Hospitais públicos do Ceará perderam 550 leitos nos últimos 7 anos

A rede pública de saúde no Brasil teve uma perda considerável, nos últimos sete anos, em relação ao número de leitos, com o total de 42 mil desativados. O Ceará, entre 2005 e 2012, passou de 16.475 leitos para 15.925, uma perda de 550 unidades, o que representa redução de 3,3%. Os dados foram divulgados, ontem, pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A análise mostra que essa queda, assim como a falta de investimentos na saúde pública, são obstáculos para o exercício da medicina.

O levantamento aponta, dentre as especialidades mais atingidas com as perdas, o da psiquiatria (9.297); pediatria (8.979); obstetrícia (5.862); cirurgia geral (5.033) e clínica geral (4.912). A falta de financiamentos e de infraestrutura é considerado pela análise como fator impactante no número de leitos disponíveis, prejudicando, assim, o trabalho médico.

Apesar do registro negativo, o Ceará, conforme os dados apresentados pelo CFM, aparece em melhor situação, na queda de leitos do Sistema Único de Saúde (SUS), se comparado a outros estados da região Nordeste. Nos últimos sete anos, o Maranhão, por exemplo, perdeu 2.690 unidades; a Paraíba, 1.986; a Bahia, 1631 e Pernambuco, ficou sem 1.073 leitos.

Outro fator apontado como preocupante para o exercício da medicina é a descentralização dos médicos no País. Para a CFM, com 371 mil profissionais registrados e razão de 1,95 médicos para cada mil habitantes, o Brasil possui médicos suficientes. Contudo, a distribuição igualitária, abrangendo as regiões mais desassistidas, depende de políticas públicas de valorização desses profissionais, com boas condições para se oferecer assistência médica de qualidade, com equipamentos e leitos suficientes. Com uma população de mais de oito milhões de habitantes, o Ceará tem 9.362 médicos registrados no CFM e razão de 1,11 para cada mil habitantes.

Para o médico ouvidor do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec), Roberto Wagner de Araujo, é perceptível que a falta de leitos, de fato, exista. No entanto, conforme reforça, se trata de uma situação evidente não apenas no Ceará, mas em todo o País. "Isso explica o número de pacientes que são atendidos de forma inadequada", ressalta ele.

Segundo o médico, para reverter a situação, se faz necessário um maior investimento por parte do Estado. Ele acredita que as novas construções hospitalares anunciadas pelo Governo, aliadas ao aumento do número de profissionais, promova uma melhora na saúde pública do Ceará. "A saúde está presente como direito a todos, e é isso que esperamos que aconteça", enfatiza.

Investimentos
O secretário da Saúde do Estado, Arruda Bastos, informou que o Ceará tem investido constantemente na construção de novos hospitais, principalmente no Interior, e, por consequência, uma grande ampliação no número de leitos. "Talvez, o Ceará tenha sido o único do Brasil a investir recurso do próprio tesouro do Estado para a ampliação de leitos públicos".

Conforme o gestor, entre os hospitais regionais, serão mais 400 leitos no Hospital Regional Norte, em Sobral; 500 no Hospital Regional Metropolitano, em Maracanaú; mais 258 no Hospital Regional do Sertão Central, em Quixeramobim e mais 300 vagas no Hospital Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte, em funcionamento desde 2011. "Além disso ampliamos o número de leitos nos hospitais já existentes", destacou.

Sobre a distribuição dos médicos, ele esclareceu que o Governo está ampliando e interiorizando vagas de residência médica, com a incorporação de mais 100 novas vagas para a formação de especialistas das novas redes de atenção à saúde no Ceará.

Queda
550 representa o número de leitos públicos perdidos no Estado do Ceará, entre os anos de 2005 e 2012, o que representa um corte de 3,3%, conforme a análise.

Fonte: Diário do Nordeste

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