Exército fecha o cerco a QG dos grevistas na Bahia

Os homens do Exército e da Força Nacional fecharam o cerco aos policiais militares grevistas na Bahia. Um grupo de cerca de 300 pessoas está desde segunda-feira acampada dentro do prédio da Assembleia Legislativa do estado, em Salvador, que se transformou no quartel-general dos grevistas. Se na terça o acesso era livre para familiares jogarem sacos de comida e para manifestantes prestarem apoio aos grevistas em frente ao prédio, nesta quarta tudo mudou e o clima é de tensão.

O Exército, que ontem tinha 1.000 homens nos arredores da assembleia, hoje tem 1.300. A Força Nacional ontem tinha vinte homens na região, hoje tem quarenta. Eles fizeram barreiras para limitar o acesso da imprensa, de familiares e de manifestantes ao complexo em que fica a assembleia. Jornalistas agora só chegam perto do prédio após autorização dos militares e são acompanhados por eles de perto. Nenhum manifestante ou policial entra ou sai da frente da assembleia.

Por volta das 11 horas, o juiz federal José Barroso Filho chegou ao local e entrou no prédio. De acordo com o líder dos grevistas, Marco Prisco, a presença do juiz foi pedida pelo movimento, para ajudar na negociação.

A greve por aumento salarial e pela concessão de gratificações já dura nove dias e provocou uma onda de crimes que já causou mais de 100 assassinatos pela falta de segurança. O governo do estado, que fracassou na terça na negociação para dar fim ao movimento, lançou mão de propagandas no rádio para tentar sensibilizar os grevistas e acalmar os baianos e turistas. Nesta quarta-feira começou a ser veiculado um spot em que o governo explica a proposta feita aos grevistas e declara disposição em negociar.

Morte de policial
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia confirmou na manhã desta quarta-feira a morte do policial militar Elenildo dos Santos Costa, de 34 anos, no Bairro de São Marcos, em Salvador. Ele estava em uma pizzaria e foi morto por volta das 22 horas em uma tentativa de assalto. A PM não confirma se ele participava ou não do movimento grevista.

Enquanto isso, um soldado da Polícia Militar deixou na madrugada de quarta a Assembleia Legislativa. O nome dele não foi divulgado, mas os grevistas informaram que ele apresentou-se à Polícia Federal e não está entre as pessoas com mandato de prisão decretado. Os procurados são todos líderes do movimento. Na madrugada de terça-feira, deixaram a assembleia nove adultos e sete crianças.

Negociações
Depois de mais uma exaustiva jornada de negociações na terça-feira, permanece o impasse entre o governo da Bahia e a Polícia Militar. O governador Jaques Wagner levou para a mesa o que diz ser sua maior oferta: o pagamento das gratificações que os policiais pedem até 2015. Segundo o governador, isso representaria um ganho real de 30% no salário dos PMs, hoje de aproximadamente 2 300 reais.

Os representantes da categoria não concordaram com a proposta apresentada e sinalizaram que seguirão com o movimento. Os grevistas querem o pagamento das gratificações a partir do mês que vem. O governador, no entanto, afirma que não tem dinheiro no orçamento para pagar as gratificações agora.

Também não foram atendidos os pedidos dos grevistas de anistia administrativa para os policiais que estão parados e a revogação dos pedidos de prisão de doze líderes do movimento. O governo aguarda agora uma contraproposta dos grevistas para dar sequencia às negociações.

Fonte: Veja

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