Plantão Infotech: Cinturão Digital no CE ainda está limitado a 29% das cidades

A promessa inicial do Cinturão Digital do Ceará (CDC) era de acesso à Internet em alta velocidade por meio de uma rede de cabos de fibra óptica. O projeto, entretanto, anda a passos lentos. Depois de um ano de inaugurado, dos 184 municípios cearenses, apenas 53 são atendidos e de forma restrita para instituições públicas estaduais (escolas, hospitais, escritórios da Ematerce, delegacias de Polícia). Isto representa apenas cerca de 29% de cobertura.

O projeto do CDC prevê três etapas: o atendimento aos órgãos públicos estaduais; às Prefeituras e à população. Até agora, de acordo com a Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), responsável pelo programa, somente 22 Prefeituras tiveram seus projetos aprovados, mas falta o serviço de acesso ser instalado.

Ainda não há previsão de quando o serviço chegará à população, aos lares e às empresas particulares, que desejam e necessitam ter acesso à banda larga em cidades do Interior do sertão cearense. A proposta da Etice é oferecer banda larga para os moradores por meio do CDC de um Plano Básico (contratual) por R$ 29,00 por mês para 2Mbps.

Os moradores aprovam o valor do Plano Básico da Etice que é bem inferior aos serviços particulares ofertados de acesso à Internet por meio de antenas Wireless, em torno de R$ 60,00 por mês. "O sistema é lento e cai com regularidade", reclamou o estudante Paulo Afonso Moreira. "Estamos esperando o funcionamento desse Cinturão Digital, mas por enquanto não saiu do papel", afirmou.

Mesmo com a limitação das áreas de abrangência, o Governo Estadual afirma que o serviço cobre 90% das áreas urbanas do Ceará. Um dado questionável. O governo já investiu R$ 68 milhões no projeto, que é pioneiro.

O presidente da Etice, Fernando Carvalho, disse que nos 53 municípios atendidos pelo CDC, 100% dos órgãos públicos estaduais estão interligados ao novo sistema. Em Iguatu, por exemplo, esse dado não corresponde à realidade. O Centro de Vocação Tecnológica (CVT), a Faculdade de Educação, Ciências e Letras (Fecli) e a Delegacia de Defesa e Proteção da Mulher ainda aguardam a chegada do serviço informatizado.

Cessão privada
O CVT usa, por enquanto, a cessão de uma empresa privada que instalou antena de sinal de Internet na área da instituição e em troca fornece o sinal. "Não temos nenhuma novidade e não sabemos quando seremos interligados ao Cinturão Digital", disse o coordenador, Roberto Bezerra. A secretaria da Fecli disse que o sistema não foi instalado, apesar de alguns testes terem sido realizados.

Até o momento, somente 22 Prefeituras tiveram projetos aprovados e aguardam interligação do sistema. "O número de municípios não foi reduzido e pretendemos publicar novo edital em 2013", explicou o presidente da Etice, Fernando Carvalho. "O acesso já foi disponibilizado para as prefeituras aprovadas, porém considerando as restrições do período eleitoral, os municípios estavam proibidos de assinar convênios e contratos e agora vamos reiniciar o processo de instalação".

A grande maioria dos municípios não mostrou interesse em participar do projeto do CDC. A expectativa é de que os novos gestores que vão assumir a partir de 1º de janeiro de 2013 procurem a Etice para aderir ao programa estadual.

Apesar do gargalo burocrático, técnico e da demora, Fernando Carvalho faz uma avaliação do projeto. "O CDC tem impactado positivamente em várias secretarias do governo. As secretarias da Educação, Saúde, Segurança Pública e a da Fazenda são as mais beneficiadas", frisou. "Todas possuem programas que não seriam possível de realizar sem a rede do Cinturão Digital". Carvalho destacou o serviço de Telemedicina, o monitoramento dos postos de fronteira e as câmeras de vigilância.

Ele observou ainda que duas empresas indianas de call center deverão se instalar em municípios da Região Metropolitana de Fortaleza e, sem o CDC, a demanda dessas empresas por banda larga não poderia ser atendida. "Vale citar também que, ao longo deste ano, já houve uma expansão de 15% da rede, com respeito ao projeto inicial", comparou. "Esperamos que o ingresso de operadoras em regime de competição massifique o acesso de baixo custo no Estado", completou o gestor.

De acordo com informações da Etice, as prefeituras que aderiram ao CDC são as seguintes: Viçosa do Ceará, Sobral, Maracanaú, São Gonçalo do Amarante, Crateús, Limoeiro do Norte, Tauá, Quixadá, Mauriti, Jaguaruana, Jaguaretama e os seguintes municípios associados - Banabuiú, Jaguaribara, Alto Santo, Solonópole, Potiretama, Milhã, Pacoti, Guaramiranga, Cedro e também Quixeré.

Os critérios utilizados para a instalação de fibra ótica foram municípios com população igual ou superior a 50.000 habitantes e municípios turísticos.

Estima-se que as sedes dos municípios com população abaixo de 50.000 habitantes serão contempladas com esse serviço até o final de 2014. O CDC constitui de uma infraestrutura de cerca de 3 mil km de fibra óptica que irá conectar 92 cidades, com cobertura inicial instalada na sede de 53 municípios, o que corresponde a 85% da população urbana do Estado.

Para o governo, o CDC é um projeto estratégico, que permitiu a construção de uma rede de transmissão de dados pioneira e que já é vista como modelo para outros estados.

HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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