Juazeiro do Norte (CE): Alta dos aluguéis provoca evasão no Centro

Uma das principais ruas do comércio caririense está passando por uma fase de evasão de lojistas, em virtude da alta nos aluguéis. A Rua São Pedro, "coração do comércio" de Juazeiro, está com mais de 30 lojas fechadas. Os lojistas reclamam dos altos preços dos aluguéis praticados pelos proprietários dos imóveis e procuram outras áreas comerciais da cidade, onde o movimento lojista se encontra em ascensão. Os bairros Pirajá e Novo Juazeiro são os mais procurados pelos empresários.

Nos últimos três anos, os aluguéis, em virtude da especulação imobiliária, têm sido um dos principais problemas para a maioria dos lojistas, não apenas da São Pedro, mas do Centro da cidade. O comércio concorrido, que diariamente recebe consumidores dos Municípios do Cariri e até de Estados vizinhos, a exemplo de Pernambuco e Paraíba, também chama a atenção de investidores. Por conta disso, tem provocado a especulação na área, segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), de Juazeiro do Norte, Michel Araújo.

Há a pretensão da entidade de solicitar interferência do Ministério Público. Ele considera que não há "o menor parâmetro" praticado para a definição dos preços dos aluguéis. O coordenador do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci), no Cariri, Fagner Canuto, afirma que uma das orientações dadas aos corretores filiados é que os aluguéis não devem ultrapassar, em média, os 3% do faturamento da empresa.

De acordo com o coordenador do Creci, essa realidade tem fugido de todos os parâmetros, por conta da disparidade de preços. Ele afirma que há aluguéis que chegam a comprometer mais de 20% do orçamento da empresa. Para o presidente da CDL, que chegou a mudar suas empresas da Rua São Pedro para locações transversais, esse valor fixo é um capital muito importante para a empresa, por ser um valor comprometido diretamente com orçamento mensal.

Descentralização
Mas, por outro lado, a cidade amplia sua área comercial para um dos espaços que, na última década, tem surpreendido pela grande quantidade de lojas instaladas. A Avenida Ailton Gomes, no bairro Pirajá, passou a ser um forte referencial no setor. E esse crescimento tem se expandido para o bairro vizinho, o Novo Juazeiro. No ano passado, foi inaugurada na área uma agência do Banco do Brasil. Neste ano, chegou uma da Caixa Econômica Federal (CEF).

Em apenas um quarteirão da Rua São Pedro, podem ser contados mais de dez lojas com placas de vende-se ou para alugar. Segundo a comerciante Maria Fátima Sousa, as pessoas "perderam a noção dos valores". Ela afirma que um comércio em frente ao seu foi alugado por R$ 2,2 mil. O locatário não conseguiu fechar o mês, mesmo depois de financiar a reforma do local. "Ele não chegou sequer a tirar o valor correspondente ao aluguel", diz ela. O imóvel está fechado há mais de um ano. E essa realidade acontece com vários deles no Centro.

Para Fagner Canuto, a disparidade de preços para imóveis no mesmo perfil é muito grande. Esses valores variam de R$ 1 mil a R$ 3 mil. Ele afirma que o ajuste de mercado, como forma de conter a especulação, só acontecerá em médio prazo. Os valores mais altos dos aluguéis são praticados, principalmente, no trecho da Rua São Pedro, entre as praças Padre Cícero e da Prefeitura Municipal.

Nos últimos dois anos, segundo Canuto, a realidade imobiliária de Juazeiro do Norte, vem mudando. Antes, se vendia mais na planta. Atualmente, há um estoque de imóveis. Ele avalia que, por conta dessa disparidade de preços, há uma grande dificuldade para comercialização. Outra área em expansão do comércio é identificada nas proximidades do Cariri Garden Shopping. Os novos empreendimentos comerciais da Avenida Castelo Branco, são exemplo disso. Algumas galerias comerciais foram construídas nas proximidades. E os preços, conforme Michel Araújo, chegam a até R$ 4 mil, para salas de 16 m² e 40 m².

Mais informações
Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL)
Av. Padre Cícero, 576
Juazeiro do Norte
Região do Cariri
Telefone: (88) 3512.6172

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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