O politicamente correto e os chatos de plantão

Hoje acordei pensando na vida e de como o mundo era um lugar tão diferente quando eu era pequeno. Porque sim, eu brincava na rua, me sujava de terra, corria livremente e falava o que eu bem entendia, todo trabalhado na liberdade juvenil.

Na escola, eu brincava e sacaneava, e o tal de bullying ainda não tinha esse nome e nem era tão famoso.

Mas sabem o que é mais engraçado disso tudo? Eu cresci, apareci e, juro pra vocês, sem nenhum grande trauma e com muita saúde.

Já os nossos tempos são um tanto quanto nebulosos. Tem uma certa patrulha que toma conta de tudo e de todos, menos daquilo que realmente importa. Hoje em dia, qualquer piada sem graça pode sofrer censura e custar milhões de indenização, quando, pra mim, piada sem graça é apenas isso: sem graça, daquelas que não me fazem nem mesmo esboçar um sorriso. Se estressar pra quê, logo logo todo mundo esquece dela e vida que segue.

Vide o Rafinha Bastos e a história com a Wanessa Camargo e seu bebê. A piada (“eu comia ela e o bebê”) foi péssima, mas estou cansado de ouvir coisas MUITO piores por aí não tendo a mesma repercussão. O que ninguém percebe é que interesses muito maiores levaram ao afastamento do humorista da tela da Band. Afinal, todo mundo sabe que Ronaldinho (o Fenômeno, aquele mesmo dos travestis… #Abafa) é amigo e sócio de Marcos Buaiz , marido de Wanessa… Alguém aí consegue agora juntar dois mais dois e entender melhor “o caso Rafinha”?

Veja o caso da televisão aberta brasileira. Quando foi que ela se tornou tão chata, meu povo? Eu ainda sou bem jovem, mas lembro bem quando Mulheres de Areia passou pela primeira vez, no horário das 18h. Além de ver Glória Pires ahazando em quatro papéis (sim, darlings, ela era Ruth, ela era Raquela, e ela ainda era Raquel fingindo ser Ruth e Ruth fingindo ser Raquel… Coisa de atriz boa, sabem!), eu adorava a abertura da novela, da musiquinha que eu ficava cantarolando, feliz da vida. Os mais desatentos podem nem perceber, mas essa abertura que está sendo exibida no Vale a Pena Ver de Novo, na reprise da novela, não é a original e sim uma nova, refeita, já que a que foi ao ar em 1993, quando a novala foi originalmente exibida, “não era compatível com os padrões morais atuais do país”. Como assim, meu povo? Roubo no congresso pode, mas uma abertura de novela agora é censurada? Eu, heim!

Isso sem falar no caso da série Aline, estrelada por Maria Flor, Pedro Neschling e Bernardo Marinho. A série foi tirada do ar, no meio da temporada, porque a história de uma garota com dois namorados não é “decente”. O que acho #Tenso é uma atração ser tirada por esse motivo e não por ser ruim (o que, convenhamos, a série era).

Enquanto isso, a censura corre solta e os gays são retratados na televisão como seres praticamente assexuados, que não beijam, já que “a família brasileira” não está preparada para ver uma demonstração de afeto entre pessoas do mesmo sexo na televisão. Hum, tenso, já que enquanto isso, os Bolsonaros e Malafaias da vida vão fazendo a lavagem cerebral o no povão. Jura que eu estou em 2012, gente? Porque tem horas que eu acho que voltei pra séculos passados e estou vestindo minhas lindas roupas de época. Ahaza!

O que me incomoda é esse bando de gente que adota determinadas posturas e pensamentos como se fossem seus, sem nem se dar conta de que estão deixando de utilizar um órgão que está dentro da nossa cabeça e não serve apenas para fazer peso e sua cabeça não tombar. Aloka! Cérebro é bom, darlings. E merece e DEVE ser usado!

O chamado politicamente correto, a princípio, seria para fazer do mundo um lugar melhor e da sociedade mais humana. Entretanto, ele acaba podando as pessoas, tornando-nos iguais, como se fôssemos feitos em série e pensássemos parecido, com direito a frases, pontos e vírgulas decorados. Desculpa aí, mas em mim dá pane no sistema e a programação vai pro espaço, porque sou desses e penso por mim mesmo e não por códigos pré-aprovados.

São nessas horas que tenho preguiça do mundo, de gente e, mais ainda, desse politicamente correto e dos mil chatos de plantão que vivem a cercear a vida alheia. Afinal, conforme cantou Raul, prefiro fazer parte de uma outra tribo, de um outro grupo:

“Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo…”

Fonte: Acidez Mental



Nenhum comentário:

Postar um comentário

AddThis