APA da Chapada do Araripe prioriza plano de conservação

Com mais 1.063.000 mil hectares que compreendem 33 Municípios nos Estados do Ceará, Piauí e Pernambuco, a Área de Proteção Ambiental (Apa) Chapada do Araripe está completando 15 anos de existência. Neste período, a principal meta tem sido a criação de um Plano de Conservação, que permita o ordenamento e o uso do território, já que a Apa é de domínio privado.

Apesar de ainda está em fase de averiguação, estima-se que na Apa, apenas de aves, existem mais de 200 espécies. Além de uma quantidade incalculável de outros animais e mais de 300 tipos de plantas, entre árvores, arbustos e ervas, algumas ainda desconhecidas.

Atualmente, cerca de 50 pesquisas, envolvendo aproximadamente 300 pesquisadores de diversos Estados e países, estão explorando a área. O espaço ainda dispõe de informações que dão origem a análises sobre épocas passadas e sobre os seres que habitaram a região do Cariri há mais de 300 milhões de anos e que desapareceram.

Dificuldade
Hoje, o comprometimento da Apa está no modelo de desenvolvimento a ser implantado. A grande dificuldade enfrentada na conservação é a compatibilização de interesses entre os órgãos públicos e coletividade. De acordo com o chefe da Floresta Nacional do Araripe (Flona), Francisco Willian Brito Bezerra, é necessário haver entendimento entre os gestores. "Precisamos decidir, de maneira responsável, qual o futuro que queremos para essa região. Temos que estabelecer como iremos gerar emprego e renda sem comprometer o equilíbrio ecológico", revela.

De acordo com os estudos que fundamentaram a criação da Chapada do Araripe, foram encontrados 307 fontes, sendo oito no Piauí, 54 em Pernambuco, e as no Ceará. Segundo estudiosos, esses recursos hídricos acumulados criam um microclima diferenciado, servindo de base para a sobrevivência da fauna e flora. Historicamente, a região serviu de refúgio para os povos que sofreram com as grandes secas que assolavam o Nordeste.

Devido à geografia local, o espaço detém pluviosidade duas vezes maior que a depressão sertaneja. O solo poroso possibilita a retenção das águas, onde são formadas fontes minerais.

Um dos reflexos negativos do desenvolvimento regional atrelado à manutenção da biodiversidade ambiental é o uso indevido dos recursos naturais. Segundo dados da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Estado do Ceará (Cogerh), na região do Cariri, por segundo, são explorados três mil litros de água. Entretanto, no mesmo período de tempo, a natureza só repõe dois mil.

Dependendo do Pacto de Uso e Ocupação da Apa, será possível captar uma quantidade maior de água. A permanência das áreas verdes permite uma retenção de líquido dez vezes maior. Porém, o Plano ainda está sendo elaborado, e não há previsão para a conclusão. Por enquanto, apenas as demandas emergenciais que podem comprometer a Apa, como licenciamentos de atividades econômicas e obras de interesse público, proteção das espécies ameaçadas estão sendo atendidas.

Para o chefe do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICM-Bio), Roberto Ricardo Vizentin, o benefício fundamental em uma região possuir uma APA é permitir que o desenvolvimento seja conciliado com a conservação dos recursos naturais. Conforme ele, legalmente, todas as Unidades de Conservação dispõem de dois grandes instrumentos de gestão.

O conselho consultivo que, para avaliar a instalação e adequação de novos empreendimentos, realiza com os setores envolvidos três reuniões ordinárias por ano; e o Plano de Manejo, que identifica geograficamente a APA e sua relação com as outras Unidade e com o planeta.

No caso da Chapada do Araripe, a analise é sobre sua contribuição para o bioma caatinga. É a partir do diagnóstico que são discutidos os zoneamentos e quais são as atividades que devem ser extintas ou proibidas.

Agora, na área, existe apenas um processo de avaliação dos impactos provocados pelos novos empreendimentos propostos, de forma a considerar como eles afetam os objetivos da criação Unidade de Conservação. As análises dos impactos são feitas caso a caso.

Regularização
Durante as comemorações dos 15 anos, foi lançada uma campanha de regularização ambiental dos propriedades e posses rurais. Juntamente com as outras Unidades, a Apa está construindo um mosaico das Unidades de Conservação do Araripe, onde os Municípios, Estados e União irão desenvolver atividades integradas de planejamento para o futuro. Até agora, já foram realizados planos de ação para a conservação do soldadinho-do-araripe, ave nativa e em processo de extinção, de proteção das cavernas, atividades relacionadas à educação ambiental, ações de proteção e fiscalização ambiental e estímulo à produção do conhecimento.

No ano passado, a área foi a 14ª dentre as 310 Unidades Federais de Proteção Ambiental em número de autorização de pesquisas. Contudo, nos últimos cinco anos, também ficou entre as segundas e terceiras unidades com maior número de focos de calor. De 2009 até 2011, a mineração liderou os pedidos de autorização. O desmatamento para a extração de lenha está entre os principais problemas atuais.

Mais informações
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Complexo Administrativo Sudoeste
Sede em Brasília
Telefone: (61)3341.9011

Fonte: Diário do Nordeste

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