O primeiro-ministro e homem forte da Rússia Vladimir Putin venceu em primeiro turno as eleições presidenciais deste domingo (4) com 63,42% dos votos, uma vez apurados os votos de 30% dos colégios eleitorais, segundo informação da comissão eleitoral russa. Mesmo sem o resultado final da apuração, o premiê declarou vitória logo após a divulgação dos números parciais e discursou para apoiadores.
O comunista Gennady Zyuganov chega na segunda posição com 17,25% dos votos. Na terceira posição aparece o multimilionário Mikhail Prokorov (7,29%) quase empatado com o populista Vladimir Zhirinovsky (7,19%). O ex-presidente da Câmara alta, Sergei Mironov, líder do partido Só Rússia, contabilizava 3,72%.
Ao discursar para apoiadores na praça de Manezh, perto do Kremlin, e, Moscou, Putin declarou que “ganhou uma batalha honesta”. “Vencemos. Ganhamos em uma batalha aberta e honesta”, disse, emocionado, segundo imagens divulgadas ao vivo pela TV russa.
Os primeiros números foram divulgados às 21h (14h de Brasília) após o fechamento dos últimos colégios eleitorais em Kaliningrado, enclave russo entre a Polônia e os países bálticos.
Uma pesquisa de boca de urna realizada pelo instituto Vtsiom concede 58,3% dos votos a Putin e 17,7% a Ziuganov. A pesquisa coloca Projorov na terceira posição, com 9,2% dos votos.
Durante a campanha, o atual premiê não participou de debates políticos com os outros quatros candidatos à presidência. Mandou os representantes de sua campanha para entrevistas enquanto mantinha a imagem de primeiro-ministro ocupado viajando pelo país.
A eleição é vista como uma espécie de referendo sobre os 12 anos de predomínio quase inconteste de Putin na política russa. Depois de dois mandatos de quatro anos, a Presidência foi assumida por seu aliado Dmitri Medvedev, em 2006. Putin deixou o Kremlin para ser primeiro-ministro porque a Constituição o impedia de cumprir mais de dois mandatos consecutivos.
Mas lançou à liderança do Estado seu subordinado Medvedev, que em setembro passou para segundo plano para que seu mentor pudesse voltar ao Kremlin em 2012.
Uma reforma constitucional elevou de quatro a seis os anos de mandato, de modo que Putin pode concorrer novamente em 2018, permanecendo, assim, no poder até 2024. Putin já declarou que considera a possibilidade de tentar a reeleição em 2018 como algo "normal, se tudo estiver funcionando, e o povo gostar".
Críticas da oposição
O candidato comunista Gennady Zyuganov considerou que a eleição presidencial russa foi "um roubo", enquanto Vladimir Rijkov, um dos organizadores das manifestações opositoras de dezembro, afirmou que não pode ser considerada "legítima".
A eleição foi "um roubo, absolutamente desonesta e indigna", segundo Zyuganov. "Não reconhecemos estas eleições", acrescentou, segundo declarações transmitidas pela televisão.
Para Rijkov, "estas eleições não podem ser consideradas legítimas".
Após as eleições legislativas de dezembro de 2011, russos de diferentes classes sociais foram às ruas para protestar contra indícios de corrupção na votação. Com placas de "fora Putin", milhares de opositores do regime realizaram diversos protestos em Moscou e São Petersburgo, os maiores desde o colapso da União Soviética.
Para aplacar os ânimos, Putin fez concessões a alguns setores da sociedade. "A situação exigiu que ele incorporasse um tom mais populista e nacionalista em sua postura. Já foram anunciados aumentos significativos de salário para funcionários públicos e há a promessa de implementar outros mais dentro de um a três anos", avalia Alex Pravda, diretor do centro de estudos russos da Universidade de Oxford.
O problema, segundo Irina Semenenko, pesquisadora do Imemo, um dos principais centros de estudos políticos e econômicos em Moscou, é que as medidas não contemplam necessariamente todos os setores da massa descontente. "Putin focou nos idosos, militares, professores e profissionais da área da saúde. Isso explica em parte por que a sua popularidade continua em alta. Os intelectuais e a classe média, que são os principais mobilizadores nos protestos, ficaram de fora", afirma.
Fonte: UOL
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