A construção do mito Joaquim Barbosa

A personificação de ideias ou instituições é uma estratégia política conhecida e usual. Identificada por Orwell em seu romance 1984 ao representar o Estado pelo Grande Irmão e a oposição por Goldstein, o grande inimigo do partido, é uma técnica milenar utilizada por governos e meios de comunicação. De Osama Bin Laden como símbolo do terror a Tiradentes como herói inventado da República, pessoas são usadas como imagem de ideologias para que essas se tornem melhor identificáveis pela população. De fato, é mais fácil acreditar em homens a ideias.

Escândalo de corrupção em 2005 no país da impunidade; é descoberto um enorme esquema de compra de votos parlamentares envolvendo políticos do PT. Sete anos depois, o julgamento e a expectativa da pizza. Seria a desmoralização completa e definitiva do poder judiciário na Bruzundanga? Terá o fato de que a maioria dos ministros foi indicada por aliados dos réus alguma influência? Muçarela ou calabresa? Parem os motoboys! Os dois Josés, Genoíno e Dirceu, estão condenados junto a Delúbio Soares por corrupção ativa. O Brasil tem jeito. “É um freio de arrumação para a política”, disse Joaquim Barbosa, o “menino pobre que mudou o Brasil”. O único ministro negro do STF e novo presidente do tribunal é agora também herói nacional. Será mesmo?

Vetou a extradição de Cesare Battisti, votou a favor da constitucionalidade da política de cotas raciais e ainda solapou a propriedade privada ao votar pela demarcação contínua da reserva Raposa Serra do Sol, além de frequentar festas sob licença médica e privar a população de uma saudável concorrência para satisfazê-la ao garantir o monopólio estatal dos correios. O ministro não é Deus, não é infalível, não é uma personificação absoluta da justiça como vem sendo sugerido na imprensa e nos imparáveis compartilhamentos nas redes sociais.

A imagem de Joaquim Barbosa como vem sendo representada é uma tentativa de simbolizar uma esperança, um conforto ou simplesmente, transformando em afirmação uma pergunta recente capa da IstoÉ, que “vai ser mais difícil roubar”. Talvez a construção do mito seja útil a uma tentativa de aliar à euforia de ter se tornado uma das maiores economias do mundo a ideia de que o Brasil colocará um fim à corrupção e logo se tornará um país de 1º mundo. A verdade é que com o Estado intervencionista, a carga tributária e a quantidade de leis estúpidas brasileira, o país ainda está longe do ideal. O ministro acertou ao condenar os corruptos, mas acredito que seja ingenuidade aceitar esse mito para engolir essa imagem do Brasil.

Fonte: Blog da Comunicação

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