Junta Militar propõe consulta popular sobre transferência de poder no Egito

A Junta Militar que governa o Egito desde a queda do presidente Hosni Mubarak, em fevereiro, anunciou nesta terça-feira (22) a realização de uma consulta popular para decidir se o povo egípcio quer que os militares abandonem o poder imediatamente. 

O anúncio foi feito pelo presidente do Conselho Supremo das Forças Armadas, Mohamed Hussein Tantawi, que fez uma declaração à população pela televisão.
 

Os manifestantes que lotam a praça Tahir responderam com gritos de “fora, fora” ao discurso, demonstrando que não foram convencidos pela proposta militar. Tantawi disse que a Junta Militar “está disposta a entregar imediatamente a responsabilidade e voltar à sua missão original de proteger a nação se assim o povo desejar e manifestar em um referendo”.

Disse ainda que as eleições presidenciais serão realizadas até 30 de junho do ano que vem, sem especificar em que data ocorreria a transferência de poder. E ressaltou que os militares não querem poder. “As Forças Armadas, representadas pelo Conselho Supremo, não aspiram a governar e colocam o interesse supremo do país sobre todas as outras considerações”.
 
Ele também fez críticas, acusando “alguns” de tentarem levar a Junta Militar ao confronto. “As Forças Armadas rejeitam qualquer tentativa de prejudicar sua reputação”, disse. “Nunca tomamos decisões políticas de forma unilateral. Sempre consultamos os poderes políticos. Desde o começo iniciamos um processo político para entregar o poder a uma autoridade civil”. Em reunião realizada nesta terça, no Cairo, com a participação dos principais partidos e do vice-presidente do Conselho Supremo das Forças Armadas, Sami Anan, além da Irmandade Muçulmana, a força política mais organizada do Egito, a junta Militar decidiu formar um governo de “união nacional” para tentar conter a violência nas ruas. As decisões também não tiveram boa aceitação dos manifestantes.
 
Estas medidas foram anunciadas paralelamente à grande manifestação que acontece na praça Tahrir, no Cairo e em outras cidades do Egito, como Ismailia, Port Said, Suez, Luxor e outras localidades da Península do Sinai, pedindo a saída da Junta Militar e uma transferência de poder rápida a um representante civil.
Segundo a rede "Al Jazeera", após o anúncio das reformas, os manifestantes disseram que permanecerão na praça. No próximo dia 28, os egípcios elegem um novo Parlamento, o que não acontecia desde que Hosni Mubarak assumiu o poder no país, em 1981.
 
Fonte: UOL


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