Vários produtos da TV aberta estão decepcionando as emissoras em termos de audiência, mas por algum motivo continuam no ar.
Nessa era de novas mídias, o telespectador busca outros atrativos na TV paga e na Internet, nos mais variados suportes. A concorrência aumentou expressivamente, e por isso a televisão precisa descobrir fórmulas novas de sedução do público.
Na maior parte dos casos, porém, a pouca qualidade dos conteúdos pode ser a causa principal da queda dos números.
Enquanto boas novidades não entram na grade fixa de programação das emissoras, vale analisar os fatores que reduzem os índices do Ibope. Veja algumas atrações que andam na corda bamba e os possíveis motivos de insatisfação dos telespectadores:
TV Xuxa (Rede Globo)
Há quanto tempo está no ar?
A atual versão (reformulada) do "TV Xuxa" estreou em abril de 2008. Mas a primeira fase do programa - com moldes herdados dos antigos "Xou da Xuxa" e "Xuxa Park" - teve sua estreia em 2005.
Por que o telespectador não aguenta mais?
Talvez o X da questão seja um desgaste de imagem, comum a históricos de astros e estrelas muito expostos na mídia. O erro também pode estar no conceito do programa ou no perfil definidor da apresentadora. Caso específico: a performance de Xuxa na mesa redonda sobre "o fim do mundo" (edição de 8-12-2012) não foi feliz. Seria interessante, na inauguração de um novo conceito, usar o know-how da apresentadora em áreas em que ela transita com desenvoltura, como moda e categorias afins.O formato do programa - baseado em fórmulas antigas (mudam os quadros, mas não muda o formato) - também já cansou o público. Mesmo sucessos antigos podem ser hoje atrações sem função. Exemplos práticos de momentos que o telespectador não aguenta mais: Netinho cantando "Milla" e Daniel com o refrão "Adoro amar você"!... Sem reprises, não é mesmo?
Programa da Tarde (Rede Record)
Há quanto tempo está no ar?
Desde setembro de 2012.
Por que o telespectador não aguenta mais?
Segundo o RD1, executivos da TV Record até cogitaram tirar o programa da grade. No entanto, com os investimentos de milhões já feitos, o ano começa com novidades na cenografia e projeto de exibição em alta definição. Tudo para tentar salvar a audiência. Telespectadores do vespertino dizem gostar de quadros como o dos direitos dos consumidores. Mas o alerta é geral: quem aguenta situações como a de apresentadores fugindo de uma cobra no palco?
Programa do Gugu (Rede Record)
Há quanto tempo está no ar?
Desde agosto de 2009.
Por que o telespectador não aguenta mais?
Falar do "festival do ridículo", neste caso, é emoldurar o óbvio. Exemplo direto: o quadro 'Quer viajar comigo?' é deprimente! [Apresentador ajuda participante a escolher parceiro (?) para uma viagem]. Convidados despreparados para a cena televisiva - ou para qualquer manifestação pública - dão um show de abobrinhas na tela da TV. Pasme: esse novo quadro é uma tentativa de alavancar a audiência! Mistura do grotesco com apelação erótica.
Programa Bom Dia & Cia. (SBT)
Há quanto tempo está no ar?
Em sua oitava fase, é exibido desde agosto de 1993.
Por que o telespectador não aguenta mais?
A atração, atualmente ancorada por Bozo e Priscilla Alcântara - apesar da entrada do emblemático palhaço em dezembro do ano passado - tem sido uma das menores audiências do SBT. E quais as razões para isso? Possivelmente, o formato batido de muitos anos e a necessidade de novas atrações. Grupos de telespectadores também revelaram que consideram Bozo uma "figura estática do passado, numa era de mobilidade e tecnologia". Também há reclamações de desenhos antigos como 'Tom e Jerry' e do seriado 'Um Maluco no Pedaço', que parecem ter ficado ultrapassados para as crianças.
Encontro com Fátima Bernardes (Rede Globo)
Há quanto tempo está no ar?
Estreou em junho de 2012.
Por que o telespectador não aguenta mais?
A apresentadora do programa de variedades - entrevistas, notícias e música - é jornalista competente e possui muito carisma, mas a atração não emplacou. Talvez o problema esteja no formato e no direcionamento específico de público-alvo, que parece preferir amenidades e temas de apelo mais direto. As análises e reflexões das pautas, mesmo inteligentes e bem escolhidas, não encontram eco do outro lado da telinha. Porém, a emissora continua apostando no projeto. Seria bom reformular mesmo o formato [maior movimentação do quadro musical, mais familiaridade na notícia (ofertas mais frequentes de reportagens apropriadas ao público do horário)] e etc.
Malhação (Rede Globo)
Há quanto tempo está no ar?
Desde 1995, já que se trata de uma produção formatada nos moldes das soap operas americanas.
Por que o telespectador não aguenta mais?
De acordo com os portais de audiência de TV, Malhação tem preocupado a cúpula global por causa de seus baixos índices de aceitação. Para um produto televisivo que, em seu início, registrou quase o dobro da audiência da atração anterior, a soap opera brasileira tem decepcionado bastante. Grupos de opinião (adolescentes) entrevistados dizem que as histórias não atraem por estarem muito monótonas. Isso reflete problemas de roteiro, pois as últimas sinopses - na trama principal ou nas paralelas - mostram fraca estrutura dramática e falta de links com o contexto. Além de personagens mal-constituídos e cenas pouco densas com diálogos superficiais. Resultado: não há identificação com o público, e a dramaturgia não convence!
Mas o efeito "balança, mas não cai" é relativo e provisório. Quando atrações televisivas se arrastam por muito tempo, o paredão da grade de programação é implacável. Prova disso é a recente eliminação dos humorísticos "Aventuras do Didi" e "Os Caras de Pau", da Rede Globo. De acordo com o portal NaTelinha, o fim do programa de Renato Aragão é definitivo, e o cancelamento se deu porque a atração, além de baixa audiência, amargava também um faturamento inexpressivo. O dominical 'Os Caras de Pau', por sua vez, deverá retornar no fim do ano. Neste caso, o motivo aparente de caída da audiência (e consequente pausa na exibição) foi a dramaturgia, que no início era boa, mas acabou entediando o telespectador, numa sucessão de episódios surpreendentemente sem graça.
