Crato (CE): Aprov realiza pesquisa

A Associação de Proteção à Vida (Aprov), que trabalha em favor dos animais, realizou pesquisa em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Regional do Cariri (Urca) e constatou que a maioria dos criadores de cães e gatos não conhecem a legislação animal, não sabem como evitar as zoonoses, apesar de saber quais são essas enfermidades, e não tinham conhecimentos de medidas preventivas contra as doenças que acometem os animais.

A pesquisa, sob coordenação das professoras Maria Arlene Pessoa da Silva e Anna Chistina Farias de Carvalho (foto), teve como titulo "Conscientização, adoção voluntária, esterilização de cães e gatos como controle de zoonoses e sensibilização ética para o tratamento com os não humanos em Crato". Foram visitados 400 domicílios, sendo constatada a desinformação entre os criadores. É para mudar esta realidade que a Aprov trabalha de forma sistemática, ainda que contando com a ação de pessoas voluntárias.

Saúde pública 
A origem da entidade é curiosa. Um grupo de amigas que faziam trabalhos individuais em prol da vida animal resolveu criar uma associação que promovesse a saúde pública, o bem-estar dos não humanos e sensibilização da comunidade sobre as leis de proteção animal e posse responsável. O trabalho ganhou relevância social e hoje a Aprov é a única instituição sem fins lucrativos do Cariri engajada na defesa e proteção dos animais.

Legalmente, a associação existe desde maio de 2009, quando foi instituída em assembleia pública que reuniu simpatizantes da causa animal. Devidamente registrada em cartório, com Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e estatuto próprio, a Aprov vem promovendo ações em defesa dos não humanos e em favor da saúde da comunidade. Nos últimos dois anos, a Aprov retirou das ruas cerca de 300 animais em situação de risco. Destes, 100 foram adotados.

A entidade, além de tirar cães e gatos das ruas, realiza, entre outras ações, visitas sistemáticas ao Centro de Controle de Zoonoses do Cariri para acompanhar a eutanásia dos animais, palestras sobre a legislação animal e trabalhos da Aprov, bazares beneficentes para a arrecadação de fundos para instituição e feiras de adoção animal.

Mas, a ação da entidade não se limita apenas ao Crato. Ela também atende a chamados e denúncias de maus tratos ao animais em outras cidades da região, principalmente, de Juazeiro do Norte.

Apesar da importância dos trabalhos realizados pela Aprov, a instituição tem uma grande dificuldade em manter-se. Todos os recursos financeiros são provenientes do pagamento da taxa de manutenção que equivale a R$ 5,00 mensais, pagos pelos membros da associação. E mesmo tendo atualmente150 associados que fazem trabalhos voluntários, apenas 10% deles se engajam verdadeiramente nas ações da associação, fato que limita a expansão das benfeitorias. Além da quantia arrecadada entre os membros, algumas doações de remédios, rações e pagamento de cirurgias esterilizadoras em clínicas veterinárias conveniadas à instituição, feitas por particulares, chegam para dar um auxílio à associação.

Apenas em 2011, as despesas da Aprov com atendimentos em clínicas veterinárias, remédios e ração para os animais em situação de risco somaram mais de R$ 10,8 mil. Para adotar um dos 90 animais que estão à espera de um lar, os interessados devem procurar a Aprov, para preencherem uma ficha constando o nome e endereço do adotante. O animal é entregue esterilizado e vermifugado. A instituição irá acompanhar o desenvolvimento do adotado.

Após quase três anos de atuação, a instituição ainda não tem sede própria. Depois de meses de lutas para conseguir um terreno adequado para a construção da sede da associação, a Prefeitura do Crato doou três lotes de um terreno no Bairro Sertãozinho. Lá será erguido um prédio que com sala para a diretoria da associação, clínica veterinária e um abrigo para apenas animais em situação de risco.

O abrigo será também o primeiro da região do Cariri. A expectativa é que até o fim de 2012 o local esteja pronto. A Aprov já está recebendo doações de materiais de construção, visto que, até agora, não há parceria que viabilize a obra.

Mais informações
Associação de Proteção à Vida
(Aprov) - voluntários do Crato que atuam na defesa dos animais www.souprotetor.blogspot.com
Telefone: (88) 8845.3542

Adoção 
90 animais, entre cães e gatos, aguardam adoção no Crato, segundo a Aprov. Os bichos já são entregues vermifugados e castrados para os novos donos

Centro de Zoonose apreende errantes
Mensalmente o Centro de Controle de Zoonoses do Cariri captura cerca de 80 animais. A maioria deles são errantes, que foram abandonados pelos seus proprietários. Grande parte dos bichos apresenta algum tipo de doença e logo precisam ser sacrificados. Os sadios permanecem no Centro de Zoonoses por cinco dias à espera de um adotante. Após esse período, quando a adoção não acontece, o animal é submetido ao sacrifício.

O Centro de Zoonoses não oferece a estrutura necessária para abrigar os animais. Nos canis não existe pisos e paredes adequados, telamentos, nem mesmo limpeza suficiente. A falta de infraestrutura está ocasionando a proliferação de doenças entre os animais.

Para capturar animais que nas ruas, o Centro de Zoonoses conta com apenas um veículo. A busca é feita através de denúncias e solicitações da população. Apesar de atender a 13 Municípios do Cariri, pertencentes ao XX Centro Regional de Saúde (Cres), apenas a Prefeitura do Crato financia os trabalhos. O órgão é mantido exclusivamente com recursos da Secretaria de Saúde do Município, que colabora com ração para a alimentação dos animais e com os medicamentos de anestesias para o sacrifício dos animais. Além das despesas com o pessoal. Com os demais Municípios não existe nenhum tipo de convênio ou parceria que destine algum beneficio ao órgão.

Cada uma das 13 cidades recebe a visita dos agentes, pelo menos uma vez por semana, quando há solicitação. Mas, a grande dificuldade do Centro de Zoonoses é a falta de veículos para retirar os animais das ruas. Em toda a região existem apenas dois Centros de Controle de Zoonoses, o do Crato e outro em Juazeiro do Norte. Todos os procedimentos são realizados de acordo com a resolução 714 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFM). Para os sacrifícios os veterinários utilizam o cloridrato de cetamina, xilazina a 5% para as anestesias. Após essa etapa do procedimento, o animal recebe o cloreto de potássio. A injeção da substância é letal.

Em casos de capturas de animais de grande porte, eles permanecem sob custodia, por um período de três dias, à espera de resgate pelos donos. Se os proprietários não comparecerem para recuperar o animal, ele será submetido à adoção ou leilão. Entretanto, até hoje não houve nenhum leilão.

Multa 
Lei Municipal 1537/1994, prevê multas às pessoas que cometerem infrações leves, graves ou gravíssimas com relação à criação de animais.

Os valores podem variar entre 1 e 30 Unidade Fiscal de Referencia (UFIRs), e em casos de reincidência, a multa é aplicada sobre o dobro do valor da primeira autuação verificada.

YAÇANÃ NEPONUCENA
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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