Crato (CE): Bombeiros alertam para focos de incêndio no Cariri

As altas temperaturas, baixa umidade do ar e a falta de chuvas facilitam a ocorrência de incêndios em algumas áreas da Chapada do Araripe. Apenas no mês de julho foram registrados 18, dentro do perímetro urbano do Crato. Nos anos anteriores, a queima de vegetação começou a partir de agosto. Mas, devido à estiagem, o processo está sendo acelerado neste ano. Já em maio, o Corpo de Bombeiros registrou ocorrências.

Ao todo, de acordo com dados do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICM-Bio), no incêndio que aconteceu no último dia 22, foram queimados 9,5 hectares de mata. Destes, 6ha foram na encosta da Chapada do Araripe, e outros 3,5ha, na Floresta Nacional do Araripe (Flona). A origem e a causa da queimada ainda não foram identificadas pelos bombeiros.

Ação humana
Segundo a corporação militar, 98% dos incêndios que acontecem na região do Cariri são provocados pela ação humana, sendo de forma acidental, no momento da limpeza de terrenos, onde os proprietários utilizam a queima da vegetação, incineração de lixo domiciliar, ação de caçadores ou intencional.

Recentemente, a área urbana de Crato foi cenário de vários focos de incêndios, em algumas localidades como Parque Grangeiro, Encosta do Seminário, Bairro Mirandão, Vale do Amanhecer e até no Sítio Coqueiro, onde há vegetação seca, tornando as áreas mais susceptíveis às queimas.

Apesar do fogo ter sido provocado próximo a algumas residências, até agora, ninguém foi atingido. Devido ao fato da quadra invernosa ter acabado antecipadamente, a previsão é que o número de registros de fogo aumente consideravelmente, segundo estimam os bombeiros. Há mais de dez anos, nenhum incêndio atingia a Flona.

Em 2012, os incêndios estão apresentando peculiaridades distintas. Na Floresta, já ocorreram três, totalizando perdas em 15 hectares de terra, o que equivale a 15 campos de futebol.

Perdas
Segundo o coordenador do ICM-Bio, Vicente Alves Moreira, os prejuízo são incalculáveis. "Algumas árvores dificilmente irão voltar ao estado natural. Nestes incêndios, existe uma mortandade elevada de répteis, como cobras e lagartos, sem contar com os ninhos de pássaros que são sucumbidos. As perdas são irreparáveis", revela.

Geralmente, para apagar as chamas do fogo, é necessária a atuação das equipes conjuntas do Instituto Brasileiro de Direito à Vida dos Animais e Meio Ambiente ( IBDVAMA ), Corpo de Bombeiros e da Brigada de Incêndio do ICM-Bio.

A região do Cariri não dispõe de efetivo suficiente para combater incêndios florestais de grandes proporções. A soma os homens dos dois batalhões do Corpo de Bombeiros, de Juazeiro do Norte e Crato, é de apenas 30, sendo que os bombeiros obedecem a escalas de serviços para atender às demandas de salvamento, ocorrências pré -hospitalares e resgate. Além dos incêndios urbanos. Devido ao órgão ter equipes reduzidas para atender as eventualidades diárias, atualmente, recebe reforço enviado pelo quartel da Capital, que desloca, mensalmente, para a região cerca de oito bombeiros. Já o ICM-Bio conta com o apoio de 21 brigadistas. 

De acordo com o Corpo de Bombeiros, para combater os incêndios em espaços de vegetação, é necessário um número elevado de pessoas capacitadas para o serviço. Em locais onde não é possível o acesso através de veículos, o deslocamento das equipes é feito a pé até a área. Já o combate ao fogo é realizado com o auxilio de equipamentos que possibilitem a entrada na mata, como foices e machados, para a abertura de trilhas e veredas. O fogo geralmente é apagado através de abafadores ou água contida nas bombas costais. Quando o combate direto às chamas não é possível, as equipes utilizam a técnica de aceiros. O objetivo da ação é fazer a limpeza da área para a retirada da vegetação seca, como folhas e troncos de árvores que podem servir de material combustível e provocar a propagação do fogo.

Em 2011, uma ação preventiva de incêndios, que teve a participação do Corpo de Bombeiros, ICM-Bio, Companhia de Policia Militar Ambiental (CPMA), Geopark Araripe, Secretaria de Meio Ambiente e Serviços Públicos do Crato, Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (Semace) e Prev-Fogo, promoveu visitas às comunidades em que, anualmente, ocorrem incêndios em vegetação.

Contudo, o resultado não foi satisfatório. Os órgãos avaliam ser necessário que a população residente nestas áreas tenham consciência dos perigos ocasionados pelo fogo e tomem precauções para evitar a queima.

FIQUE POR DENTRO

Proporções desastrosas na vegetação
Os incêndios em áreas de vegetação podem ter proporções desastrosas. Eles podem permanecer de duas horas à dias, dependendo do acesso ao fogo, da intensidade dos ventos, do relevo do local e da quantidade de pessoas preparadas para o combate. Por isso, os órgãos competentes estão alertando a população sobre as medidas preventivas a serem tomadas para evitar que hajam mais incêndios no Cariri. Entre as orientações os órgãos recomendam que a queima lixo doméstico seja efetuada longe de locais com vegetação seca, durante a limpeza de quintais e terrenos não haja queima de material após as dez horas da manhã, evitar jogar pontas de cigarros em perímetros da chapada do Araripe, principalmente, nos fins de semana quando as trilhas esportivas são mais comuns.

Mais informações
Corpo de Bombeiros do Crato
Rua Maíldes de Siqueira, 167
Bairro Pimenta
Região do Cariri
Telefone: (88) 3102.1251

YAÇANÃ NEPONUCENA
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário

AddThis