feiras e até mesmo reduzido as compras do produto. "Mesmo sendo algo que não pode faltar à mesa das pessoas", diz ele.

Para Edson, aquelas pessoas beneficiárias do Bolsa Família também estão sendo prejudicadas, por só terem praticamente essa renda e os custos do produto terem aumentado bem mais em relação ao benefício. As compras da segunda-feira estão reduzidas, segundo a agricultora Antonilda de Sousa. Ela afirma que toda semana adquire 4 quilos de feijão para o consumo da família. Cerca de R$ 28,00 tem pesado no orçamento. "Realmente fica difícil, principalmente, para nós que somos agricultores. Em outros anos, tínhamos em casa o produto, e com esse dinheiro já comprava outro item da alimentação", afirma.

Preocupação
O proprietário de armazém, Flávio Batista, se diz preocupado com a alta dos preços toda semana. Segundo ele, para que o feijão e o milho tenham saída no mercado, o repasse para o consumidor final é menor do que o previsto. "Mas, mesmo assim, ainda considero o valor alto e não podemos fazer nada", ressalta. A saída do produto continua, por ser um item que não pode faltar em casa. "Agora, exige maior sacrifício do cidadão. É altamente inflacionado", conta. A feira do Crato é uma das mais tradicionais da região e, segundo o comerciante Nunes Viana, acaba servindo de termômetro para a realidade de seca que o Cariri vem atravessando nos últimos anos. Conforme ele, que comercializa feijão desde criança com o pai, há mais de 40 anos, nunca se viu tanta crise como agora. O feijão mulatinho, o tradicional carioquinha, é um dos mais em conta e teve aumento desde a semana passada de R$ 4,00 para R$ 4,50.

Fartura
A expectativa agora é quanto aos próximos dias. Há uma preocupação dos comerciantes e consumidores de forma generalizada em relação ao fim dessa fase de estiagem, e o feijão, item essencial na mesa do nordestino, chegue com fartura. A agricultura Antonilda acredita que isso poderá acontecer, mas acha muito difícil por já estar em pleno mês de fevereiro, sem garantias para uma boa safra. O feijão que plantou está prestes a se perder, caso não chova nos próximos dias.

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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