1º dia de ação na Rocinha tem 4 presos, armas e drogas apreendidas

No primeiro dia de Operação Choque de Paz, que resultou na ocupação da polícia nas favelas da Rocinha, do Vidigal e da Chácara do Céu, na zona sul do Rio, 38 armas foram apreendidas, além de rojões, granadas e drogas.

Até as 18h deste domingo (13), a polícia tinha detido quatro pessoas, de acordo com a Secretaria de Segurança do Estado. A grande quantidade de munições apreendidas chamou a atenção: foram 16.066 balas para armas de diversos calibres.
Os policiais também encontraram duas centrais clandestinas de TV a cabo, serviço controlado por Antônio Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico na Rocinha, preso na noite da última quinta-feira (10).

Veja o balanço final do domingo:

Quatro presos

Armas apreendidas
20 pistolas
15 fuzis
1 submetralhadora
2 espingardas
20 rojões
3 granadas
16.066 balas para armas de calibres diversos
7 lunetas
102 carregadores de fuzil; 56 carregadores para outras armas

Drogas apreendidas
112 kg de maconha, 80 tabletes de maconha
60 kg de pasta base de cocaína
145 trouxinhas de maconha
14 tabletes de cocaína
75 motos e uma picape Toyota Hilux

Outras apreensões: 17 máquinas caça-níqueis, 1 pistola desmontada, 1 réplica de pistola, 1 notebook, 1 iPod, 1 câmera digital, 61 bombas artesanais, 2 rádios transmissores, 1 barraca de camping, 1 capa de colete, 1 farda do Exército, 1 camisa da Polícia Civil e material hospitalar


MADRUGADA DE DOMINGO 
A ocupação da comunidade da Rocinha pela polícia começou na madrugada deste domingo (13). Moradores disseram que o início da operação foi tranquilo. Segundo depoimentos, ouvia-se apenas o som constante dos blindados da Marinha e dos helicópteros que sobrevoaram a comunidade durante o dia todo. Ao todo, 18 blindados da Marinha foram utilizados na operação. O mais pesado deles, um modelo Clanf (carro lagarta anfíbio), pesa 22,6 toneladas e tem capacidade para transportar 25 pessoas. Em geral, ele é usado para levar fuzileiros de navios para a terra. Além dele, a Marinha usou o M-113 e o Mowag Piranha.

Em frente ao 23º Batalhão de Polícia Militar, no Leblon, na zona sul, local que concentrou o comando da operação de ocupação, os veículos impressionaram os moradores das comunidades. "Não é todo dia que vemos esses tanques assim tão perto. Ele queria ver e eu trouxe o menino", contou o porteiro Marcos Antônio Silva, morador da Rocinha, que levou o filho Marcos Vinícius, 12, para tirar fotos ao lado dos taques.

Após pedir autorização aos policiais do batalhão, ele usou a câmera do celular para fazer o registro. Já o menino sabia o que faria com a foto. "Com certeza ela vai agora para o meu Facebook", brincou. A polícia comemorou o fato de a operação não registrar nenhum incidente entre as forças de segurança e os moradores das comunidades.

"Eu estava com muito medo, mas não aconteceu nada, graças a Deus. Só as crianças, que estranharam dormir comigo e ficavam o tempo todo perguntando se a polícia ia entrar, se ia bater neles", disse Cássia Cristina Silva, 25, que dormiu com os quatro filhos no quarto e acordou com os helicópteros.
As aeronaves da polícia sobrevoaram a comunidade da Rocinha e lançaram panfletos com os dizeres "sua comunidade está sendo pacificada". No papel, havia e-mail e números de telefone para que os moradores denunciassem traficantes, esconderijos de armas e drogas.

A chefe da Polícia Civil no Rio, Martha Rocha, também fez um apelo às mulheres que moram nas favelas para que indicassem ações criminosas dos traficantes. "Mãe, avós, trabalhadoras, nos ajudem a combater o crime", disse. O contingente da Polícia Federal deve permanecer no Rio de Janeiro o tempo que for solicitado pelo governador Sérgio Cabral e pelo secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, afirmou neste domingo o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Cardozo elogiou a ocupação desencadeada nas três favelas do Rio --Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu. "Foi uma operação exemplar."

Para o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, a operação de ocupação deste domingo acabou com o "jugo do fuzil" na favela da Rocinha. Ele se referia ao controle dos traficantes sobre os moradores da comunidade. Uma bandeira do Brasil e outra do Estado foram hasteadas no alto da favela da Rocinha, zona sul do Rio, por volta das 12h50. O hasteamento --símbolo da tomada da favela pelas forças de segurança-- ocorreu na localidade conhecida como curva do S.

Sites de notícias internacionais como o espanhol "El País", a rede de TV norte-americana CNN e o britânico "Guardian", entre outros, repercutiram a Operação Choque de Paz, o primeiro passo para a instalação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) nas comunidades. A Rocinha se destaca particularmente por ser uma das maiores do Rio e sua pacificação é chave para a política de segurança da gestão do governador Sérgio Cabral (PMDB).

Fonte: UOL

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