Plantão Infotech: Mensagens falsas causam transtornos e trazem riscos à segurança

A professora universitária Sandra Maia Vasconcelos começou a receber e-mails e ligações de amigos e conhecidos prestando solidariedade pelo sumiço da filha dela, a adolescente Ashley Flores, de 13 anos. Dispostos a ajudar a encontrar a menina, internautas reenviavam o e-mail com a foto da garota para todos os contatos de suas listas. Quem conhecia a funcionária pública, fazia mais, e ligava oferecendo orações e apoio emocional. O único problema é que a garota não era filha da professora e também não estava desaparecida. Tudo não passa de uma ´brincadeira´ de mau gosto.

O caso da adolescente sumida Ashley Flores vem, há cerca de seis anos, trazendo preocupação e aborrecimento para muitas pessoas ao redor do mundo. A mensagem que informa o desaparecimento da jovem circula pela internet desde 2006, em vários idiomas. Em cada país ou estado, a história ganha novos ingredientes para dar mais credibilidade à história. Um engenheiro já foi o pai da garota e aqui no Ceará, ele seria casado com a professora da UFC.

Mensagens
As mensagens, que são divulgadas por e-mail ou pelas redes sociais, afirmam que Ashley sumiu há duas semanas, mas não informam a data, o que faz com que seja repassada várias vezes e quem a recebe pela primeira vez pode achar que o texto é recente.

O e-mail não cita características físicas, que roupa ela estaria usando quando desapareceu, onde foi vista pela última vez, não acrescenta nenhum detalhe que possa ajudar na identificação da adolescente.

Na última semana, a "triste história" de Ashley e da sua suposta "família" chegou ao e-mail da editoria de Polícia do Diário do Nordeste e relatava no assunto, o "pedido emergencial de um colega da UFC (Universidade Federal do Ceará)".

O conteúdo da mensagem revelava o drama de uma mãe, que clamava por ajuda. "Passe foto a todo o mundo, nunca se sabe. Por favor, olha a foto, lê a mensagem de uma mãe desesperada e passa foto a todos seus contatos", dizia um trecho do arquivo.

O apelo funcionou e os e-mails foram se espalhando rapidamente. Ao checar a informação, a reportagem descobriu que tudo não passava de uma farsa e resolveu contar o drama que a funcionária pública vem enfrentando há cerca de um mês.

"Para mim não teve graça nenhuma passar por esse constrangimento", desabafou a professora doutora, que dá aulas no mestrado e doutorado do Curso de Letras da UFC. "Infelizmente eu fui a escolhida da vez e está sendo muito aborrecedor", lamentou a professora.

Sandra disse ter recebido o primeiro e-mail de um conhecido perguntando se era verdade que a filha dela estava desaparecida. "Os contatos que apareciam no texto eram do tempo em que eu chefiava um departamento, cargo que não ocupo há mais de dois anos". Além do número do telefone do trabalho, o e-mail continha ainda o número do celular da professora e o link para o currículo acadêmico dela.

Transtornos
Mas os transtornos estavam apenas começando. Ela realizou uma busca e descobriu o que estava acontecendo. A funcionária pública retornou a primeira mensagem esclarecendo o fato de não ter nenhuma filha desaparecida e também que o nome do marido dela era outro e não o que aparecia no texto. Quando o número de pessoas repassando o ´engodo´ aumentou, a professora resolveu enviar um e-mail para todos os seus contatos desmentindo o boato. Não funcionou. Ela contou que, desde setembro deste ano, não há um dia sequer em que não tenha que esclarecer, seja por e-mail ou telefone, que teve o nome envolvido em uma fraude.

A funcionária pública disse que vai aguardar até o fim deste mês o desfecho da ´brincadeira´. "Se não parar de receber mensagens ou telefonemas, vou fazer um Boletim de Ocorrência para tentar descobrir quem começou isso". A professora teme ainda que o nome dela esteja sendo usado em outras fraudes.

Há cerca de uma semana, Sandra Maia recebeu e-mail de um suposto professor da Universidade Federal do Mato Grosso dizendo que "a permuta entre os dois não daria certo". Ela respondeu, indagando a que o remetente da mensagem estava se referindo, já que ela nunca cogitou sair do Ceará em uma transferência de unidade de ensino. "Não sei o que pode acontecer depois se isso continuar", afirmou.

Protagonista
Ashley Flores, segundo sites especializados em desvendar o que está por trás das correntes e e-mails que espalham boatos eletrônicos, como - www.quatrocantos.com e www.e-farsas.com -, é uma pessoa real e um amigo dela teve a ideia de fazer uma brincadeira com a menina, em meados de 2005, aproveitando alguns textos falsos famosos que rondavam a internet na época... A ´brincadeira´ ganhou contornos mundiais e a história falsa do desaparecimento tem versões em inglês, francês, espanhol, português e até japonês. No início dos anos 2000, outro e-mail invadiu a web dando contava que uma criança, conhecida como Penny Brown estaria desaparecida. O texto era falso e teria servido de inspiração para o amigo da jovem Ashley Flores a criar o e-mail falso que tem trazido transtornos e aborrecimentos para muita gente.

Fonte: Diário do Nordeste

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