Estado terá R$ 111,8 mi para combater o crack

O Ceará é o 12º Estado do Brasil a aderir ao programa federal "Crack, é Possível Vencer", que tem o objetivo de aumentar a oferta de tratamento de saúde e atenção aos usuários, enfrentar o tráfico de drogas e as organizações criminosas e ampliar atividades de prevenção por meio da educação, informação e capacitação, com um investimento de R$ 111,8 milhões até 2014. Deste valor, R$ 79,6 milhões são do Ministério da Saúde, R$ 24,8 milhões, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, e R$ 7,3 milhões do Ministério da Justiça.

Por meio de ações lideradas pelo governo federal, Estado e municípios, o programa vai investir R$ 3,92 bilhões para combater a droga. Os eixos de atuação são cuidado (saúde), autoridade (segurança pública), além de prevenção.

A adesão do Ceará ao programa foi confirmada na tarde de ontem, por meio de uma videoconferência liderada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, com a presença da secretária Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Regina Miki; da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins; do vice-governador do Estado, Domingos Filho, e do secretário da Saúde do Estado, Arruda Bastos, entre outras autoridades. "Com essa iniciativa, queremos ter ambientes mais seguros e pessoas afastadas desse vício", comentou Padilha.

Investimento
Com a verba, o Ceará poderá criar mais de 200 leitos para atendimento aos usuários de drogas, especialmente o crack, e qualificar seis Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps), que passam a atender 24 horas, além de três novos Consultórios de Rua e duas novas Unidades de Acolhimento.

Para o combate, medidas conjuntas serão realizadas entre os guardas municipais e policiais militares, que vão intensificar a fiscalização nas áreas atingidas pela droga. Serão capacitados 160 profissionais de segurança pública para atuar em locais de uso de crack e outras substâncias. A expectativa é que a utilização de câmeras móveis e fixas contribua para minimizar crimes e o tráfico de drogas.

Além disso, uma das missões da segurança pública com o programa será elaborar ações de inteligência para saber por onde passa e anda o mercado de crack no estado. As ações beneficiarão também o Interior, à medida que forem se concretizadas na Capital. Para contribuir com a área social, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome irá financiar mais três Centros de Referência Especializada em Assistência Social (Creas) e quatro Centros de Referência em Assistência Social (Cras) em Fortaleza.

O programa também conta com a atuação dos ministérios da Justiça, da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, além da Casa Civil e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Além do Ceará, Piauí, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Acre, Santa Catarina, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Paraná já fazem parte da iniciativa.

Usuários
Dados da Pesquisa Anual sobre a Vivência de Crianças e Adolescentes em Situação de Moradia de Rua, realizada pela Equipe Interinstitucional de Rua de Fortaleza em 2010/ 2011, mostram que, dos 177 entrevistados nos bairros da Capital, 73 confirmaram ser usuários de crack. Ainda de acordo com a pesquisa, a droga é a mais consumida por esses jovens, totalizando 41% dos entrevistados.

Segundo Manoel Torquato, coordenador do órgão, a ação mais forte deve ser a de segurança pública, que deve inibir a chegada do crack nas ruas. "É impressionante a facilidade com a qual se encontra droga", comenta o coordenador.

De acordo com informações da Central Única das Favelas (Cufa), existem 100 mil usuários de crack no Ceará. Nos Caps AD de Fortaleza, segundo dados de pesquisa realizada em 2011, 43,3% dos pacientes chegam lá por serem usuários de crack.

De acordo com Soraia Cassiano Rodrigues, psicóloga da Rede de Atenção em Saúde Mental do Município, o principal problema do crack é o desejo de consumi-lo de forma desenfreada. Em Fortaleza, os bairros mais atingidos com a droga são Barra do Ceará, Jangurussu, Praia do Futuro e Serviluz.

Levantamento
100 mil pessoas são usuárias de crack no Ceará, segundo informações da Cufa. Nos Caps AD, 43,3% dos pacientes chegam lá por problemas com a droga

LÍVIA LOPES
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste

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