Coletivo lançará 39 mil cordéis com arte e política

 A história da Organização Não Governamental Coletivo Camaradas, que atua neste Município, será contada em cordéis. O grupo irá lançar 39 mil livretos com temáticas que dizem respeito à concepção estética e artística do grupo. A publicação será possível através do projeto Cordel Engajado, que foi contemplado pelo Prêmio Literatura de Cordel Patativa do Assaré, desenvolvido pelo Ministério do Cultura.

A proposta do Coletivo Camaradas consiste na publicação de 13 títulos de cordéis, sendo três mil exemplares de cada um. As temáticas escolhidas abordam são "O que esses camaradas defendem", "Diversidade musical", "Teatro político", "Confluência das artes", "Arte e cidade", entre outros.

O projeto pretende compreender historicamente, o cordel como instrumento que possibilitou o acesso à informação, "causos" e denúncias das camadas populares. Além de inserir o habito da leitura durante várias gerações. A ideia é popularizar alguns temas que ainda estão no campo da intelectualidade. Para convocar os escritores, já foi iniciada uma chamada pública que deverá atrair cordelistas de todos os Estados, principalmente da Região Nordeste, onde o tipo de literatura é mais frequente. Além dos 13 temas, deverão ser republicados os cordéis de Salete Maria e Hamurabi Batista, os quais abordam o assunto Coletivo Camaradas.

Há 20 anos, a Academia de Cordelistas do Crato está instalada no Município. Já publicou mais 700 mil títulos. A instituição irá promover no próximo mês de dezembro, o III Seminário do Verso Popular. O evento vai reunir todos os membros, pesquisadores do cordel, poetas do verso popular, estudantes, professores e apologistas.

Linguagem marginal 
Haverá também uma exposição sobre a atuação da Academia e um planejamento de ação para os dez anos vindouros. Os membros da instituição serão convidados a fazer parte integrante do Cordel Engajado, como também os que fazem parte do Grupo de Cordelistas Malditos, escritores que usam uma linguagem marginal e diferenciam-se por fugir das formas tradicionais do cordel.

Para educar, possibilitar que artistas e professores de arte se familiarizem com os temas que estão relacionados à arte engajada, o grupo Coletivo Camaradas considera o projeto como produção que possibilita a huma-nização dos leitores.

O trabalho é feito sem, necessariamente, abordar questões de ordem política, mas que estão relacionadas à condição humana. O projeto custará aproximadamente R$ 6 mil. O dinheiro já está disponível, falta apenas que os cordelistas iniciem a produção.

Ensino nas escolas 
O diferencial do projeto está na produção da arte engajada, que o coordenador do Coletivo Camaradas, Alexandre Lucas, acredita ser o principal objetivo da proposta. "Queremos disseminar a estética do nosso grupo, que é pensar a arte colaborativa, coletiva, interativa e inclusiva. Esse projeto possibilita isso. A gente pretende tornar esse material como instrumento de apoio do ensino nas escolas públicas. Pois, não é possível produzir arte fora da vida, a gente compreende que ela tem esse diálogo constante com as realidades sociais", revela.

Todo o material publicado deverá ser disponibilizado virtualmente na página do Coletivo Camaradas. Os cordelistas interessados deverão encaminhar as propostas, juntamente com os dados pessoais dos autores para o e-mail coletivocamaradas@gmail.com. O prazo para a realização das inscrições é até o dia 15 de dezembro. Cada um dos escritores que tiverem suas propostas aprovadas pelo projeto receberão mil cordéis. Eles não serão recompensados financeiramente, mas ficam livres para distribuição gratuita ou vendida de suas novas obras.

A distribuição dos 39 mil livretos será direcionada, feita através das atividades educadoras do Coletivo. O grupo tem, em média, 30 membros que irão disseminar a cultura a partir dos encontros, seminários e rodas de conversas, atividades realizadas constantemente. A previsão é que o material esteja pronto até janeiro de 2012. A expectativa é que os cordéis ampliem a concepção estética e artística, relacionada à arte como instrumento de educação, empoderamento político e de criação.

Segundo o cordelista e compositor Francisco Saraiva, o projeto é um forma de também divulgar o potencial do poetas cratenses e as realizações dos grupos que produzem cultura na região. "É sempre bom ser contemplado com um projeto como esse. Já imaginou quantas pessoas vão ter acesso à leitura? Isso representa mais cultura para a nossa região, espero que os títulos sejam bem utilizados e distribuídos", avalia. Desde já, a ONG aguarda as propostas dos cordelistas para os temas serem reproduzidos no formato da já conhecida literatura popular.

Temas 
13 temáticas diferentes serão abordadas na nova coleção de cordéis do Coletivo Camaradas, com três mil exemplares cada uma. ONG aguarda propostas dos escritores de todo o País

MAIS INFORMAÇÕES
Coletivo Camaradas
Praça Dr. Joaquim Fernandes Teles
S/N, Bairro Pimenta, Crato
Telefone: (88) 3102.1272

Yaçanã Neponucena
Repórter

Fonte: Diário do Nordeste

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