O dia em que a independência do Brasil chegou ao Ceará

Se o grito de independência do Brasil, alardeado às margens do riacho Ipiranga, se deu em 7 de setembro de 1822, a informação demorou um tanto para chegar em terras cearenses. É que, àquela época, o que se passava no hoje Sudeste do País não chegava tão rápido assim aos recantos mais ao norte do mapa brasileiro.

Naquele setembro, enquanto um pedaço do Brasil festejava a independência do domínio português, o Ceará ainda se via como província de Portugal. No sul do País, a população respirava os ares da mudança; aqui, brasileiros e portugueses se rebelavam, num derramamento de sangue que acabou por tornar-se dos mais trágicos da história do Estado.

Completados 190 anos da Independência do Brasil, O POVO conversou com historiadores, revirou publicações e tenta, agora, contar resumidamente o que se passava em terras alencarinas no remoto setembro de 1822, que hoje é lembrado ao largo do que ecoou no Nordeste do País naquele grito de libertação.

Influências
No Ceará daqueles tempos, havia, sim, um movimento pela independência do País. Tudo comandado por Tristão Gonçalves e José Pereira Filgueiras. Diz o historiador cearense Aírton de Farias que, àquela época, o rico fazendeiro Pereira Filgueiras, sujeito rude do Crato, era manipulado pela família Alencar, das mais influentes do território cearense.

Já eram meados de outubro de 1822 quando os cidadãos que aqui viviam reuniram-se para uma eleição dos representantes da Constituinte brasileira.

Até ali, os mal-informados cearenses ainda não tinham conhecimento sobre o que havia se passado no 7 de setembro do então Sul do País. “Ante as dificuldades de comunicação, não se sabia ainda da independência ‘oficial’ do Brasil”, rememora Aírton.

O que aconteceu é que, a partir daí, lusitanos inconformados com a decisão dos cearenses de fazer a tal eleição, iniciaram conflito com os brasileiros que aqui viviam. O incidente, que começara com socos e pontapés, acabou por configurar-se numa sangrenta batalha em Icó, no Centro-Sul cearense.

No confronto, brasileiros saíram vitoriosos e, enfim, elegeram os representantes cearenses na Assembleia brasileira. Somente em janeiro do ano seguinte, o presidente da nova junta que se formara, Pereira Filgueiras, assume o poder. Neste ínterim, portugueses são proibidos de ocupar cargos públicos no Ceará. Já em março, é eleita uma nova junta governista chefiada pelo padre Francisco Pinheiro Landim. A partir daí, o Ceará poderia se dizer num princípio de independência das amarras lusitanas.

Raquel Maia

Fonte: O Povo

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