MPF alerta para falta de infraestrutura no Geopark

O Ministério Público Federal (MPF), neste Município, instaurou procedimento administrativo para tratar das condições atuais de infraestrutura e segurança do Geopark Araripe. O procurador federal, Rafael Ribeiro Rayol, destaca a necessidade de melhorias nas áreas dos nove geossítios, no intuito de atender aos visitantes e assegurar a proteção do patrimônio cultural.

De acordo com ele, autor de despacho que instaurou o procedimento, "qualquer um pode adentrar nos geossítios e subtrair ou danificar o que bem entender, inexistindo sequer guias para atender a população e promover a função essencial do Geoparque de fomentar a educação ambiental e o desenvolvimento sustentável na região", relata.

Criado na região do Cariri há quase cinco anos, o projeto, administrado pela Universidade Regional do Cariri (Urca), conquistou o Selo Verde, após avaliação técnica de integrantes da Rede Global de Geoparks, na qual detém a chancela internacional da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

O certificado foi entregue em maio deste ano, durante a Conferência Mundial de Geoparks, realizada no Japão, com validade de mais quatro anos. Os técnicos avaliaram "in loco" todos os procedimentos realizados nos primeiros quatro anos da criação do projeto, para aprovar novamente a chancela.

Um dos coordenadores executivos do projeto, Idalécio Freitas, afirma que várias ações foram e continuam sendo desenvolvidas pelo projeto na região, inclusive, por meio de parceria com o Governo do Estado, e também com alguns dos Municípios inseridos no projeto.

Entre eles está Crato, cidade que detém a sede administrativa, inaugurada neste ano com investimentos do Ministério da Integração Nacional (MIN). Segundo o coordenador, vários projetos de infraestrutura estão em andamento, incluindo a sinalização de toda a área do Geopark, além da infraestrutura voltada para o receptivo.

Ele cita os receptivos que estão em andamento para serem desenvolvidos em todas as áreas dos geossítios. Na Cachoeira de Missão Velha, por exemplo, ele afirma que será construído um guarda corpo para dar mais segurança aos visitantes, além de proteger o patrimônio. Idalécio Freitas ainda destaca que os geossítios estão inseridos em 11 unidades de conservação, duas delas federais, uma estadual e as municipais, além de uma particular. Ele ressalta que o Geopark Araripe não possui guias, no entanto, tem parcerias com associações para o desenvolvimento desse trabalho, a exemplo da Aconguia.

Formação
Atua também na formação de novos guias, em parceria com o Senac. O resultado desse trabalho foi a formação de uma turma de técnicos destinada ao desempenho dessa atividade na região. "Quando há a necessidade é solicitada a presença do guia", afirma ele.

Em relação à segurança, Idalécio afirma que, em algumas localidades, há parcerias com administrações para a realização desse serviço, a exemplo do Geossítio Riacho do Meio, em Barbalha. Em Santana do Cariri, além dos serviços de guias, há os vigilantes da Urca, principalmente, na área do Museu de Pelontologia de Santana do Cariri. No Pontal de Santa Cruz e também no Parque dos Dinossauros há a presença de vigilante.

Segundo o coordenador, esse trabalho só acontece em Missão Velha, mas há rondas contínuas da polícia no local. Na área da Floresta Petrificada, também em Missão Velha, onde estão os vegetais fossilizados, ele informa que vem sendo feito um trabalho de conscientização junto à comunidade, no intuito de proteger o patrimônio natural.

Idalécio coordena o projeto "O Pequeno Paleontólogo", no intuito de educar quanto à importância desse patrimônio, além de incentivo à doação das peças encontradas nas mineradoras e outras localidades de Santana do Cariri, ao Museu de Paleontologia. No fim do ano, será realizado um encontro com os doadores. O projeto também proporcionou um inventário geológico da região.

Unesco
Geopark é uma marca atribuída pela Unesco a uma área onde ocorrem excepcionalidades geológicas que são protegidas e aproveitadas como elementos indutores de educação ambiental e de desenvolvimento sustentável. Um geopark deve gerar atividade econômica, notadamente por meio do turismo, e envolver um número de sítios geológicos de importância científica, raridade ou beleza, incluindo formas de relevo e suas paisagens. Aspectos arqueológicos, ecológicos, históricos ou culturais representam importantes componentes de um geopark.

O território do Geopark Araripe abrange seis Municípios: Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri, totalizando uma área de 3.796 km². O MPF também destaca que a região contém a principal jazida de fósseis cretáceos do Brasil e a maior concentração de vestígios de pterossauros do mundo, além de 20 ordens diferentes de insetos fossilizados, com idade estimada entre 70 milhões e 120 milhões de anos, possuindo ainda o registro e exemplares da única floresta petrificada (fossilizada) da América Latina, com espécies de centenas de milhares de anos.

Mais informações
Escritório Geopark Araripe
Carolina Sucupira, S/N, Pimenta
Crato
Telefone : (88) 3102.1237

Ministério Público Federal (MPF)
Lagoa Seca
Juazeiro do Norte

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste

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