Los Hermanos se preparam para iniciar turnê que passará pelo CE

Há seis meses, numa das trocas de e-mails entre os integrantes do Los Hermanos - ainda frequentes, apesar de o grupo ter entrado em recesso em 2007, interrompido apenas para shows esporádicos -, Simon Fuller, empresário da banda, lançou a sugestão: fazer algo especial em 2012, quando eles completam 15 anos.

A ideia original era uma série de dez shows pelo Brasil. Mas a resposta do público e a empolgação dos próprios músicos foram dando dimensões gigantescas à comemoração. Em abril, o Los Hermanos dá a partida numa turnê de 23 apresentações, incluindo Fortaleza, que traz, em torno dela, a produção de um documentário e de um livro de fotos, cartazes para cada cidade, o lançamento de uma caixa com a discografia da banda e de seus quatro álbuns em vinil e a reedição das camisetas referentes a cada turnê anterior - tudo à venda nas lojas a serem instaladas em cada casa que receberá o grupo.

Uma estrutura à altura da entrega de sua legião de fãs e da importância que a banda teve para os artistas que vieram depois. "Todos estavam com saudades, adoram tocar juntos e gostaram da ideia de fazer algo maior para os 15 anos", conta Simon. "Encaixava bem na agenda deles, (Marcelo) Camelo parando sua turnê, (Rodrigo) Amarante lançando seu disco (o primeiro solo) só no segundo semestre, o tempo era bom para o (Rodrigo) Barba e para o Bruno (Medina)... A ideia era fazer em lugares maiores, mas, no fim, acabou virando tocar mais vezes na mesma cidade, em casas menores, com capacidade para 5, 6 mil pessoas. No Rio, por exemplo, em vez de tocarmos na Apoteose, para 35 mil pessoas, preferimos fazer seis shows na Fundição, que representa um público equivalente".

Uma realidade totalmente diferente da estreia, há 15 anos, como lembra o tecladista Bruno Medina: "Nosso primeiro show foi no segundo andar do Empório, para aproximadamente 70 pessoas, amigos ou parentes da banda. A produção de um show com essas características limitava-se a alugar amplificadores de estúdios de ensaio (porque não tínhamos os nossos ainda), xerocar filipetas ao menor custo possível e bancar o cheque-caução de R$ 400 solicitado como garantia mínima de ganho para a casa. Só neste ano vim a descobrir que também houve ligações telefônicas para convidar os conhecidos, um misto de lembrete com coerção".

No fim da turnê comemorativa, cerca de 170 mil pessoas terão visto os Hermanos no palco ao longo dos 23 shows. Dos 155 mil ingressos disponíveis (número atingido depois de marcados oito shows extras), 135 mil já foram vendidos - 100 mil nas primeiras 48 horas depois de aberta a bilheteria. Treze shows estão esgotados, incluindo os seis do Rio. Saudade de quem acompanha a banda há muito tempo e quer vê-la de novo em ação? Também, mas não só: "Pelo que observamos na página da banda no Facebook (que tem 330 mil fãs) e no preenchimento do cadastro on-line (feito no ato da compra na internet), há uma renovação muito grande de público", diz Simon. "Aproximadamente 60% das pessoas que verão essa turnê nunca viram o Los Hermanos ao vivo".

Os ensaios, que começam três semanas antes do primeiro show (dia 20 de abril, no festival pernambucano Abril Pro Rock, que os revelou ao Brasil em 1999), serão registrados em foto e vídeo. Há três anos, a atriz Maria Ribeiro tem o projeto de dirigir um documentário sobre a banda. Agora, enfim, ela recebeu deles a autorização para fazer o filme, com o título provisório de "Esse é só o começo do fim da nossa vida". Ela já registrou a venda de ingressos para os shows na Fundição.

"Foi inacreditável. Os fãs são personagens importantes do filme", adianta a diretora, acrescentando que sua ideia é levar o documentário aos cinemas. "Meu principal modelo é ´Don´t look back´, documentário de (D.A.) Pennebaker sobre uma turnê do Bob Dylan. Não pretendo entrevistá-los, nem ninguém". A fotógrafa Caroline Bittencourt - que fez a capa do CD/DVD ao vivo "Los Hermanos - Na Fundição Progresso" - foi convidada pela banda para registrar a turnê em imagens que serão editadas num livro. "Vou fotografar tudo de forma analógica, em película. Além dos shows, bastidores, público etc., vou fotografar os lugares, paisagens, detalhes para compor o livro", diz Caroline.

O artista plástico Raul Mourão assinará a programação visual do livro. Ele também é o responsável pelos 12 cartazes da turnê - um para cada cidade e um geral, com todas as datas dos shows. Raul chamou três artistas para produzir, cada um, quatro cartazes.

Antes e depois de cada show, o DJ Maurício Valladares prepara a casa para a entrada dos Hermanos com a coerência anárquica conhecida em seu programa de rádio "Ronca ronca" e na festa homônima. "Posso tocar Tom Jobim, ´Simpathy for the devil´, Clara Nunes, White Stripes...".

O empresário Simon acredita que esse formato intenso de turnê pode ser um modelo para o futuro. "Se a banda lançar um disco novo, acho que faremos uma turnê mais curta", diz, ventilando a hipótese de um novo CD da banda. "Mas não há nada planejado".

Fonte: Diário do Nordeste

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