Ministro do Supremo autoriza depoimento de Cachoeira à CPI nesta terça

Apesar dos pedidos de novo adiamento, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta segunda-feira (21) o bicheiro e empresário Carlinhos Cachoeira a depor à CPI que investiga suas relações com agentes públicos e privados. Ele deve ser ouvido pela comissão mista nesta terça-feira (22) a partir das 14h.

A defesa de Cachoeira alegava que não teve tempo de acessar as mais de 90 mil páginas dos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal. Na semana passada, o mesmo ministro do Supremo concedeu à defesa o direito de acessar os documentos, adiando a ida de Cachoeira à CPI.

O pivô do escândalo será trazido do presídio da Papuda, na capital federal. A defesa dele já adiantou que ele não responderá as perguntas dos parlamentares até que tenha tido tempo para analisar todo o conteúdo dos inquéritos que comprometem o contraventor.

O relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse nesta segunda que ouvir Cachoeira "não é o único instrumento para aprofundar a investigação". Mesmo com a possibilidade de o empresário não responder aos questionamentos, o relator prevê que cerca de 150 perguntas serão feitas ao investigado.

Depois de receberem autorização para ler os documentos, os advogados tiveram de quarta-feira (16) até esta segunda-feira (21) para trabalhar. A sala onde funciona a área técnica da CPI, com computadores que contêm os dados, abriu no fim de semana apenas para atender os advogados.

CPI "meio devagar"
Até agora a CPI não teve nenhum depoimento aberto. Falaram apenas os delegados da PF que conduziram as operações, em sessões sigilosas. O início lento é atribuído nos bastidores do Congresso a um suposto acordo entre PSDB, PT e PMDB. Três governadores dos partidos, respectivamente Marconi Perillo (Goiás), Agnelo Queiroz (Distrito Federal) e Sérgio Cabral (Rio de Janeiro), têm ligações com a empresa Delta, construtora que teria Cachoeira como sócio oculto.

O próprio presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), já admitiu que a CPI está "meio devagar" e que o depoimento de Cachoeira trará um novo ânimo às investigações que, até agora, não colheram nada além do que já foi descoberto pela PF.

Na última quinta-feira, (17), a comissão aprovou convocações de 51 pessoas, mas nenhuma delas tem foro privilegiado –como os governadores, o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) e deputados envolvidos com o bicheiro.

Caso o depoimento de Cachoeira seja um fiasco, parlamentares acreditam que o foco se voltará ao deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Na semana passada, ele foi flagrado pelo SBT ao enviar uma mensagem ao governador do Rio de Janeiro para alertá-lo que os petistas da comissão estariam trabalhando a favor dele.

Fonte: UOL

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