Beto Barbosa se revolta com plebiscito e promete tirar família do Pará; Fafá festeja

Dois artistas paraenses, duas reações sobre o plebiscito que rejeitou a criação dos Estados de Tapajós e Carajás a partir do território paraense. A cantora Fafá de Belém festejou. Já Beto Barbosa, famoso pelo sucesso “Adocica”, ficou amargurado com a derrota da divisão.

Radicado em São Paulo, o cantor prometeu tirar seus familiares do Pará. “Na primeira oportunidade que eu tiver, vou tirar minha família de lá. Saí do Pará há 25 anos e há 20 anos não faço show lá, nem por R$ 1 milhão. Não podemos ser egoístas e impedir as pessoas de crescerem.” ”, disse Barbosa, explicando que a mãe dele ainda mora lá porque sofre de Alzheimer e não tem condições de pegar um voo. “Minha irmã e meus dois sobrinhos também moram em Belém, mas quando minha mãe tiver condições de viajar, todos vão embora do Pará.”

Beto Barbosa se diz revoltado principalmente pela diferença social entre as regiões. “Se Tapajós e Carajás virassem Estado iam crescer e mudar aquela situação de total carência das pessoas que moram naquela região. É inadmissível saber que existem pessoas que ainda moram em palafitas, sem banheiro, sem médicos e tem de enfrentar dias de barco, doentes para um socorro, que muitas vezes não têm. Não tenho do que me orgulhar do Pará dessa forma que está. Tenho pena do povo e, não só como paraense, mas como cidadão brasileiro, não posso ficar calado e deixar que o Estado continue nesse atraso”, completou o cantor de sucesso nos anos 80.

Ele afirma que vai continuar na campanha pela divisão do Estado. “Nasci em Belém e uso minha voz para fazer a voz do Pará esquecido, carente e desassistido. Continuo fazendo parte dos 35% que querem a divisão daquele Estado, que quer a independência.”

Beto Barbosa classifica o Pará como um “barril de pólvora” violento e desordenado. “Num país democrático como o nosso não poderia existir um Estado tão grande em território porque o povo fica desassistido de tudo, onde o atraso e a corrupção predominam. Vejo a decadência do Pará e do seu povo sofrido, que agora vão sofrer nas mãos desses políticos que continuam a se revezar no poder.”

O cantor rebateu uma das alegações dos antisseparatistas de que a criação de Tapajós e Carajás iria onerar a União. “O que onera hoje no nosso país é sustentarmos a corrupção. O brasileiro e o paraense têm de abrir os olhos e ter consciência política para saber votar nas pessoas certas para que o Estado cresça. O exemplo disso é o Ceará, que há 20 anos vivia outra realidade e hoje se transformou numa potência no turismo. O cearense soube eleger novos governantes, que alavancaram a economia do Estado com o turismo”, disse o cantor, que morou no Ceará e disse que nasceu em Belém “por um acidente de percurso. Desse jeito não tenho do que me orgulhar do Pará.”

Já a cantora Fafá de Belém viu com muita esperança o resultado do plebiscito e reforçou que espera que a população, que teve a consciência de que a separação seria ruim para o Pará, saiba nas próximas eleições escolher melhor os governantes. “Esse ‘não’ mostra que as pessoas ficaram conscientes da importância de estar juntas. Todos os intelectuais paraenses e amazônicos foram unânimes na campanha do ‘não’, pois entendemos que esse plebiscito focava o interesse de poder pessoal e político-socioeconômico “, afirmou a conhecida “musa das Diretas Já”. Ela, que chorou em spot publicitário da campanha do “não”, estranhou o clima emocional anterior à votação. 

“Eles apostaram no ódio para a divisão de um povo para que o paraense se sentisse desvalorizado, mas tivemos maturidade de entender que unidos é que conseguiremos mudar essa exclusão social. Sozinhos, iríamos perder forças. Continuo emocionada com a nossa vitória, que viu como um esquartejamento a separação do Pará e agora, juntos, vamos cobrar uma nova maneira de gerir o Estado.”

Fafá disse que agora se sente preocupada com o acirramento entre os paraenses que querem a separação e não conseguiram. “Espero que esse ódio pregado na campanha não contagie os paraenses e que eles se unam para que juntos possam ter mais forças para cobrar uma mudança. Unidos sempre seremos mais fortes”, falou.


Fonte: UOL

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