Veja como Mark Zuckerberg fatura bilhões de dólares usando você como cobaia

Mesmo antes de se tornar uma grande empresa e faturar bilhões de dólares com publicidade, o propósito do Facebook sempre foi permitir que as pessoas "se conectem e compartilhem" com amigos, parentes e conhecidos.

Ao longo dos anos, ao se desenvolver de uma rede aberta apenas a universitários para um serviço com mais de 800 milhões de usuários, a empresa sempre tentou expandir seus recursos, encorajando usuários a compartilhar mais fotos, atualizações, links e música. Alguns dos mais recentes aplicativos disponíveis permitem que pessoas compartilhem automaticamente os artigos noticiosos que leiam ou as canções que estejam ouvindo.

A posição do Facebook é de que as pessoas desejam compartilhar mais, e que a empresa lhes está fornecendo a plataforma de que precisam para isso. O executivo-chefe Mark Zuckerberg afirmou, em um post no blog da empresa: "Nós facilitamos as coisas para que as pessoas se sintam confortáveis ao compartilhar coisas sobre suas vidas reais".

O Facebook, que deve abrir seu capital no ano que vem com possivelmente uma das maiores ofertas públicas iniciais de ações da história, obtém a maior parte de sua receita com publicidade on-line dirigida a seus usuários. Os anúncios que os usuários veem se baseiam nas coisas que eles compartilham no site. O grupo de pesquisa eMarketer estima que o Facebook faturará US$ 3,8 bilhões com publicidade neste ano, em todo o mundo, e que em 2012 o faturamento deve chegar a US$ 5,8 bilhões.

Como empresa de capital fechado cujo foco é criar tecnologia, o Facebook não fez do lucro seu maior objetivo. A empresa adotou a postura de que, quanto mais serviços oferecer, mais atrairá usuários. Quanto mais tempo as pessoas passarem em seu site e quanto mais informações compartilharem sobre si mesmas, mais fácil será para as empresas direcionar sua publicidade. Quanto mais usuários o Facebook atrair, mais pessoas verão os anúncios, e maior será o faturamento publicitário. No entanto, quando abrir seu capital e tiver de responder aos acionistas, os objetivos do Facebook podem mudar.

O Facebook, como o Google e outras empresas cuja fonte principal de receita é a publicidade, direciona anúncios às pessoas com base nos interesses destas. Empresas podem selecionar a que usuários elas desejam exibir sua publicidade --por localização, idade, hobbies ou outros critérios baseados naquilo que uma pessoa compartilhe via Facebook. Por exemplo, uma revista para noivas pode dirigir uma promoção a mulheres que anunciaram noivados no site nos últimos seis meses. Um fabricante de refrigerantes pode exibir seus anúncios a pessoas que "curtem" uma bebida rival. Os anunciantes podem estreitar o foco de definição de suas audiências ainda mais, por exemplo, limitando a veiculação de um anúncio a fãs de futebol americano que vivam na costa oeste dos Estados Unidos. É mais provável que uma pessoa clique em um anúncio que lhe pareça relevante, o que faz do Facebook um verdadeiro tesouro para a publicidade dirigida.

O Facebook diz que já resolveu diversas das questões mencionadas em seu acordo com a agência norte-americana FTC (Comissão Federal do Comércio). Há coisas que não tenha resolvido?

Defensores da privacidade elogiaram o acordo, mas afirmam que é preciso fazer mais para proteger as informações pessoais dos usuários. A União dos Consumidores, uma organização sem fins lucrativos, diz que isso "envia uma forte mensagem às companhias, no sentido de que precisam cumprir as promessas feitas aos consumidores quanto à privacidade".

Chris Conley, pesquisador sobre tecnologia e liberdades civis na ACLU (União Americana pelas Liberdades Civis), diz que o Facebook precisa fazer mais para limitar o acesso de aplicativos externos às informações dos usuários.

"Há controles para restringir o compartilhamento de informações com aplicativos externos, mas eles não são lógicos", diz. Por exemplo, um aplicativo instalado por um amigo de sua lista de Facebook pode ter acesso aos seus dados mesmo que você não o tenha instalado. Ainda que seja possível optar pelo não compartilhamento de certas informações, muita gente não está ciente disso, porque nem está ciente de que está compartilhando alguma coisa com esses aplicativos.

Também há a questão do rastreamento de atividades on-line. O Facebook, como o Google e empresas que anunciam na web, rastreia atividades das pessoas na rede. O Facebook, aponta Conley, rastreia suas atividades mesmo que você não esteja logado ao site naquele momento. Se você visita uma página que tenha um botão de "curtir", o Facebook sabe da visita mesmo que você não use o botão.

De sua parte, o Facebook afirma não usar as informações que recolhe para criar perfis sobre os hábitos de navegação das pessoas, e que não as vende a ninguém.

Mas Conley diz que o desafio é que, embora o Facebook aja assim, há muitos outros interessados --agências policiais, advogados conduzindo processos de divórcio, empresas de mineração de dados (data miners)-- em descobrir aquilo que as pessoas estão fazendo na rede.

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