Quadra chuvosa no Ceará foi 50,4% abaixo da média histórica

De janeiro a maio passados choveu no Ceará 352,1 mm, o que corresponde a 50,4% abaixo da média histórica, que é de 710,4mm. A avaliação foi anunciada, ontem, pela Fundação Cearense de Meteorologia do Ceará (Funceme), ao apresentar o balanço de chuvas da quadra deste ano. Essa quantidade representou o sexto pior desempenho da pluviometria no Estado do Ceará.

Segundo o ranking, os priores resultados foram em 1958, 230 mm; 1998, 270 mm; 1993, 290 mm; 1951, 317,7 mm; e 2010 348,3 mm. No ano passado, choveu 759 mm, o que significou num índice de 0,6% acima da média histórica do Estado.A gerente de Meteorologia da Funceme, Meire Sakamato, disse que um fator que tornou diferente e pior a seca deste ano foi o fato de ter causado maior prejuízo para a agricultura.

Meire explicou que o espaçamento ao longo do ano fez com houvesse um volume maior de chuvas em Fevereiro, criando uma expectativa positiva no produto que começou a plantar, e uma diminuição significativa nos meses seguintes, resultando na perda da safra.

Causas
"Em 2010, aconteceu o contrário. Houve poucas chuvas em fevereiro, resultando numa baixa expectativa no campo, com chuvas maiores de março a maio, causando menos frustrações para os produtores rurais", afirmou a gerente da Funceme. Informou que está ocorrendo chuvas eventuais de pós estação, mas não com muita intensidade, variando de 16 a 20 mm.

Meire explicou que a seca deste ano é explicada pelo aquecimento do Atlântico Norte, que não permitiu o ingresso da zona de convergência intertropical no Nordeste. Este fenômeno, como salientou, aconteceu a despeito de ocorrer o La Niña, no Pacífico, que, no geral, influi positivamente na quadra chuvosa da região. "A irregularidade temporal e espacial da quadra já era esperada, tanto que já em 13 de abril o Governo já havia se antecipado sobre os efeitos da estiagem, estabelecendo ações emergenciais para serem executadas pelos órgãos estaduais, especialmente a Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA)", disse.

O prognóstico de uma quadra chuvosa, conforme ressaltou, já havia sido anunciado em janeiro passado, quando se pontuou um percentual de 35% para uma quadra chuvosa abaixo da média histórica, que é o balanço das chuvas ocorridas desde 1950.

Para a meteorologista, os prejuízos maiores foram para a região do Cariri, que diante das chuvas caídas em janeiro houve uma grande motivação para o plantio, que resultou num malogro maior do que nas outras regiões do Estado. "Em algumas localidades cearenses, a seca frustrou e trouxe as piores consequências para o campo", afirmou Meire.

A gerente da Funceme lembrou que a seca em 2010 teve a influência direta do fenômeno El Niño, que acontece com as águas do Oceano Pacífico. Este ano, quando havia a ausência, chegou a se ter um certo otimismo, de uma pluviometria relevante, mas as alterações no Atlântico continuaram sem mudanças, com o aquecimento das águas ao norte Oceano.

Na sua avaliação, o que aconteceu este ano não é atípico, porque houve a capacidade de antecipação da irregularidade da estação, sendo o Centro e os Inhamuns as áreas mais atingidas.

Refinamento
Para auxiliar a meteorologia, a Funceme conta hoje com dois radares, sendo um instalado em Fortaleza e outro em Quixeramobim. Este último representou um investimento de R$ 12 milhões. "Trata-se de um equipamento que equivale a 148 mil pluviômetros, que eram os únicos instrumentos que contávamos no passado para o monitoramento das chuvas", disse o meteorologista Namir Melo.

"Na verdade, a Ciência cada vez mais vai refinando seus métodos de prognósticos e isso caminha para um nível de tranquilidade na previsão do tempo de curto prazo sempre muito próximo do acerto relacionado às situações reais", acrescentou Nami Melo.

Mais informações
Funceme
Avenida Rui Barbosa, 1246
Aldeota
Fortaleza
(85) 3101.1088

MARCUS PEIXOTO
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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