Livro traz fatos curiosos sobre a vida de Lampião

Acredita-se que Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, tenha nascido no dia 4 de junho de 1898. Enveredou pelo crime aos 16 anos. Um vizinho rouba de seu pai uma cabra. Enfurecido, cheio de rancor, ele se une a seu irmão Antonio e castiga o ladrão, matando-o. Lampião foge desesperadamente com Antonio e seu outro irmão, Livino, formando uma trindade violenta. A perseguição é constante, todavia, os irmãos levam vantagem nos embates. Virgulino ingressa no bando dos Porcinos, mas fica por pouco tempo. Após o crime, ele ficou bastante conhecido.

Essa e outras histórias interessantes referentes à vida do considerado Rei do Cangaço estão no livro "Curiosidades e fatos sobre Lampião", de autoria do historiador e empresário Haroldo Felinto, lançado no último sábado, na Casa de Juvenal de Galeno, no Centro de Fortaleza.

O autor, a partir de sua pesquisa, oriunda de vasta bibliografia "cangaceira", traz fatos e atos perpetuados pela memória, pela lenda e pelo mito. Traduzidos também pela memória oral dos muitos que viveram o Cangaço, que assolou o Nordeste, notadamente entre os anos de 1918 a 1938, época marcada pelo reinado de Lampião. O surgimento do Cangaço, porém, data do século XVIII, tendo José Gomes, conhecido por Cabeleira, como anfitrião. Cabeleira foi o primeiro cangaceiro.

Episódios
Ao mesmo tempo em que apresenta aos leitores episódios marcantes da trajetória de Lampião, Haroldo Felinto também navega pelo oceano do conto e da prosa, reunindo histórias e estórias dignas de serem conhecidas por todos que desejam conhecer um pouco mais sobre o universo do Cangaço.

Segundo o autor, são três versões sobre o apelido de Lampião. A primeira, quando ele trabalhava para o coronel Delmiro Gouveia, diz que uma mula de Virgulino esbarrou em um dos lampiões da iluminação pública, derrubando o equipamento. Tal episódio foi suficiente para que nascesse o apelido.

A segunda versão, a que Haroldo Felinto considera a mais verídica, remete à época em que Virgulino, franzino, com 16 anos, se apresentou como guerrilheiro para entrar no grupo do cangaceiro Sinhô Pereira, que teria perguntado ao menino que qualidades ele trazia para ingressar no grupo.

Virgulino se emociona, olha para os lados, atenta nas faces rudes dos componentes do grupo que o cerca. Receia não ser recebido pelos integrantes e, com uma voz firme e arrogante, expressa numa comparação matuta: "O meu rifle, no pega desta noite, não deixou de sê clarão". O grupo explode de risadas e um dos componentes fala: "Home, se é assim, o rifle deste menino é que nem um lampião".

A última versão conta que, certa vez, um dos colegas de Virgulino deixou cair um pente de bala no chão, mas não encontrava devido à escuridão. Lampião atirou e clareou tudo, fazendo com que o amigo achasse o objeto.

Injustiças
Para Haroldo Felinto, muitas foram as razões pelas quais Lampião se tornou pernicioso. Uma delas foi o sentimento sertanejo, de enxergar no Cangaço a explosão do seu anseio por justiça contra as formas estabelecidas pelos abusos políticos e pelas ordens dos coronéis, que, na opinião do autor, formam um "complexo de justiça injusta, arbitrária e unilateral".

Conforme o autor, Lampião nunca foi preso. Sempre que possível, frequentava a missa com seu bando, mas não entrava armado na igreja. Usava roupas de caqui e de mescla azul, sendo que esta era usada para confundir com as vestimentas da polícia. "Lampião era forte, tinha 1,80 de altura, cabelos longos, além de ser muito inteligente e um exímio atirador", destaca.

Haroldo Felinto nasceu na Vila de Trussu, distrito de Acopiara, onde concluiu seus primeiros estudos. É bacharel em Letras, e tem vários cursos de extensão universitária e vários trabalhos publicados em jornais de Fortaleza. Também é sócio-fundador da Associação dos Filhos e Amigos de Acopiara (Amiga) e ocupa a cadeira 9 da Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará (Almece).

Mais informações
Livro: Curiosidades e fatos sobre Lampião
Editora Premius
Autor: Haroldo Felinto
Telefone: (85) 3214.8181

Fonte: Diário do Nordeste

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