Fotografia imortaliza expressões de fé e esperança dos romeiros

São muitas as imagens que circulam nas romarias: velas acesas, fitinhas coloridas, chapéus de palha, rosários de contas, rapaduras empalhadas, enchem os olhos atentos de visitantes que circulam nos espaços de Juazeiro do Norte, ora voltados aos compromissos religiosos, ora mapeando objetos de consumo e, por vezes, ansiosos pela maximização de proveito das experiências possíveis na romaria.

Neste cenário, objetos diversos também materializam desejos de consumo representados por produções locais em alumínio, gesso, barro, palha e outros objetos mais "globalizados": estátuas que cantam, DVDs, CDs (religiosos ou não), enfeites e objetos de decoração concorrem entre si, expostos em lojas e nas feiras que surgem na cidade.

Para muitos, a romaria é uma festa animada por rostos alegres, expectativas diversas e demandas de diversão que redimensionam o ambiente urbano local, sinalizando significados que se abrem para a interação, o encontro, a música, os rituais, as procissões, os carros enfeitados, as conversas que entram pela noite, o movimento constante pelas ruas.

Para outros, a romaria é uma expressão de fé, sacrifício e penitência de mil formas representadas, seja por promessas de vida inteira, pela repetição de percursos, pelo registro de depoimentos de cura, alcance de graças, intermediações em "questões impossíveis". Tantas velas acendidas, ave-marias rezadas, mãos postas e um acordo tácito com os santos: eles protegem e o devoto se torna fiel.

Proteção e fidelidade estão enlaçados, enredados, numa tentativa de explicação do mundo... Se tudo corre bem é merecimento e intercessão, se não, é castigo, anúncio de distanciamento do sagrado ou provação.

Seja qual for a experiência, uma vitalidade latente que se amplia no festeiro ou no devoto torna as imagens que circulam espetáculo pra quem vê. A encenação da fé e da festa sugerem uma fresta de autenticidade, um sentido especial, único, que incita a voltar, ano após ano e tocar, mesmo que de leve, no sagrado.

Fotos: Waleska Santiago

MARIA PAULA CORDEIRO
ESPECIAL PARA O REGIONAL

Fonte: Diário do Nordeste

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