Petistas do CE apoiam ajuda para condenados

Considerando "rigoroso e injusta" a condenação dos réus do processo conhecido nacionalmente como "mensalão" pelo Supremo Tribunal Federal (STF), lideranças do Partido dos Trabalhadores do Ceará apoiam a proposta do presidente nacional do PT, Rui Falcão, de realizar "cotas" entre os filiados da legenda para pagar as multas impostas aos réus do processo. A declaração do dirigente nacional foi dada no encerramento do encontro do PT que ocorreu em Brasília, no último fim de semana.

Os principais petistas condenados ao pagamento de multas consideradas vultosas são: José Dirceu, ex-ministro; José Genoíno, suplente de deputado federal e Delúbio Soares, ex-tesoureiro nacional da agremiação.

O presidente do PT em Fortaleza, Raimundo Ângelo, acredita que essa é uma "atitude de solidariedade" dos militantes com os colegas que foram condenados, já que muitos deles participaram da fundação do partido e integram a ala histórica. "Temos a convicção de que esses companheiros não enriqueceram, não acumularam patrimônio", declara.

Mesmo considerando que o julgamento pode ter sido utilizado para fins eleitoreiros, por ter sido na época de campanha política, Raimundo Ângelo garante que o processo não causou nenhuma desfiliação ao partido por conta do julgamento. De acordo com o dirigente, o clima interno é de indignação. "O sentimento da militância é de ir para as ruas em defesa do PT. Isso é um ataque ao Partido dos Trabalhadores", protestou.

Impacto
O dirigente afirma ainda que, nesta semana, durante reunião do diretório municipal, haverá uma pauta específica para tratar sobre a organização de "atos em defesa do PT". Questionado se o julgamento teria trazido prejuízo eleitoral ao PT na Capital, ele rechaçou a hipótese. "Não teve impacto do mensalão em Fortaleza, o que pesou aqui foi o poder econômico e crimes eleitorais", opinou Raimundo Ângelo.

A deputada estadual Rachel Marques também acredita que a oposição teria utilizado o caso do mensalão contra o PT durante as eleições municipais deste ano. Sobre o pagamento de multas pelos filiados para auxiliar os réus do processo, a parlamentar aposta que a atitude é "válida", já que eles já teriam sido devidamente condenados, tanto pela Justiça como pela sociedade, diz Rachel Marques.

Ainda segundo a parlamentar, os envolvidos no processo tiveram uma exposição de imagem muito grande. Para a deputada, apesar do "uso eleitoral" do julgamento no STF pelos adversários do PT, a legenda ainda teria se saído bem na disputa deste ano, considerando a quantidade de prefeituras conquistadas. "Mesmo acontecendo isso, não impediu a vitória em número de votos e municípios importantes", pondera Rachel.

Já o deputado federal Artur Bruno tem uma postura mais crítica em relação à atuação do PT. Ele disse que integrou uma corrente interna do partido que emergiu para defender que todos os erros cometidos pelos correligionários fossem punidos.

Multas
De acordo com Artur Bruno, as cotas para auxiliar no pagamento das multas decorrentes do processo são uma escolha individual, lembrando que a direção nacional do PT não tirou qualquer resolução sobre isso.

Em relação à postura do STF, o deputado Artur Bruno também tem discurso mais brando do que os colegas do partido. Ele fez questão de ressaltar que, em termos gerais, a atuação dos ministros daquele tribunal foi idônea. "É possível que uma ou outra penalidade tenha sido excessiva, mas o STF foi transparente, o debate foi público, e não podemos desconfiar da justeza dos ministros, já que a maioria foi indicada ou pelo presidente Lula ou pela presidente Dilma", explanou o parlamentar petista.

Apesar de concordar com a hipótese de que o episódio do mensalão pode ter causado prejuízos eleitoras ao PT este ano, principalmente nas grandes cidades, o deputado acredita que a legenda teve um bom desempenho nos pleitos municipais. "O resultado das eleições mostrou que os eleitores, de uma maneira geral, não generalizaram e entenderam que alguns petistas erraram e não o partido como um todo ou a sua maioria", pontuou.

Procurado pelo Diário do Nordeste, o deputado federal José Guimarães informou que não se pronunciaria sobre o assunto, complementando que o tema referente ao pagamento de multas não teria sido comentado pela bancada federal do PT. "Eu não vou falar sobre isso. Não foi tratado esse assunto aqui, foi ele (Rui Falcão) quem falou", limitou-se a dizer o parlamentar.

Fonte: Diário do Nordeste

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