Crato (CE): Encontro debate potencial da janaguba

Para garantir a sustentabilidade no processo de extração do leite de janaguba, planta nativa do cerrado brasileiro, melhorar as práticas de coleta e manejo higiênico que não lesionem as árvores e sua reprodução, além de gerar ocupação e renda para as comunidades extratoras do vegetal, o Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICM-Bio), em parceria com Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal Rural do Semi- Árido (Urfesa), está realizando até hoje o 1º Encontro Sobre a Janaguba.

O evento, que reúne cerca de 80 pessoas entre pesquisadores, comerciantes, extratores e usuários do leite, está acontecendo no Crato. Ao final, espera-se que seja firmado um acordo ambiental, social e econômico em torno das atividades que envolvem a planta. A ideia é expandir o termo para as outras espécies nativas do Cariri que podem despertar interesse econômico.

Na Floresta Nacional do Araripe (Flona), estima-se que existam 30 pés de janagubas por hectares. A espécie tem potencialidades medicinais e é indicada, principalmente, para os tratamentos contra as doenças do sistema digestivo e câncer. Mas também já há relatos do uso no combate à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). Da planta é extraído apenas o látex. Atualmente, apenas em Crato e Barbalha, cerca de 50 extratores sobrevivem da venda deste produto e aproximadamente 100 famílias envolvidas na cadeia produtiva. De acordo com o chefe da Instituição, William Brito, o encontro promoverá a qualidade da coleta, as formas corretas de manipulação do leite da planta e a conservação da espécie. "Estamos produzindo mudas para garantir a reprodução da Janaguba, já que se ela for explorada inadequadamente, poderá entrar em processo de extinção", revela.

Para garantir a reprodução da espécie, a Flona estabeleceu um período de defeso entre os meses de dezembro e janeiro, onde não deve ocorrer a exploração. No momento, está sendo concluída uma pesquisa sobre o impacto ecológico da coleta do leite de janaguba. Em sua tese de doutorado, a pesquisadora, Cristina Baldauf, aponta que a forma tradicional de exploração da planta é sustentável e que ainda não há riscos de extinção da espécie. "Aqui a gente tem um exemplo de uso sustentável combinado com a geração de renda para as comunidades locais", afirma.

Desde a década de 70, quando o médico José Ulisses Peixoto iniciou o tratamento de pacientes com câncer por meio da ingestão do leite da janaguba, a planta vem sendo bastante observada. Porém, os estudiosos indicam que é necessário tomar algumas precauções quanto aos procedimentos extrativistas. A recomendação principal é sobre os métodos de retirada superficial da casca das árvores, respeito ao período de reprodução, remoção de grandes áreas na circunferência do caule, utilização de ferramentas que não agridam profundamente a planta e cumprimento do tempo de espera de três anos entre uma colheita e outra.

Desde 2008, os estudos farmacológicos vem comprovando as propriedades medicinais da janaguba. Há vários relatos de cura dos males. O leite da planta já está sendo vendido em todo o País e até no exterior. No Cariri, o produto pode ser encontrado em praças e mercados públicos ou sob encomenda. O potencial de venda é tão grande que até pequenas empresas foram abertas para dar conta da demanda. Para estabelecer normas de sustentabilidade e de boas práticas de manipulação, o ICM-Bio cadastrou alguns dos extratores. Pioneiro neste tipo de atividade, há aproximadamente 36 anos, o comerciante Marcos Cartaxo Esmeraldo revende o leite da janaguba. Ele conta que, diariamente, em seu depósito, que fica localizado na Rua Cícero Araripe- 257, no Bairro Pimenta, no Crato, diversas pessoas procuram o produto. Mas, os pedidos podem ser feito por fone.

Pesquisadores estudam o leite do vegetal
Tradicionalmente, o tratamento das doenças digestivas e do câncer com o leite janaguba é feito através da ingestão do líquido. Pesquisadores estão estudando as propriedades do produto para checarem à comprovação científica.

A recomendação é que o uso do remédio deve permanecer durante um ano, quando o paciente ingere seis colheres de sopa do produto, diariamente. Para as pessoas que estão enfrentando algum tipo de quimioterapia, a medicação não é aconselhada. Mas, pode ser usada apenas nos intervalos entre um procedimento e outro. O leite da janaguba age no sistema imunológico, aumenta a taxa de linfócitos e expulsa o corpo estranho, além de prevenir contra infecções e inflamações.

Mais informações
Venda do leite da janaguba
Rua Cícero Araripe, 257
Pimenta 
Crato - CE
(88) 3521.0696

YAÇANÃ NEPONUCENA
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste

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