Cápsulas de ômega-3 não trazem benefícios à saúde, dizem cientistas

Cápsulas de ômega-3 não oferecem benefícios cardiovasculares, como a proteção contra ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (AVC) ou morte prematura. A conclusão é da organização Cochrane, que realizou testes com mais de 112 mil pessoas, a pedido da Organização Mundial de Saúde (OMS), que está atualizando suas orientações sobre gorduras poliinsaturadas.

A ômega-3 é encontrada em peixes oleosos, como salmão e óleo de fígado de bacalhau. Esses alimentos contêm as gorduras de cadeia longa, chamadas ácido eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosa-hexaenoico (DHA). Nozes e sementes possuem outro tipo de ômega-3, chamado ácido alfa-linolênico (ALA).

"Podemos confiar nesta revisão, que vai contra a crença popular de que os suplementos de ômega-3 de cadeia longa protegem o coração", disse a autora do estudo, Lee Hooper, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido. “A análise incluiu informações de milhares de pessoas durante longos períodos. Apesar de termos muitos dados, não encontramos efeitos de proteção”.

Os pesquisadores examinaram 79 testes aleatórios de ômega-3, dos quais 25 foram considerados altamente confiáveis. Foram recrutados homens e mulheres da América do Norte, Europa, Austrália e Ásia. Alguns participantes eram saudáveis e outros tinham doenças, as quais não foram especificadas.

Uma parte das pessoas seguiu a dieta normalmente, enquanto outro grupo tinha que consumir ômega-3 diariamente, por quase um ano. O estudo ainda analisou quais os efeitos da ingestão de peixes oleosos e da substância ALA (encontrada em nozes).

Segundo o relatório, os suplementos de óleo de peixe não fizeram diferença para o risco de morte, ataques cardíacos ou derrames. Comer mais alimentos com ômega-3 do tipo ALA apresentou um pequeno benefício, mas a redução nos problemas cardiovasculares foi muito pequena.

A ideia de que suplementos de ômega-3 poderiam proteger contra as doenças cardiovasculares veio de análises positivas realizadas no final dos anos 80 e início dos 90. "Todos nós acreditávamos nisso há um bom tempo", falou Lee. “Mas nenhum dos testes mostrou esses resultados efetivamente. De alguma forma, não nos adaptamos à esses dados.”

De acordo com Lee, não há provas suficientes para mostrar se a ingestão de peixes oleosos é ou não benéfica. Contudo, ela acredita que seja bom para a saúde por outros motivos. “O iodo, o selênio, o cálcio e a vitamina D estão em níveis altos e menos comuns em outros alimentos que os peixes podem substituir”, ela comentou.

Tim Chico, professor de medicina cardiovascular da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, disse que é improvável que qualquer alimento da dieta possa, sozinho, prevenir doenças cardiovasculares. "Embora algumas dietas estejam ligadas à um menor risco de doenças cardíacas, quando tentamos identificar o elemento benéfico da dieta e fornecê-lo como suplemento, geralmente ele tem pouco ou nenhum benefício", ele informou. “Para quem quer reduzir o risco de doenças cardíacas, aconselho gastar seu dinheiro com vegetais."

Fonte: Galileu (Com informações do The Guardian) 

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