Por que as obras no Ceará demoram tanto?*

Três momentos retratam a maioria da realidade das gestões públicas atualmente: o primeiro trata-se da campanha eleitoral, quando o candidato promete um universo de novos feitos. O segundo, após eleito, quando os “feitos” prometidos viram discurso de eleição. O terceiro momento é o fim do mandato, quando aqueles “feitos” começam a ganhar forma. Mas, iniciados no fim da gestão, quando serão concluídos, afinal? É aí que entra um componente fundamental desse enredo, que é a perspectiva de reeleição.

O cenário descrito remete à fabula O Coelho e A Tartaruga, do escritor grego Esopo. Certo dia, o coelho desafia a tartaruga a uma corrida. Gaba-se de que é mais rápido e que a tartaruga jamais o vencerá. Chega o dia da corrida. A tartaruga corre o mais rápido que consegue, mas é ultrapassada pelo coelho que, vendo já estar a uma longa distância de seu concorrente, se deita para dormir.

Tanto, que a tartaruga o ultrapassa e toma uma longa distância do concorrente. Ao se dar conta do que acontecia, o coelho passa a correr o mais depressa que pode, mas não consegue ultrapassar a tartaruga.

Há dois mandatos à frente de suas gestões, Cid Ferreira Gomes, o governador cearense conhecido por prometer obras de grande magnitude, e Luizianne Lins, a prefeita fortalezense que há oito anos trabalha a entrega de um hospital especializado na saúde da mulher, mostram-se adeptos de uma linha de governo que tornou-se cultura entre os gestores Brasil afora: iniciar um mandato de quatro anos com planos para oito.

Estratégia de quem prospecta a reeleição ou simplesmente planos que acabam se arrastando por fatores não antevistos pelos gestores, o fato é que grande parte das obras prometidas no primeiro ano de gestão dos governantes acaba por se extender de tal forma que chegam a ser entregues após mais que o dobro do prazo de conclusão inicialmente previsto.

Há não muitos anos, um mandato era suficiente para o gestor inaugurar uma obra de expressividade. Hoje, os projetos não aumentaram o porte, mas demandam mais tempo para conclusão. No Ceará, sobram exemplos de obras prometidas em primeiro mandato e que não foram entregues após os quatro anos de gestão. Metrofor, Hospital da Mulher, Centro de Eventos, Cucas ... Projetos inconclusos que tornaram-se paradigma de planejamentos mal feitos.

Em dezembro deste ano, Luizianne Lins encerra seus oito anos como prefeita da capital cearense. Em poucos meses, começa a se desenhar o cenário pré-eleitoral e é dada partida para a disputa entre os candidatos à sucessão. Neste contexto, os feitos do atual governo virarão portfólio para um possível sucessor aliado. Em contraponto, novos projetos, obras inéditas e planos ainda desconhecidos permearão a mente dos eleitores.

*Foto da maquete do Centro de Convenções do Cariri (inacabado)

Fonte: O Povo 

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