Juazeiro do Norte (CE): Semana destaca inclusão do deficiente

O processo de inserção social de pessoas com deficiência na região do Cariri ainda continua a passos lentos por parte das empresas. Com o objetivo de estimular os empreendedores no processo de inclusão, foram realizadas homenagens a instituições que têm contribuído para avanços na contratação desse público em seus quadros funcionais.

Esses princípios têm norteado a II Semana Comemorativa em Homenagem ao "Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência", no Cariri.

Homenagens
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), dos Municípios de Crato, Juazeiro do Norte e Iguatu, foram homenageadas, além da Zenir Móveis e a Urca, em solenidade ocorrida na manhã de ontem, no encerramento da semana, no auditório do Centro de Ciência e Tecnologia da universidade, em Juazeiro do Norte. Segundo a gerente do Sine/IDT de Juazeiro do Norte, Conceição Araújo, atualmente, só na cidade estão no mercado de trabalho 42 pessoas, contratadas entre os meses de junho e agosto deste ano.

Estão na fila, à espera de novos postos de trabalho, 150 pessoas com algum tipo de deficiência. Conforme a gerente, todos são profissionais qualificados. Mesmo assim, ela diz que os avanços têm ocorrido de forma gradativa. "Temos percebido essa mudança de forma lenta, que resulta num novo paradigma na sociedade e nas empresas", afirma a gerente.

Representantes
A solenidade contou com a presença de representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT), no Estado do Ceará, da Superintendência Regional do Trabalho, e da chefia do Sine /IDT, representada pelo presidente em exercício, Gilvan Mendes. Ele destacou a importância da conscientização nas empresas do Estado, dentro do cumprimento da Lei de Responsabilidade Social, além da própria universidade, com o desenvolvimento de projetos adequados às técnicas de acessibilidade.

O procurador do Trabalho, Leonardo Holanda, disse que o Cariri poderá se tornar um exemplo no desenvolvimento do projeto de inclusão das pessoas com deficiências nas empresas. Para isso, ressaltou o crescimento econômico que a região vem obtendo nos últimos anos, com a instalação de empreendimentos diversificados. Ainda frisou o exemplo que deve ser dado pelas empresas nesse sentido. Segundo ele, o momento é de comemoração e de avaliação. "Estamos ainda engatinhando no processo de inclusão. É importante que tenhamos como norte a inclusão plena e efetiva", disse.

A pró-reitora de Extensão da Urca, Sandra Nancy, ressaltou a inclusão de pessoas com deficiência não apenas com novos postos de trabalho, mas a adequação da instituição para receber alunos, com a contratação de profissionais tradutores de Braille. Segundo ressaltou, serão investidos R$ 126 mil em projetos de acessibilidade nos prédios da universidade.

Dificuldades
Mas, as dificuldades para conseguir vagas no mercado chega a revoltar pessoas portadoras de deficiência que querem trabalhar. Esse é o caso de Ivan Viera de Lima.

Ele vem lutando por um emprego, mas se sente discriminado e afirma ser essa uma luta em que as conquistas ainda são poucas. "Sei das dificuldades do dia a dia para as pessoas com deficiência. E são muitas", lamenta.

Ivan conta que fez teste numa empresa de ônibus para uma vaga destinada aos deficientes, mas acabou perdendo para as pessoas que não tinham deficiências. Ele não podia pegar peso, mas ao mesmo tempo questionou que esse quesito não foi exposto, principalmente no caso dele. Uma realidade classificada pelo postulante ao emprego de "preconceituosa".

A defesa dos direitos de inserção no mercado de trabalho dos deficientes, segundo o procurador, é uma das bandeiras do Ministério Público do Trabalho. Ele afirma que muitas empresas acabam alegando que há falta de preparação das pessoas. "Devemos ter profissionais mais habilitados, para a plena efetivação das pessoas com deficiência", constatou. Ele disse que o Ministério Público do Trabalho, em Juazeiro do Norte, está à disposição da comunidade, apto a receber também denúncias de empresas que não estejam cumprindo a legislação.

Para Ivan Vieira, não é o deficiente que tem que se adequar à empresa, mas deve ocorrer o contrário, para que as pessoas possam fazer parte do mercado produtivo e viver de forma digna.

Fonte: Diário do Nordeste

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