Arrecadação do ICMS no Ceará salta 11% no trimestre

Nos dois primeiros meses de 2012, a receita total do Estado - arrecadação própria mais transferências governamentais - totalizou R$ 3,02 bilhões, representando um acréscimo tímido, de apenas 0,1% em relação a igual período do ano passado.

Entretanto volume de recursos da arrecadação própria foi o que deu o ritmo da finanças estaduais no período, com destaque para o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que responde por 47% das receitas orçamentárias do Ceará. No primeiro trimestre deste ano, a receita com o tributo chegou a aproximadamente R$ 1,82 bilhão, frente uma arrecadação de R$ 1,64 bilhão nos três primeiros meses do ano anterior. Com cerca de R$ 180 milhões a mais nos cofres públicos, nesse intervalo de tempo, o avançou foi de praticamente 11%.

Os dados são do Boletim da Conjuntura Econômica Cearense para o 1º trimestre de 2012, divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Estado (Ipece). Na avaliação do economista Flávio Ataliba, diretor Geral do Ipece, o comportamento da arrecadação do ICMS no período, só reforça o empenho do governo estadual na sua eficiência fiscal. "Mesmo com retração em setores como a agropecuária e a indústria, o Estado continua com poder a arrecadação nunca observado, resultado das medidas de controle adotadas pela Secretaria da Fazenda", destaca.

Composição
Em relação à composição do ICMS, verifica-se que o setor de maior arrecadação é o Comércio, com 33% do total do imposto, seguido da indústria (20%), combustíveis (18%), energia elétrica (em torno de 10%) e comunicação (9,5%), com os demais somando 9,5%.

Já no que diz respeito às transferências de recursos da União para o Estado, observa-se que houve crescimento de apenas 0,8% entre o primeiro bimestre de 2012 no confronto com o de 2011. Até fevereiro deste ano foram transferidos R$ 1,22 bilhão para o Ceará.

Expansão da economia projetada em 5% em 2012
Embora a situação externa continue desfavorável e o País deva crescer menos em 2012 - em torno de 3,2% na previsão do mercado - a projeção de crescimento para a economia cearense, neste ano, foi mantida em 5%, segundo o Boletim da Conjuntura Econômica Cearense para o 1º trimestre, divulgada ontem pelo Ipece.

De acordo com Flávio Ataliba, diretor Geral do órgão, é possível ainda que esse índice seja ligeiramente maior, "tendo em vista a esperada recuperação do setor industrial já a partir do segundo trimestre de 2012". Porém, o que deve sustentar mesmo o avanço da economia estadual em ritmo superior ao do País são os investimentos governamentais e a expansão das atividades mais voltadas para o mercado interno como o comércio e a construção civil.

"Neste ano, o sucesso da economia estadual estará ligado à ação do governo. O governador já sinalizou investimentos entre R$ 4,5 e R$ 5 bilhões em 2012. Um volume recorde que, em se concretizando, deverá impulsionar a demanda agregada e maior dinamismo econômico, sobretudo na construção e nos serviços", explica. Conforme o Ipece, neste ano, a única perspectiva desfavorável é para a agropecuária, devido às irregularidades climáticas.

Ipea
O Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) estima crescimento médio anual do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro entre 2,8% e 3,8% em 2012. A previsão foi divulgada, ontem, em coletiva de imprensa para apresentação da Carta de Conjuntura de Maio. Segundo o Ipea, apesar do fraco desempenho do 1º trimestre, a atividade econômica deve se acelerar ao longo dos próximos meses, desde que não haja "ruptura mais grave" no exterior.

Saldo do crédito segue positivo
O saldo das operações de crédito no Estado cresceu nominalmente quase 24% em janeiro deste ano. É o que também aponta o Boletim da Conjuntura Econômica Cearense para o 1º trimestre deste ano. No contexto regional, essa variação só foi superior aos estados de Alagoas e de Pernambuco. No primeiro mês de 2012, foram realizadas R$ 34,5 bilhões em operações de crédito perdendo apenas para a Bahia (R$ 67,16 bilhões) e Pernambuco (54,18 bilhões).

"Esta variável é importante, pois representa o alinhamento com o lado real da economia. Quando o volume de crédito cresce é muito provável um avanço também no PIB", destaca o economista Flávio Ataliba, diretor Geral do Ipece. Do total das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional, o Ceará participou com 14,6%, ficando neste quesito, também atrás da Bahia de Pernambuco.

Inadimplência
Com o avanço no crédito, lembra Ataliba, é natural que a taxa de inadimplência possa vir a crescer, e foi o que aconteceu. O índice passou de 3,2% em janeiro de 2011 para 3,9% em igual mês de 2012. No caso das pessoas físicas, o indicador avançou 5,6%, bem acima do das pessoas jurídicas (2,6%). Na opinião do diretor geral do Ipece, "com o processo de distribuição de renda, mais pessoas tiveram acesso ao consumo, o que ocorreu sem a devida cultura financeira, de crédito".

ANCHIETA DANTAS JR.
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário

AddThis