Transnordestina precisa de R$ 6,7 bilhões para conclusão

Mesmo com frequentes paralisações por problemas ambientais, trabalhistas e desapropriações, a obra da Ferrovia Transnordestina tem avançado no trecho que insere o Estado do Ceará. Orçada inicialmente em R$ 4,5 bilhões, esse orçamento deverá passar por uma reavaliação do Ministério dos Transportes, e chegar a R$ 6,7 bilhões. A ferrovia que ligará os Portos de Pecém, no Ceará e Suape, no Estado do Pernambuco, ao sertão do Piauí, terá 1.728km de extensão.

No estado cearense são cerca de 500km que estão sendo construídos, mas até o momento passa pela fase de finalização o trecho do marco zero, com 96km de extensão, entre Missão Velha, na região do Cariri, e em Salgueiro, em Pernambuco. Desse trecho, 81km estão no Ceará. Segundo funcionários da obra, o trecho está praticamente concluído, e em algumas áreas, eles fazem manutenção, para que a vegetação não tome a ferrovia. O novo canteiro de obras, que se inicia em Missão Velha e vai até o Município de Aurora, de cerca de 50km, foi paralisado na segunda-feira. O lote 1, iniciado para dar segmento à ferrovia, estará paralisado até amanhã. Nesse meio-tempo, devem haver rodadas de negociação entre uma comissão do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias em Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral do Estado do Ceará (Sintepav-CE) e representantes da empresa Odebrecht, responsável pelas obras.

Paralisação
São cerca de 380 trabalhadores que decidiram parar por unanimidade, o que representa, segundo nota da Odebrecht, apenas 3% do total de 9 mil funcionários diretos da obra, limitados ao lote 1. O novo canteiro de obras fica a cerca de 10km do centro de Missão Velha, no Distrito de Quimami.

No local, não há sequer um vigilante. As máquinas estão paradas e foram feitas as primeiras escavações. A assembleia com os trabalhadores foi iniciada em frente à obra. Os trabalhadores optaram pela greve até que suas reivindicações sejam atendidas. A Ferrovia Transnordestina é uma das maiores obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e foi iniciada no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele esteve no Pernambuco e Ceará inaugurando os primeiros 16km da obra, prevista para ser concluída somente em 2012. A meta é que o novo projeto seja responsável pelo transporte de cerca de 40 milhões de toneladas por ano de grãos, minério, gesso, frutas e também combustíveis.

Até o final do ano passado, estava concluído cerca de 80% do trecho entre Salgueiro e Missão Velha. Os novos trilhos da ferrovia lançada por Dom Pedro II estão prontos, com os trilhos novinhos até a proximidade do canteiro sem funcionários.

Dos quase doi mil quilômetros previstos no projeto da ferrovia, que deverá ligar o interior do Nordeste aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE), apenas os trechos Missão Velha-Salgueiro-Trindade, cerca de 250km, estão em obras. A linha, que liga Salgueiro ao Porto de Suape, em Pernambuco, já existe, mas vem sendo reconstruída. Mas os próprios trabalhadores não têm ideia de quando os trilhos serão inaugurados.

De acordo com o projeto, a ferrovia unirá as três pontas mortas do sistema ferroviário do Nordeste - Missão Velha (CE), Salgueiro (PE) e Petrolina (PE), alavancando, assim, o desenvolvimento econômico de diversos setores em sua área de abrangência, especialmente o polo gesseiro do Araripe e o polo agroindustrial de Petrolina e Juazeiro. Também integrará o sistema hidroviário do São Francisco e o sistema rodoviário.

Os trabalhadores estão reivindicando melhorias salariais, plano de saúde estendido aos familiares, entre outros itens.

MAIS INFORMAÇÕES 
Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias em Construção de Estradas (Sintepav-CE): Rua da Assunção, 953, Centro, Fortaleza, (85) 3392.9999

Elizângela santos
Repórter

Fonte: Diário do Nordeste

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