Crato (CE): Acontece a 4ª edição da Guerrilha do Ato Dramático

Está sendo realizado até o próximo dia 25, a quarta edição da "Guerrilha do Ato Dramático Caririense". Ao todo, são mais de 20 grupos de teatro que estão se apresentando no Crato. Os espetáculos acontecem nas ruas, teatros, praças públicas ou em qualquer outro espaço que comporte os espectadores e os artistas. Este ano, a "Guerrilha" teve início no último dia 3.

Para os organizadores, o evento já está consolidado como sendo um das principais oportunidades para exibição dos trabalhos, como um mutirão de grupos regionais de dança, teatro e circo.

Fusão
Durante o período acontece uma fusão entre as companhias recém-criadas e as veteranas. Em cena, os artistas renovam o gosto pelas artes cênicas e oferecem à plateia uma diversidade de estéticas.

Este ano, a "Guerrilha" inaugurou concretamente o processo de intercâmbio com outras regiões do País. Dois dos espetáculos vieram de Fortaleza e de Serra Talhada, no interior de Pernambuco. Neste sentido, está sendo celebrado um ambiente de diálogo entre as experiências artísticas e o fortalecimento da circulação das apresentações, além do escoamento das produções. Devido ao grande número de inscrições para participar do movimento, foi necessária a criação de uma curadoria especial, que selecionou 23 das mais de 40 performances.

Estima-se que aproximadamente seis mil pessoas confiram as exibições. Nesta edição, os espetáculos que tiveram grande sucesso de público nos anos anteriores conseguiram garantir espaço, a exemplo da peça "Esperando comadre Diana", "A comedia da Maldição", "Caboré", "A donzela e o cangaceiro" e "As irmãs castanholas".

Perfil
O perfil do público que confere as peças é formado, geralmente, por estudantes, profissionais de artes cênicas, turistas e comunidade regional.

O movimento contempla os gêneros do drama, comédia, tragicomédia, dança e circo. Entretanto, a preferência dos espectadores é pelos gêneros da comédia e infantil.

A "Guerrilha" tem o diferencial de não ser apenas um evento limitado ao começo, meio e fim. Contudo, prima-se na sequência das produções das companhias regionais, que ao longo do ano realizam pesquisas e elaboram novas encenações.

Durante "A Guerrilha", os artistas trabalham em sistema de cooperativismo, onde cada companhia entra com sua obra como capital, fazendo jus a participação na renda da bilheteria.

Formato
Esse formato foi criado em função da ausência de patrocínios para os cachês. Atualmente, a principal dificuldade dos grupos culturais do Cariri ainda é a limitação de recursos para a elaboração das produções.

Devido ao processo eleitoral, que foi concluído recentemente e seguindo às reivindicações a nível nacional, os artistas que participam do ato estão defendendo a bandeira de criação de fundos municipais para a cultura, com destinação de 2% da arrecadação dos municípios e acesso democratizado pelas políticas de editais.

De acordo com o dramaturgo Cacá Araújo, "A Guerrilha" favorece o surgimento de atores locais, como ele próprio, Emanoel Nogueira e Joylson Kandhare, contribui para a educação e desenvolvimento cultural da população, gera novas demandas e por isso deve ser valorizado.

Segundo ele, os custos das produções são altos e em nenhuma ocasião a arrecadação da bilheteria supre os valores e com relação aos cachês pagos por instituições como o Centro Cultural Banco do Nordeste(CCBNB), Sesc e Dragão do Mar são ínfimos, segundo os organizadores.

Uma nova mudança na oferta do espetáculo surgiu a partir da insatisfação e cobrança do público quanto ao pequeno número de apresentações de artes visuais que aconteciam na região. Além disso, havia a recusa das participações de alguns grupos em grandes eventos da área que eram realizados. Assim, em sinal de protesto, ainda em 2009, os artistas reuniram-se para criar um movimento alternativo de afirmação que contemplasse o anseio popular por outras iniciativas artísticas.

"A Guerrilha do Ato Dramático Caririense", que é uma realização da Sociedade Cariri das Artes e Companhia de Teatro Brincante, em parceria com a Sociedade de Cultura Artística do Crato, tomou proporções maiores e hoje envolve mais de 300 atores, encenadores, produtores, dramaturgos e pesquisadores. A expectativa dos envolvidos é pela conquista de uma maior identificação do grande público e da afirmação da identidade cultural caririense.

Mais informações
Teatro Rachel de Queiroz
Rua Dom Quintino
Centro
Crato - CE
Telefone: (88) 3523.2168

YACANÃ NEPONUCENA
COLABORADORA 

Fonte: Diário do Nordeste

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