Crato (CE): Cidade registra proliferação de barbeiro

Após recolherem diversas amostras do barbeiro, inseto transmissor da doença de Chagas, os moradores do Bairros Grangeiro, Lameiro e Coqueiro, neste município, estão convivendo com um problema de saúde pública, que eles consideram grave. Diante da verificação da existência do besouro nas localidades, a preocupação é com as ações de controle, por parte dos órgão públicos responsáveis. Há cerca de quatro meses, a ocorrência do vetor está sendo mais frequente. Entretanto, ainda não há nenhum registro de pessoas picadas. No momento, através das redes sociais, está sendo organizada uma mobilização social para alertar sobre os perigos do contágio e para tentar desenvolver campanhas educativas quanto aos modos de identificação do barbeiro.

O município é considerado como uma região endêmica para o barbeiro, principalmente na zona rural do Município. Este ano, foram encontrados vários focos do vetor. Mas, apenas a existência do inseto no bairro Grangeiro foi registrado pela Secretaria de Saúde. A Vigilância Epidemiológica só notifica dados referentes aos casos agudos, onde diversas pessoas são contaminadas no mesmo período.

Nos últimos 20 anos, não há informações sobre a forma aguda da doença. Apesar de serem localidades urbanas, no Lameiro, Coqueiro e Grangeiro ainda predominam os hábitos rurais. Além deste fator, a vegetação, formada por coqueiros, palmeiras e árvores de grande porte contribui para a permanência do besouro nestas áreas.

A servidora pública Manuella Maria de Brito conta que já encontrou e retirou diversos barbeiros próximos à residência. "Estamos passando por um surto de barbeiros. Agora, todos correm risco de saúde e é necessário que sejam tomadas as providências garantidas pelo Ministério da Saúde. Não é justo que nos dias de hoje, a gente ainda tenha registros de uma doença como essa", afirma.

Já o aposentado Francisco Elizaudo diz que está observando e capturando os barbeiros. Do último mês de janeiro até hoje, ele já recolheu mais de 20 besouros, sendo que quatro deles ainda estavam vivos. Todo o material encontrado foi encaminhado ao Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) para a verificação, por meio de análises clínicas, da existência do protozoário presente nas fezes vetor. "Ultimamente, eu tenho solicitado à Secretaria de Saúde que envie agentes para fazer a dedetização das áreas onde o barbeiro está aparecendo. Mas, a informação que recebo é a de que não tem veneno disponível no momento. Estou angustiado e muito preocupado com o bem-estar da comunidade", disse Francisco. Com medo de estar acometido pelo vírus da doença de Chagas, o aposentado já realizou exames sanguíneos.

No sentido de combater o inseto, a Secretaria de Saúde do Município informou que irá efetuar uma busca ativa para verificar e notificar a existência do barbeiro no Grangeiro. Somente se for constatada a presença do vetor, o órgão irá fazer uma ação de dedetização. Este ano, já foram cumpridas buscas ativas e aplicação de inseticida na zona rural, mais especificamente nos Sítios Bebida Nova, Corujas e Luanda. Já na zona urbana, a ação foi executada onde houve reclamações da população. A presença do barbeiro em áreas urbanizadas é consequência do processo de desenvolvimento das cidades, principalmente, devido ao desmatamento. Geralmente, a predominância do inseto ocorre onde há vegetação que oferece condições adequadas ao seu habitat natural.

O barbeiro também é conhecido como chupão, chupança, bicudo, fincão ou procotó. Mesmo diante dos exames positivos para a espécie, os barbeiros destas localidades podem não estar infectados pelo protozoário Trypanosoma Cruzi, que é encontrado em animais como o macacos, raposas, tatus, cães e gatos. Para o coordenador de endemias da Secretaria de Saúde do Crato, Marcos Aurélio Monteiro, a presença do vetor na área urbana não caracteriza riscos para a população. "É preciso que a sociedade entenda que o fato do barbeiro estar na localidade não implica que as pessoas estejam expostas a surtos epidêmicos. O inseto pode não estar infectado", revela.

Atenção aos sintomas após picada do inseto
A doença de Chagas é grave e pode levar à morte. Ela é transmitida pelo inseto chamado barbeiro e pode contaminar tanto pessoas como animais domésticos e outros mamíferos. Após a picado do besouro, o primeiro sinal da doença é uma marca parecida com um furúnculo. Mas também pode ocorrer a inchação da pálpebra de um olho, febre baixa e contínua, falta de apetite e mal-estar. O período de incubação do vírus é de aproximadamente dez anos. Com o agravamento do caso, a doença de Chagas pode atingir o coração, estômago, intestino e outros órgãos. O barbeiro chupa o sangue das pessoas geralmente à noite, quando elas estão dormindo. Como forma de precaução, é necessário cuidados como construir paredes que fiquem lisas e sem buracos, realizar sempre a limpeza atrás de quadros, colchões, camas, malas.

YAÇANÃ NEPONUCENA
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste

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