Conhecida na história do Ceará como a beata Maria de Araújo, foi protagonista, em 1889, do chamado Milagre do Juazeiro: ao receber a hóstia numa comunhão oficiada pelo Padre Cícero, a beata foi incapaz de engoli-lá, transformando a sagrada partícula em sangue. O fato foi decisivo para a construção do significado religioso e mítico do Padre Cícero Romão Batista.
De origem humilde, negra e analfabeta, Maria de Araújo teve uma infância muito sofrida, dividida entre o trabalho e a oração. A fiação do algodão e a confecção de bonecas de pano para venda eram atividades que se dedicava para sobreviver. Como perdeu os pais muito cedo, ela foi morar na casa de Padre Cícero, onde passou a vestir o hábito de beata.
O fenômeno vivenciado por Maria de Araújo lhe trouxe muitos sofrimentos e humilhações. A beata teve que passar por vários "julgamentos" realizados pela comissão de inquérito da Igreja Católica, que duvidava do suposto milagre. O resultado foi o afastamento de Padre Cícero de sua função religiosa, e o enclausuramento de Maria na casa de Caridade do Crato. Além disso, a Igreja Católica proibiu que se falasse no assunto, sendo contrária ao qualquer tipo de referência a "santidade" da beata. Em 1930, o túmulo de Maria de Araújo foi violado, e seus restos mortais desapareceram.
Espetáculo
De origem humilde, negra e analfabeta, Maria de Araújo teve uma infância muito sofrida, dividida entre o trabalho e a oração. A fiação do algodão e a confecção de bonecas de pano para venda eram atividades que se dedicava para sobreviver. Como perdeu os pais muito cedo, ela foi morar na casa de Padre Cícero, onde passou a vestir o hábito de beata.
O fenômeno vivenciado por Maria de Araújo lhe trouxe muitos sofrimentos e humilhações. A beata teve que passar por vários "julgamentos" realizados pela comissão de inquérito da Igreja Católica, que duvidava do suposto milagre. O resultado foi o afastamento de Padre Cícero de sua função religiosa, e o enclausuramento de Maria na casa de Caridade do Crato. Além disso, a Igreja Católica proibiu que se falasse no assunto, sendo contrária ao qualquer tipo de referência a "santidade" da beata. Em 1930, o túmulo de Maria de Araújo foi violado, e seus restos mortais desapareceram.
Espetáculo
A trajetória da beata Maria de Araújo serviu de inspiração para o diretor e dramaturgo cearense Ricardo Guilherme escrever seu espetáculo homônimo. O projeto foi especialmente produzido para a 13ª Mostra Sesc Cariri de Culturas, em homenagem ao centenário de Juazeiro do Norte. A estreia aconteceu no último domingo, no Teatro Sesc do Crato, e contou com a presença de massiva de um público bem diversificado.
Em cena, Ricardo Guilherme e a atriz Maria Vitória deram vida ao drama vivido pela beata em meados do século XIX. Sentada de frente para o público, com as costas voltadas para uma enorme sombra ameaçadora (interpretada pelo próprio diretor), a atriz encarnava uma Maria frágil, pequenina, sofrida pelos maus tratos da existência, mas forte em sua fé em Deus.
A sombra, que simboliza a comissão de inquérito da Igreja Católica, solicitada para desmascarar o milagre, se serve a questionar a beata, num jogo voraz e cruel movido por ameaças e cinismos. O público envolvido pela atmosfera dramática, compõe a construção cênica do espetáculo, como se fossem testemunhas oculares desse tribunal cujo julgamento já tem um fim anunciado.
Com brilhantismo e criatividade, Ricardo Guilherme desenvolve uma narrativa que, embora nossa conhecida, traz à tona velhos questionamentos. Mas, antes de se prender a veracidade ou não do ocorrido, o espetáculo se destaca pelo seu teor humano. A final estamos diante do sofrimento de uma mulher pobre, que se vê acuada (quase engolida) pela burguesia de uma época. Uma mulher sem direitos por sua origem negra e sua classe social, Vista e tratada como uma aberração pelos olhos dos detentores do poder.
Maria de Araújo, assim, como tantas outras Marias, que vivem, ou melhor, sobrevivem, dia após dia na vastidão e na aridez causticante do sertão nordestino. Na maioria das vezes, sem direito à educação, à saúde e ao lazer. Sem identidade e sem sossego. Conhecendo apenas dor e sofrimento nesta vida "Severina", até o último suspiro, onde, finalmente, tudo vira poeira, segue-se outras sinas e se nascem outras Marias...
Mostra
Em cena, Ricardo Guilherme e a atriz Maria Vitória deram vida ao drama vivido pela beata em meados do século XIX. Sentada de frente para o público, com as costas voltadas para uma enorme sombra ameaçadora (interpretada pelo próprio diretor), a atriz encarnava uma Maria frágil, pequenina, sofrida pelos maus tratos da existência, mas forte em sua fé em Deus.
A sombra, que simboliza a comissão de inquérito da Igreja Católica, solicitada para desmascarar o milagre, se serve a questionar a beata, num jogo voraz e cruel movido por ameaças e cinismos. O público envolvido pela atmosfera dramática, compõe a construção cênica do espetáculo, como se fossem testemunhas oculares desse tribunal cujo julgamento já tem um fim anunciado.
Com brilhantismo e criatividade, Ricardo Guilherme desenvolve uma narrativa que, embora nossa conhecida, traz à tona velhos questionamentos. Mas, antes de se prender a veracidade ou não do ocorrido, o espetáculo se destaca pelo seu teor humano. A final estamos diante do sofrimento de uma mulher pobre, que se vê acuada (quase engolida) pela burguesia de uma época. Uma mulher sem direitos por sua origem negra e sua classe social, Vista e tratada como uma aberração pelos olhos dos detentores do poder.
Maria de Araújo, assim, como tantas outras Marias, que vivem, ou melhor, sobrevivem, dia após dia na vastidão e na aridez causticante do sertão nordestino. Na maioria das vezes, sem direito à educação, à saúde e ao lazer. Sem identidade e sem sossego. Conhecendo apenas dor e sofrimento nesta vida "Severina", até o último suspiro, onde, finalmente, tudo vira poeira, segue-se outras sinas e se nascem outras Marias...
Mostra
Após seis dias de intensa programação, dividida em núcleos de literatura, artes cênicas, audiovisual, tradição, arte visual e música, a 13ª Mostra Sesc Cariri de Culturas encerra suas atividades, hoje, com os shows dos músicos Daniel Peixoto (ex-Montage) e Marcelo Jeneci. Previsto para as 23 horas, na Praça Padre Cícero, em Juazeiro do Norte.
Durante esses dias, a Mostra reuniu espetáculos nacionais e internacionais, dança, exposições, shows, instalações, rodas literárias, performances poéticas e mostras de cinema e vídeo, envolvendo a participação de mais de 700 artistas. Além das cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Nova Olinda (os principais polos de concentração do evento), a edição deste ano também se estendeu para outras 20 cidades da região do Cariri.
Durante esses dias, a Mostra reuniu espetáculos nacionais e internacionais, dança, exposições, shows, instalações, rodas literárias, performances poéticas e mostras de cinema e vídeo, envolvendo a participação de mais de 700 artistas. Além das cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Nova Olinda (os principais polos de concentração do evento), a edição deste ano também se estendeu para outras 20 cidades da região do Cariri.
Ana Cecília Soares
Fonte: Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário