Novo presidente do Paraguai vai procurar Dilma para desfazer mal-estar com queda de Lugo

O presidente recém-empossado do Paraguai, Federico Franco, quer evitar o desconforto com os países vizinhos, principalmente o Brasil e o Uruguai. Determinado a desfazer o mal-estar causado pela destituição do então presidente Fernando Lugo, Franco pretende procurar nos próximos dias a presidente Dilma Rousseff e o presidente do Uruguai, José Pepe Mujica. Um dos receios de Franco é o eventual rompimento da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) com o Paraguai.

Franco também se preocupa com a questão energética, uma vez que a Usina Itaipu Binacional é fundamental para o abastecimento de energia para o Paraguai e a economia do país. Segundo assessores, o ministro das Relações Exteriores, José Félix Fernández, vai procurar o chanceler brasileiro, Antonio Patriota.

Ontem (22), no final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, Dilma disse que acompanha de perto e com atenção as mudanças no Paraguai. Porém, vários ministros manifestaram dúvidas sobre o processo de impeachment movido contra Lugo pela rapidez e a forma como ocorreu. Em apenas 24 horas, ele foi destituído do poder.

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse ontem que a impressão inicial que o governo brasileiro tinha era que havia ocorrido um golpe de Estado no Paraguai, pois o processo “foge do senso de procedimento geral de Justiça".

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse ter ficado impressionado com a rapidez do processo envolvendo Lugo. Segundo ele, foi um “processo incompatível com as regras do contraditório e da ampla defesa”. Até ontem à noite, os chanceleres da Unasul estavam em Assunção conversando com as autoridades paraguaias.

Surpresa e contestação
Federico Franco disse sexta-feira (22) estar surpreso com o "rápido" processo de destituição de seu antecessor, Fernando Lugo, em sua primeira entrevista coletiva após a posse.

"O processo foi um pouco rápido para mim e surpreendeu todos os paraguaios", disse Franco na sala Independência da sede de governo, onde empossou alguns dos novos ministros.

Lugo, acusado "de mau desempenho de suas funções, negligência e irresponsabilidade" após a morte de 11 trabalhadores sem-terra e de 6 policiais em um confronto armado na sexta-feira passada, durante a desocupação de uma fazenda, foi destituído ao final de um processo parlamentar que durou pouco mais de 24 horas.

Ele pediu aos líderes vizinhos, em particular os parceiros do Mercosul (Brasil, Argentina e Uruguai), que "entendam" a situação criada em seu país e aceitem que fará "o maior dos esforços para que esta se normalize".

Franco afirmou que gostaria de formar um Executivo plural, com os "melhores paraguaios, sem levar em conta sua filiação política", pela primeira vez na história do país.

Uma solução "imediata" ao conflito da terra foi a primeira promessa do governante, que também ofereceu a seu antecessor "que fique o tempo necessário" na residência presidencial até organizar sua mudança, assim como frisou "as garantias constitucionais" a que ele tem direito.

Vários países latino-americanos, como Argentina, Equador, Bolívia e Venezuela anunciaram que não reconhecem Franco como presidente. Analistas também questionaram a rapidez na aprovação do impeachment de Lugo.

Ao assumir o cargo, Franco foi muito aplaudido pelos senadores, que o saudaram aos gritos de “Federico, Federico”.

"A República do Paraguai vive momentos difíceis. E nessas circunstâncias Deus e o destino quiseram que eu assumisse a Presidência da República. Esse compromisso só será possível com a ajuda de todos vocês. É a única maneira de levar adiante o Paraguai, que tem que ser reconstruído em todos os setores, católicos e não católicos, com a união de todos os partidos e todos os movimentos sociais", discursou na tribuna do Senado paraguaio, enfatizando o pedido de união do Congresso. Franco citou nominalmente vários partidos em seu pedido de união: Partido Colorado, Partido Liberal, Partido Democrata Progressista.

"Eu me comprometo a respeitar as instituições democráticas. Diante desse honorável Congresso, venho ratificar minha vontade irrestrita de respeitar as instituições democráticas e o Estado de direito e os direitos humanos", acrescentou.

Ele deverá governar até agosto de 2013, quando assumirá o presidente eleito em abril próximo.

Fonte: UOL

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