Barbalha (CE): Poluição causa problemas de saúde na população

O forte odor e a fumaça que vem da combustão dos resíduos sólidos, acumulados no lixão de Barbalha, estão causando prejuízos à população residente na cidade. As reclamações são frequentes e relacionadas à poluição, problemas de saúde e falta de visibilidade em algumas áreas. Diariamente, os barbalhenses estão sendo obrigados a conviver com uma névoa que cobre o céu, principalmente, após as 16 horas. Os bairros mais atingidos são o Santo André, Cirolândia, Vila Santo Antônio e Bela Vista. Os que mais sofrem as consequências são as crianças e os idosos.

Devido à fumaça, algumas pessoas dizem apresentar doenças frequentes, como tosse, cansaço, dor de cabeça e ânsia de vômito. A população teme que, futuramente, haja uma ampliação do número de casos. No momento, os usuários dos serviços da rede pública de saúde já reclamam das grandes filas formadas nos hospitais e Postos de Saúde da Família (PSFs), onde, geralmente, os sintomas são os mesmos para todos.

Proibição
De acordo com o técnico em agropecuária e morador da Vila Santo Antônio, Eliomar José da Silva, é necessário que os órgãos competentes proíbam a combustão do material. "Acho que não dá mais para esperar. É preciso tomar uma atitude urgente, pois as pessoas estão sofrendo as consequências e isso pode ser ainda pior do que a gente imagina", afirma.

Além da população, a fauna e flora local também estão sendo prejudicadas. Nos últimos anos, o agravamento da propagação da fumaça foi intensificado, quando para abrir espaço para a construção civil, algumas áreas de vegetação verde localizadas próximos a o lixão foram desmatadas. O lixão foi implantado irregularmente no Alto da Seriema, próximo a um riacho, que corta parte da cidade.

A água, que antigamente era consumida, agora está poluída. Atualmente, o lixão não recebe o tratamento adequado e necessário para este tipo de depósito de resíduos. 18 catadores de material reciclável sobrevivem dos trabalhos que realizam no local. De forma cotidiana, o acúmulo de gases provoca a combustão natural do material.

O problema já se arrasta há décadas. Com relação a presença da fumaça que adentra às residências e forma uma poeira, até agora, pouco foi feito para solucionar a questão. Os moradores já fizeram várias denúncias e agora pedem maior rigor nas fiscalizações e a implantação urgente de um aterro sanitário.

Ciente dos danos causados à população, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos afirmou que o problema só poderá ser solucionado quando o Aterro Consorciado do Cariri for implantado. Ainda em 2005, o município firmou com o Ministério Público do Trabalho um Termo de Ajustamento de Conduta para que fossem retiradas todas as crianças que trabalhavam no lixão. Já no início deste ano, visando coibir a permanência dos catadores no lixão, o prefeito José Leite os convocou para uma reunião, onde ofereceu uma bolsa auxílio para aqueles que aceitarem realizar a coleta seletiva do material, nas ruas da cidade.

Segundo a secretária de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Polyana Silva Coimbra Cruz, o município não tem um local adequado para tratar o lixo. Ela conta também que haverá uma ação de retirada obrigatória dos catadores do lixão. "Temos consciência que a fumaça traz prejuízos para a população. Mas temos que esperar o Aterro Consorciado ser implantado para que possamos tentar solucionar essa questão. Queremos tomar medidas para evacuar o lixão, mas a dificuldade está na fiscalização".

De acordo com a secretária, o pouco efetivo de policiamento ambiental impede as ações. O órgão enviou um ofício à Secretaria de Meio Ambiente do Ceará (Semace) solicitando um laudo sobre as atuais condições dos filtros da empresa Itapuí, fabricante de cimento. O empreendimento também é grande emissor de gases poluentes.

A ação do Governo do Estado de implantar, até o ano de 2014, o Aterro Consorciado do Cariri deverá por fim ao problema dos lixões em nove cidades da região do Cariri.

Na expectativa que o lixão seja extinto, a Cáritas Diocesana do Brasil está desenvolvendo um projeto para organizar e cadastrar os catadores de material reciclável. A ideia é forma associações e cooperativas, prestar assessoria técnica, fortalecer os empreendimentos econômicos e solidários. As ações são executadas em parceria com o poder público. A proposta é criar alternativas de geração de renda.

Para Manoel Leandro Do Nascimento, assessor técnico de gestão da Cáritas, é preciso incluir os catadores nos Planos Municipais de Resíduos Sólidos. "Eles não ganham nada para dar o destino correto aos resíduos, já as grandes empresas de coleta contratadas recebem para dar o destino errado", afirma.

Mais informações
Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
Rua da Matriz
Centro - Barbalha
Telefone: (88) 3532.1125

YAÇANÃ NEPONUCENA
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste



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